quarta-feira, 16 de abril de 2014

EURODEPUTADA ANA GOMES OU A GUINÉ-BISSAU?

Por: Umaro Djau

Caros concidadãos,

Sempre que possa, tento normalmente distanciar-me das discussões nos diferentes tópicos políticos. Mas, queria deixar apenas algumas observações sobre as recentes declarações da eurodeputada portuguesa, Ana Gomes, para a vossa apreciação colectiva.

Primeiro, debrucemo-nos no aspecto deste escrutínio eleitoral. Todos os guineenses (e amigos da Guiné-Bissau) querem que estas eleições contribuam de uma definitiva para sarar as feridas recentes, nomeadamente, aquelas criadas com o golpe de 12 de Estado.

Acham que seria reconciliatório e patriótico se um partido político guineense ou um candidato presidencial se debruçasse sobre o golpe 12 de Abril durante toda a sua campanha eleitoral? Acho que todos nós concordaríamos que uma tal decisão seria um mau pontapé de saída.

Segundo, não foram estas eleições o culminar do entendimento de todos os guineenses (prós e contra o golpe de 12 de Abril) no sentido de priorizarem o país em detrimento dos interesses pessoais e partidários?

E se os guineenses souberam gerir e ultrapassar o caso de 12 de Abril (como já tínhamos sabido gerir outros casos anteriores), acham ser justo alguém tentar empurrar o país para um novo abismo político com uns discursos que tenham uma única finalidade de dividir os filhos e as filhas do nosso país?

Vocês que são verdadeiros amantes da vossa nação, acham aceitável qualquer pessoa – guineense ou não – tentar empurrar o país para um ambiente inflamatório e incendiário, neste preciso momento?

Feitas as perguntas, permitam-me tecer algumas observações, dizendo o seguinte: A eurodeputada portuguesa Ana Gomes foi para a Guiné-Bissau para presenciar e testemunhar o culminar de uma fase difícil para o nosso país e para o nosso Povo.

Acho que seria prudente, inteligente e até humano se ela tentasse unir a nação guineense, em vez de dividi-la;

Acho que seria prudente, inteligente e até humano se ela tentasse se regozijar com os esforços nacionais rumo à uma nova ordem institucional e constitucional na Guiné-Bissau;

E acho que seria prudente, inteligente e até humano se ela tentasse incentivar e promover uma boa vizinhança.

Alguém diria, mas “ela só se limitou a dizer a verdade”. Bem, até pode ser que ela disse apenas a verdade.

Agora, meus caros concidadãos, imaginem se todas as verdades sobre as tragédias guineenses fossem ditas em cada segundo, em cada minuto, em cada hora … ininterruptamente?!

Devemos sim reconhecer os erros do nosso passado recente ou distante, mas devemos procurar, sobretudo, formas de repará-los – a não ser que queiramos ficar naquela de “caça às bruxas” nas próximas quatro décadas!

Aos futuros governantes a sair destas eleições de 13 de Abril, só lhes deve interessar o entendimento, a união, a coesão interna e a reconstrução do nosso Estado martirizado.

Da boca da eurodeputada (sobretudo de uma portuguesa com quem partilhamos a história, as origens, os hábitos, a cultura, a língua, etc., etc.,) queremos umas palavras que possam galvanizar o nosso espírito combatente rumo à paz e o bem-estar social.

E as afirmações recentes da eurodeputada Ana Gomes -- sobretudo no contexto em que elas foram proferidas (encontrando-se na Guiné-Bissau como uma observadora eleitoral) -- não servem para nenhum desses propósitos. Ou servem?!

Bem hajam.
Umaro Djau

Fonte: IBD