sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Opinião: RELAÇÕES ENTRE A CHINA E A GUINÉ-BISSAU NO NOVO PONTO DE PARTIDA HISTÓRICO

Entre os dias de 18 e 24 de Outubro de 2017, foi realizado em Beijing com grande sucesso o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), que é um congresso de grande importância como um marco do início da nova era. O congresso conforma-se com as necessidades da época e une o consenso de todas as partes, desenhando uma “carta piloto” para o desenvolvimento futuro da China e demonstrando a responsabilidade da China pela promoção do desenvolvimento humano, o que terá influências aprofundadas tanto para a China como para o mundo.
 
O congresso propõe a nova posição histórica do desenvolvimento da China, ou seja, o socialismo com características chinesas entra na nova época. Indica que a principal contradição da sociedade chinesa já se transformou na contradição entre as crescentes demandas do povo por uma vida melhor e o desenvolvimento desequilibrado e insuficiente. Afirma que o Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época é um pensamento de orientação que o PCCh deve seguir por longo prazo. Elabora claramente o horário e o roteiro para a construção integral de uma potência socialista modernizada. Não só dispõe concretamente a meta de luta até o centenário da fundação do PCCh, mas também planeia detalhadamente a meta de luta até o centenário da fundação da nova China, isto é, a paritr de agora até o ano de 2020, a conclusão de construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, de 2020 a 2035, a realização básica da modernização socialista e, de 2035 até meados do século corrente, a transformação da China numa potência socialista modernizada que é próspera, forte, democrática, culturalmente avançada, harmoniosa e bela. No congresso elegeu-se também o novo colectivo de liderança do PCCh. Esse novo colectivo de liderança do Comité Central do PCCh, com Xi Jinping como o núcleo, transbordante de auto-confiança e determinado em avançar, guiará o povo chinês para realizar o Sonho Chinês de grande revitalização da Nação Chinesa.
 
Os últimos cinco anos, desde o 18º Congresso Nacional do PCCh, têm sido extraordinários no processo de desenvolvimento do PCCh e do Estado. A economia nacional manteve um crescimento a um ritmo médio-alto com a taxa média de crescimento de 7,2%, permitindo situar-se na vanguarda entre os principais países no mundo. O Produto Interno Bruto da China aumentou de 54 trilhões de yuan para 80 trilhões de yuan, permanecendo firmemente no segundo lugar do mundo, com uma taxa de contribuição de mais de 30% para o crescimento da economia mundial. Tem-se levado, de uma maneira profunda, a reforma estrutural do lado da oferta e tem-se aprimorado constantemente a estrutura económica. O sector terciário ocupa uma metade da economia nacional e o consumo transformou-se no impulsionador principal do crescimento económico. A desigualdade no desenvolvimento entre zonas urbanas e rurais tem diminuído continuamente. Mais de 60 milhões de chineses livraram-se da pobreza de forma sólida e a taxa de ocorrência de pobreza diminuiu de 10,2% para menos de 4%. A situação de emprego melhorou constantemente, com a criação média anual de 13 milhões de novos postos de trabalho nas cidades e vilas, o que equivale a 25 novos postos por minuto.
 
Nos últimos cinco anos, a China lançou mais de 1500 medidas de reformas. A taxa de cancelamento e descentralização dos assuntos administrativos de aprovação de todos os departamentos do Conselho de Estado superou a de 40%. Agilizou-se ainda mais a administração e reduziram-se ainda mais os impostos e encargos. O empreendedorismo e a inovação popularizados tornaram-se como práticas comuns. Na primeira metade do ano corrente, dezasseis mil empresas foram recém-registadas diariamente. O Estado forneceu um maior apoio para a inovação tecnológica. No ano de 2016, as despesas das verbas de desenvolvimento de pesquisas e de testes somaram um trilhão e 567,7 mil milhões de yuan, o que correspondeu a um aumento de 52,2% em comparação com o ano de 2012. Novos produtos tecnológicos surgiram ininterrompidamente. A China lançou com sucesso o primeiro satélite para experiência de ciência quântica do mundo “Mozi” e fabricou o seu primeiro computador quântico e o seu primeiro porta-aviões. O nave espacial de carga não tripulada de “Tianzhou-1” foi lançado e acoplou com êxito no laboratório espacial “Tiangong-2”, concluindo o abastecimento no espaço. A nova geração do jato de passageiros completamente desenvolvido na China C919 conseguiu o seu primeiro voo. A maior radiotelescópio esférico do mundo “FAST” foi estabelecida.
 
De acordo com as reportagens do jornal inglês Financial Times, a moda de inovação tecnológica proveniente da China está a guiar a mudança do mercado tecnológico internacional. Com o spillover contínuo da economia chinesa, as tecnologias que se amadureceram na China, como por exemplo, a tecnologia digital, o pagamento móvel e a economia compartilhada, estão a espalhar-se por mais lugares do mundo. Há pouco tempo, os jovens provenientes de vinte países da Iniciativa “Um Cinturão e Uma Rota” seleccionaram as novas “Quatro Grandes Invenções” da China, as quais são respectivamente o caminho de ferro de alta velocidade, o Alipay, o sistema de bicicletas públicas e a compra online. Cada vez mais pessoas começam a notar a função guiadora das empresas da Internet da China para a tendência internacional de tecnologia.
 
Nos últimos cinco anos, a China impulsionou plenamente a diplomacia de um grande país com características chinesas e estabeleceu uma disposição diplomática onidireccional, multifacetada e tridimensional. Foi posta em prática a iniciativa da construção conjunta de “Um Cinturão e Uma Rota”, foi sugerido e fundado o Banco Asiático de Investimento em Infra-Estrutura, criou-se o Fundo da Rota da Seda. A China patrocinou o primeiro Fórum da Cooperação Internacional de “Um Cinturão e Uma Rota”, a Reunião Não Oficial de Líderes da Cooperação Económica Ásia-Pacífica, a Cúpula do G20 em Hangzhou, a Cúpula do BRICS em Xiamen e a Cúpula da Conferência sobre Interação e Medidas de Construção da Confiança na Ásia. Secretário-Geral do PCCh Xi Jinping formulou a grande proposta de formar uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade e propôs o estabelecimento do novo modelo das relações internacionais com o núcleo de cooperação e benefício mútuo, fornecendo a inteligência e o plano chineses para a reforma e construção do sistema de governança global e recebendo a resposta ampla e repercussão positiva da comunidade internacional.
 
A concepção da comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade provém do sentimento de “Tianxia (o mundo inteiro)” que sempre perdura apesar das vicissitudes da história da civilização chinesa. Esse sentimento já foi integrado há muito tempo no “gene” da cultura chinesa e começa a receber cada vez mais suportes e reconhecimentos a nível internacional. Há mais de 2300 anos, Mêncio, grande filósofo e pedagogista chinês no Período dos Estados Combatentes, disse, “uma grande pessoa deve aperfeiçoar-se quando está na miséria e aperfeiçoar o mundo inteiro quando alcançar o sucesso.” O poeta inglês John Donne do século XVII disse, “nenhuma pessoa é uma ilha, inteira de si próprio. Cada pessoa é uma peça de um continente, uma parte do principal. A morte de cada pessoa diminui-me porque estou envolvido na humanidade.” Existe em África uma palavra antiga “Ubuntu”, que significa “humanidade para os outros” ou “sou o que sou por causa daquele que todos nós somos”.
 
Apesar das diferenças dos tempos e espaços, todos esses pensamentos, tanto nos dias do passado como nos dias de hoje, tanto na China como nos outros países, são interligados e exprimem ideias semelhantes. Todos os seres humanos vivem numa mesma aldeia global e todos os países são cada vez mais interdependentes e compartilham o mesmo futuro, formando uma comunidade com um futuro compartilhado com a participação e a colaboração de todas as partes. Nenhum país é capaz de lidar solitariamente com os desafios que os seres humanos enfrentam ou é capaz de retroceder para a “ilha isolada” por si mesmo. Todos os países no mundo precisam de colaborar um com o outro com um espírito responsável, mantendo e promovendo em conjunto a paz e o desenvolvimento mundial.
 
Há um provérbio africano: “Se quiser andar depressa, ande sozinho. Se quiser andar longe, ande com parceiros.” A persistência em cooperações e benefícios mútuos constitui a única maneira para alargar e prolongar o nosso caminho para o futuro. Na nova época, o povo chinês está empenhado em realizar o Sonho Chinês de grande revitalização da Nação Chinesa, procurando não só o bem-estar do povo chinês mas também o bem-estar do povo africano e os povos de todos os países no mundo. A China seguirá o princípio de verdade, efectividade, afinidade e sinceridade, bem como o valor de amizade, justiça e interesses compartilhados, e esforçar-se-á a estabelecer e promover as relações de parceria global de cooperação estratégica sino-africanas que consistem em igualdade e confiança mútua na política, cooperação e benefício mútuo na economia, intercâmbio e inspiração mútua na cultura, mãos dadas e ajuda mútua na segurança, e união e colaboração nos assuntos internacionais.
 
A China e África têm sido uma comunidade com um futuro compartilhado. A história de sofrimento e a experiência de luta compartilhadas produzem a amizada profunda entre os povos chineses e africanos. A amizade sino-africana, que se torne cada vez mais forte apesar do tempo longo que passa, sempre mantém a dinâmica, graças à persistência de ambas as partes em se tratar uma com a outra como iguais, com sinceridade e amizade, em procurar cooperação para o benefício mútuo e o desenvolvimento comum. A China e África são amigos, parceiros e irmãos para sempre. A China apoia sempre os países africanos a procurar os caminhos de desenvolvimento apropriados para as condições dos seus países, nunca impõe nenhuma pré-condições políticas, nunca se ingere nos assuntos internos africanos e nunca passa nenhum cheque sem cobertura.
 
Num longo período, seguindo o princípio de verdade, efectividade, afinidade e sinceridade, a China tem oferecido, dentro do seu alcance, uma grande quantidade de apoios desinteressados aos países africanos na agricultura, saúde, educação, infra-estrutura e outras áreas da vida da população. A China já concedeu, a 37 países menos desenvolvidos com relações diplomáticas, o tratamento de tarifa zero a 97% dos produtos importados na lista dos itens tributários. A China forneceu também apoio alimentar emergente a vários países, de entre os quais se encontra a Guiné-Bissau, que já recebeu apoio alimentar de uma montante total de cerca de dois mil milhões FCFA. A China já apoiou e financiou para construir em África mais de 5000 quilómetros de caminhos de ferro e estradas, mais de 200 escolas e cerca de 100 hospitais. Foram formados para África mais de 160 mil profissionais e enviados para 51 países e regiões africanos mais de 20 mil quadros das equipas médicas, as quais trataram mais de 200 milhões de pacientes africanos e, ao mesmo tempo, formaram cerca de 13 mil médicos e enfermeiros locais, o que compôs muitos capítulos comoventes para a amizade sino-africana.
 
São inumeráveis os projetos de apoio implementados pela China na Guiné-Bissau e lançará, no ano que vem, uma nova série de grandes projetos de cooperação e de vida da população, os quais trarão ainda mais benefícios ao povo guineense. As construções ou renovações de infra-estruturas como o Palácio da Presidência da República, a Assembleia Nacional Popular, o Palácio do Governo, o Palácio de Justiça, o Hospital de Amizade Sino-Guineense, o Hospital de Canchugo, as Escolas de Amizade Sino-Guineense, a Escola Nacional de Saúde, o Estádio Nacional de 24 de Setembro, entre outras, testemunham o suor e a sabedoria dos dois povos, não só adicionando belas paisagens à Guiné-Bissau, mas também desempenhando um papel crucial na governaça de Estado e no desenvolvimento económico e social do País. Todos esses apoios seguem o princípio de igualdade e benefício mútuo, sem quaisquer pré-condições políticas e recebem elogios da população local e de toda a sociedade.
 
“É melhor ensinar pescar em vez de oferecer peixes.” Na área da agricultura, a parte chinesa tem enviado equipas de especialistas técnicos agrícolas durante um longo período para auxiliar a Guiné-Bissau no desenvolvimento da agricultura e partilhar experiência e conhecimento aos seus colegas guineenses. A China cultivou uma nova espécie de arroz que é adequada para ser plantada na Guiné-Bissau, capaz de triplicar ou quadruplicar a produção nacional do arroz. A China forneceu também várias vezes matérias de produção agrícola como máquinas agrícolas e fertilizantes para a Guiné-Bissau. Através de mais de 60 quotas de formação de curto prazo por ano, a China também formou um grande número de profissionais agrícolas para o País. Na área de medicina e saúde, desde o ano de 1976, a China enviou totalmente 16 equipas médicas com 230 quadros para a Guiné-Bissau. Por enquanto, o 16ª equipa está a desenvolver activamente os seus trabalhos nos Hospitais da Amizade Sino-Guineense e de Canchungo. A parte chinesa doou também várias vezes equipamentos médicos para hospitais relacionados guineenses. Os especialistas médicos chineses atenderam anualmente 8000 até 10000 casos ambulatórios, e foram várias vezes para várias regiões do País a fim de dar consultas médicas voluntárias, durante as quais foram calorosamente recebidos e amplamente elogiados por toda a sociedade guineense.
 
A China atribui grande importância às relações entre a China e a Guiné-Bissau e continuará a reforçar as cooperações bilaterais nas áreas de agricultura, medicina e saúde, educação e infra-estrutura, etc.. A China continuará a oferecer bolsas de estudo e oportunidades de formação ao governo e toda a sociedade guineenses de modo a formar mais elites sociais e técnicos profissionais, criando melhores condições para o emprego e desenvolvimento dos jovens guineenses e fornecendo apoios necessários para a transformação da economia guineense.
 
“Somente o vento mais feroz sabe qual é a grama mais forte, enquanto o fogo mais ardente sabe qual é o ouro verdadeiro.” A amizade tradicional sino-guineense é profunda e tem um futuro promissor. Perante a nova fase histórica, devemos ter uma visão global e avançar a passos largos com determinação. Apesar das vicissitudes da situação internacional, a China, com seu modo de igualdade, atitude de sinceridade e espírito de pragmatismo, ampliará constantemente a sua parceria com Guiné-Bissau, para que os dois Países contribuam em conjunto para o estabelecimento de um novo modelo das relações internacionais assentes no respeito recíproco, imparcialidade, justiça, cooperação e benefícios mútuos e a formação da comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. O governo e o povo chinês sentem alegria e orgulho profundos pelos êxitos obtidos pela Guiné-Bissau e desejam sinceramente maiores sucessos e um melhor futuro à Guiné-Bissau e ao seu povo no caminho do desenvolvimento e progresso!
 
Por: Tian Yuzhen, Encarregado de Negócios da Embaixada da República Popular da China na Guiné-Bissau
Dezembro de 2017