segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

RUANDA PREPARA ORDENS DE PRISÃO A FRANCESES ALEGADAMENTE ENVOLVIDOS NO GENOCÍDIO DE 1994

O Ruanda tem preparadas ordens de prisão contra vários cidadãos franceses pela sua alegada participação no genocídio de 1994, em que morreram mais de 800.000 pessoas, declarou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros do país, Louise Mushikiwabo.
 
Num discurso sobre o estado da nação emitido na televisão nacional como parte da mensagem de Natal do Governo, a ministra assegurou que o Ruanda tem “provas tangíveis e documentadas” sobre a implicação de vários cidadãos franceses antes, durante e depois dos incidentes.
 
“Queremos aprofundar e ver como podemos utilizar os relatórios para questioná-los e demonstrar o seu papel durante o genocídio de 1994. As ordens de prisão para alguns deles estão preparadas e prontas para serem emitidas”, anunciou Louise Mushikiwabo.
 
Entre os documentos citados, a ministra do executivo dirigido por Paul Kagame destacou o relatório Muse, que afirma que a França forneceu ao Governo armas, na altura comandado por Juvenal Habyarimana, que foram posteriormente utilizadas pelas milícias hutu Interahamwe para levar a cabo o genocídio contra os tutsis.
 
Louise Mushikiwabo reiterou que o Ruanda “nunca desistirá” dos seus esforços para responsabilizar a França por seu papel nos eventos, apesar das “notáveis tentativas” da nação europeia de nega-lo.
 
A França inclusivamente abriu uma investigação sobre a queda do avião de Habyarimana, a 06 de abril de 1994, no qual aquele e o Presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, morreram, dando início ao genocídio.
 
“Temos certeza de que a verdade prevalecerá sobre as mentiras e não nos cansaremos de buscar a justiça”, disse a ministra.
 
Vários membros do Governo ruandês, entre os quais o ministro da Justiça, Johnston Busingye, afirmaram que as investigações da justiça francesa sobre o caso tinham como objetivo desviar a atenção internacional das responsabilidades da França nesta questão.
O genocídio que se seguiu à morte de Habyarimana – o Governo ruandês acusou os rebeldes tutsis da Frente Patriótica Ruandesa (RPF) do assassínio –, terminaria com mais de 800.000 tutsis e hútus moderados mortos em três meses.
 
 
Foto: internet