sábado, 16 de dezembro de 2017

ÁFRICA DO SUL: ANC DIVIDIDO ELEGE NOVO LÍDER

Bildkombo Nkosazana Dlamini-Zuma und Cyril Ramaphosa
Congresso Nacional Africano está reunido em Joanesburgo para decidir quem sucede a Jacob Zuma na liderança. O partido enfrenta uma das maiores crises desde que chegou ao poder, em 1994.
 
O Congresso Nacional Africano, um dos maiores movimentos de libertação em África, está dividido e tem a liderança enfraquecida do Presidente Jacob Zuma, que termina o seu segundo mandato envolvido em diversas denúncias de corrupção.
 
A corrida à nova liderança do ANC disputa-se entre o vice-Presidente, Cyril Ramaphosa, e a ex-esposa de Zuma e ex-presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma.
 
Eleição renhida
 
Cinco das nove províncias do país estão a apoiar Dlamini-Zuma. Por sua vez, os parceiros da aliança do ANC, o Congresso dos sindicatos sul-africanos e o Partido Comunista, apoiam Ramaphosa, assim como a Liga de Veteranos do ANC. A Liga Feminina e a Liga da Juventude do ANC estão com Nkosazana Dlamini-Zuma.
 
Ramaphosa está confiante no sucesso da conferência e acredita que o encontro será pacífico. "Estou feliz com os processos de nomeação", afirma. "Haverá muita camaradagem nesta conferência, à medida que avançarmos para eleger os líderes do ANC e adotar as políticas do partido".
 
 Nkosazana Dlamini-Zuma und Ehemann Jacob Zuma Jacob Zuma e Nkosazana Dlamini-Zuma
 
O vice-Presidente deixou claro que uma das suas principais tarefas – se eleito – será combater efetivamente o desemprego, a pobreza e a desigualdade que assolam o país. 
 
A sua rival – Dlamini-Zuma, ex-presidente da Comissão da União Africana, que tem a imagem ligada a do Presidente Jacob Zuma, apresentou um novo slogan – Transformação Económica Radical – numa tentativa de ganhar apoio.
 
"Se eu ganhar, vou envolver todos os jogadores e explicar-lhes quais são os desafios e dizer-lhes como sul-africanos patriotas quais são as soluções", promete. "É assim que vemos as coisas no ANC".
 
Duelo divide sul-africanos
 
O analista político Lesiba Teffo diz que tanto Ramaphosa quanto Dlamini-Zuma são líderes capazes, mas mostra-se preocupado com a imagem de corrupção que paira sobre o ANC."Eles usam os privilégios e a política para enriquecer. Seriam pessoas comuns se não estivessem no ANC. Talvez alguns deles passariam por cima dos cadáveres dos antigos companheiros para chegar onde estão", considera.
 
Nas ruas, os cidadãos estão divididos sobre que liderança será melhor para o país.
 
Sipho Tabethe, residente em Joanesburgo,  aposta em Cyril Ramaphosa, que considera ser "a pessoa com melhor histórico": "Em termos de criação de empregos, unidade e confiança, Cyril será um candidato muito melhor para liderar o país no futuro".
 
Já o empresário Duduzu Ndlovu  gostaria que Nkosazana Dlamini-Zuma fosse presidente. "Ela tem sido uma boa líder. Penso que fará um bom trabalho e é a melhor candidata neste momento".
 
Mas há também quem não confie em nenhum dos dois. É o caso de Sizwe Dlamini: "Não tenho qualquer confiança nestas duas pessoas. E também não confio na actual liderança do ANC. Em 2019, não vejo o ANC surgir como um partido maioritário. O melhor que pode acontecer é um Governo de coligação".
 
Independentemente de quem sair vencedor dos cinco dias do Congresso do ANC, sabe-se já que terá uma tarefa gigantesca pela frente: o resgase da economia e o apaziguamento no seio do partido. O novo líder também deverá ser o candidato do partido nas presidenciais em 2019.
 
Fonte: DW África