terça-feira, 16 de junho de 2015

ANGOLA: ANTES QUER MORRER LIVRE DO QUE VIVER ESCRAVO - FERNANDO KALUPETEKA


Folha 8 digital (ao) 13 junho 2015 IN PG
 
O Folha 8 calcorreou quilómetros nas matas do Sumi, Longonjo, Cáala, Mbave e outras na província do Huambo para encontrar uma testemunha do maior genocídio do século XXI, praticado pelo regime, em Angola-2015. Alguém que tivesse visto, presenciado, vivido a matança em série, praticado pela Polícia Nacional e Forças Armadas, à mando de Kundi Pahiama e José Eduardo dos Santos; Titular do Poder Executivo. Os sobreviventes, desta seita, vivem como ratos, fogem até da própria sombra, tendo a água como a principal alimentação, desde o dia 16 de Abril, uma vez não poderem, nem acender fogo. “Senão a tropa e as milícias nos localizam e matam. É dura e triste a nossa situação”, denuncia, pela primeira vez, a um órgão de comunicação social, Fernando, o filho do pastor Kalupeteka. Para registar, em som e imagens, o testemunho ocular e sofrido deste sobrevivente do massacre do Monte Sumi em que morreram mais de 700 pessoas, sobretudo mulheres e crianças. “Antes morrer aos poucos na mata do que nas mãos dos polícias e militares mandados por Kundi Paihama”, diz Fernando.

A Prova do Crime
O GOVERNO DO MPLA COMETEU O MAIOR GENOCÍDIO DO SÉCULO XXI NO HUAMBO
 
De acordo com o testemu­nho, mais um recolhido pelo F8, o massacre, o ge­nocídio, a limpeza étnico­-religiosa, encetada pelos agentes do regime, sob a ordem directa de Kundi Paihama e José Eduardo dos Santos, Titular do po­der Executivo que concen­tra toda responsabilidade criminal, de acordo com a Constituição, a razão de ser é bem mais profunda do que a apresentada ofi­cialmente e pouco terá a ver, de facto, com a seita “Luz do Mundo”.
 
Kundi Paihama deslocou­-se várias vezes ao Monte Sume para falar com Kalu­peteka. “Ele disse ao meu pai que tinha de deixar de pregar”, conta Fernando, garantindo que as prega­ções acabaram.
Depois, relata o filho de Kalupeteka, “começaram a chegar notícias de vários locais de que pessoas que acreditavam no que o meu pai dizia sobre os ensina­mentos de Cristo estavam a ser presas”.
 
O que poderiam fazer essas pessoas que acreditavam na mensagem de Cristo, na circunstância transmitia pela voz deste pastor?
 
“Vamos então para o Sumi onde está o nosso irmão Kalupeteka”, decidiram as pessoas, conta Fernando, acrescentando que “o meu pai não podia deixar as pes­soas nas mãos de quem as estava a prender e recebeu todos os que vinham até nós. Eram homens, mulhe­res e crianças”.
 
Foi pelo medo que, perante as prisões arbitrárias, cen­tenas de pessoas procura­ram a paz junto do pastor Kalupeteka.
 
“A polícia veio e começou a falar com o meu Pai e tudo ficou calmo. Dias de­pois mandaram uma notifi­cação para o meu pai com­parecer na Caála. O meu pai disse que não ia, até porque já fora preso várias vezes. Sete vezes”, conta Fernando, dizendo que a única acusação que era feita a Kalupeteka era a de “falar a verdade que vem na Bíblia e que não agrada­va ao governo e sobretudo a Kundi Paihama”.
 
E nesta senda existe outro cúmplice e responsável pela prisão do seu pai: “os responsáveis da Igreja do Sétimo Dia, por inveja en­tregaram o meu pai, ao go­verno e depois, vergonho­samente, na companhia de outras igrejas, realizaram um dia de Acção de Gra­ça, quando mesmo que não nos reconheçam cris­tãos, tinham de se inteirar do que se passou, ouvir a nossa opinião, se na verda­de são homens de Cristo, nessa qualidade, deveriam orar pelos que morreram. Foram muitos cidadãos an­golanos inocentes, assas­sinados mas essas igrejas exaltaram, aqueles que lhes mataram”, lamenta.  Leia mais