Bissau - O presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, afirmou que os guineenses ainda não estão preparados para iniciar a exploração dos seus recursos naturais, sublinhando que se o assunto for mal tratado só vai beneficiar alguns.
"A exploração dos recursos naturais é uma matéria que me é cara. Variadíssimas vezes falei sobre isso. Não vejo com bons olhos, neste momento, a exploração dos nossos recursos naturais. Acho que o país não está preparado para iniciar a exploração dos seus recursos naturais", disse José Mário Vaz.
O chefe de Estado guineense falava durante uma entrevista conjunta que deu a vários órgãos de comunicação social para assinalar o quarto aniversário do seu mandato, a 23 de Junho.
"É uma grande responsabilidade e exige um nível de preparação fora do normal e sobretudo a nível das forças de defesa e segurança. Acho que os guineenses não estão preparados para a exploração dos nossos recursos naturais, porque se esse assunto for mal tratado irá beneficiar meia dúzia de pessoas", afirmou, quando questionado sobre o assunto.
Para o presidente guineense, é preciso "formar melhor os guineenses" para que a exploração dos "recursos sirva o interesse do país e do povo".
A Guiné-Bissau tem bauxite, fosfato. A nível dos hidrocarbonetos há boas perspectivas, segundo prospecções feitas, para a sua exploração, mas o presidente guineense denunciou o acordo de partilha com o Senegal, em 2014, propondo a reabertura de negociações para fixação de novas bases de partilha.
Questionado sobre as negociações, o estadista disse que é um "assunto que vai merecer muita atenção nos próximos tempos", recusando avançar mais pormenores por se tratar de um "assunto um pouco delicado".
"Aqui não é o espaço para falarmos desse assunto. Temos um secretário-geral que vai defender os interesses dos dois países", disse.
O antigo primeiro-ministro guineense, Artur Silva, foi nomeado recentemente pelo presidente como secretário-geral da Agência de Gestão e Cooperação entre o Senegal e a Guiné-Bissau, com sede em Dakar.
O Acordo de Gestão e Cooperação entre a Guiné-Bissau e o Senegal, que José Mário Vaz denunciou em Dezembro de 2014, foi assinado em Outubro de 1993 e incluiu a criação de uma zona de exploração conjunta, que comporta cerca de 25 mil quilómetros quadrados da plataforma continental.
A Guiné-Bissau dispensou 46% do seu território marítimo para constituir a ZEC e o Senegal 54%.
A zona é considerada rica em recursos haliêuticos, cuja exploração determina 50 por cento para cada um dos Estados, e ainda hidrocarbonetos (petróleo e gás), ficando os senegaleses com 85% de hidrocarbonetos e os guineenses com 15%.
Uma fonte da agência de gestão da zona disse à Lusa acreditar que "até o final do ano" haverá um acordo que irá determinar uma nova partilha e desta forma permitir às "várias companhias", nomeadamente chinesas, suíças, americanas, canadianas e romenas, avançarem para a abertura de furos.
Dos 14 furos em prospecção de petróleo já realizados na zona, nomeadamente 13 em águas rasas e um em águas profundas, concluiu-se pela existência de "boas perspectivas", precisou uma fonte que acompanha a parte técnica do processo negocial.
Fonte: Lusa em, angop