Caros
concidadãos,
Sempre
que possa, tento normalmente distanciar-me das discussões nos diferentes
tópicos políticos. Mas, queria deixar apenas algumas observações sobre as
recentes declarações da eurodeputada portuguesa, Ana Gomes, para a vossa
apreciação colectiva.
Primeiro,
debrucemo-nos no aspecto deste escrutínio eleitoral. Todos os guineenses (e
amigos da Guiné-Bissau) querem que estas eleições contribuam de uma definitiva
para sarar as feridas recentes, nomeadamente, aquelas criadas com o golpe de 12
de Estado.
Acham
que seria reconciliatório e patriótico se um partido político guineense ou um
candidato presidencial se debruçasse sobre o golpe 12 de Abril durante toda a
sua campanha eleitoral? Acho que todos nós concordaríamos que uma tal decisão
seria um mau pontapé de saída.
Segundo,
não foram estas eleições o culminar do entendimento de todos os guineenses
(prós e contra o golpe de 12 de Abril) no sentido de priorizarem o país em
detrimento dos interesses pessoais e partidários?
E
se os guineenses souberam gerir e ultrapassar o caso de 12 de Abril (como já
tínhamos sabido gerir outros casos anteriores), acham ser justo alguém tentar
empurrar o país para um novo abismo político com uns discursos que tenham uma
única finalidade de dividir os filhos e as filhas do nosso país?
Vocês
que são verdadeiros amantes da vossa nação, acham aceitável qualquer pessoa –
guineense ou não – tentar empurrar o país para um ambiente inflamatório e
incendiário, neste preciso momento?
Feitas
as perguntas, permitam-me tecer algumas observações, dizendo o seguinte: A
eurodeputada portuguesa Ana Gomes foi para a Guiné-Bissau para presenciar e
testemunhar o culminar de uma fase difícil para o nosso país e para o nosso
Povo.
Acho
que seria prudente, inteligente e até humano se ela tentasse unir a nação
guineense, em vez de dividi-la;
Acho
que seria prudente, inteligente e até humano se ela tentasse se regozijar com
os esforços nacionais rumo à uma nova ordem institucional e constitucional na
Guiné-Bissau;
E
acho que seria prudente, inteligente e até humano se ela tentasse incentivar e
promover uma boa vizinhança.
Alguém
diria, mas “ela só se limitou a dizer a verdade”. Bem, até pode ser que ela
disse apenas a verdade.
Agora,
meus caros concidadãos, imaginem se todas as verdades sobre as tragédias
guineenses fossem ditas em cada segundo, em cada minuto, em cada hora …
ininterruptamente?!
Devemos
sim reconhecer os erros do nosso passado recente ou distante, mas devemos
procurar, sobretudo, formas de repará-los – a não ser que queiramos ficar
naquela de “caça às bruxas” nas próximas quatro décadas!
Aos
futuros governantes a sair destas eleições de 13 de Abril, só lhes deve
interessar o entendimento, a união, a coesão interna e a reconstrução do nosso
Estado martirizado.
Da
boca da eurodeputada (sobretudo de uma portuguesa com quem partilhamos a
história, as origens, os hábitos, a cultura, a língua, etc., etc.,) queremos
umas palavras que possam galvanizar o nosso espírito combatente rumo à paz e o
bem-estar social.
E
as afirmações recentes da eurodeputada Ana Gomes -- sobretudo no contexto em
que elas foram proferidas (encontrando-se na Guiné-Bissau como uma observadora
eleitoral) -- não servem para nenhum desses propósitos. Ou servem?!
Bem
hajam.