segunda-feira, 29 de junho de 2015

QUANDO O VÍRUS RESISTE

Leiam, é muito importante!
 
A generalização dos tratamentos antirretrovirais contra a Sida em África tem duas caras. Sem dúvida, e sobretudo, há uma positiva, onde cada vez mais pessoas podem sobrevier sem desenvolver a doença, as taxas de mortalidade caem e nos países em desenvolvimento a epidemia passa de letal a crónica. Por outro lado, há uma cara negativa, em que o vírus pode desenvolver resistências que convertem em insuficientes os fármacos mais convencionais ou de primeira linha. Desta forma, são necessárias alternativas menos acessíveis, que estão na ordem do dia nas zonas mais ricas do mundo, mas não são tão fáceis de conseguir nas mais pobres.
 
Os avanços destas resistências foram constatados em várias investigações, indicando-se que a prevalência de contágio VIH resistente aos fármacos sofreu um aumento recentemente de até 5% na África do Sul, no Quénia e na Zâmbia e alcançou 15% no Uganda. Um novo estudo que foi publicado, esta quarta-feira, na revista Journal of Antimicrobial Chemotherapy assinala a propagação do vírus com estas características.
 
O documento assegura que em Moçambique, um dos países com maior prevalência do VIH, os antirretrovirais fracassaram num quarto dos pacientes. A grande maioria (89%) desenvolveu resistência aos medicamentos habituais e necessita de tratamentos de segunda linha. «É o espelho do que está a acontecer em muitos países da África subsaariana», explica a investigadora principal, Maria Rupérez, da ISGlobal, que desenvolveu o estudo em parceria com o Centro de Investigação de Saúde de Manhiça.
 
A resistência ao vírus pode vir por uma administração irregular dos tratamentos, que no lugar de o combaterem o tornam mais forte, ou diretamente porque a pessoa contagiada se infetou com o vírus resistente. O paciente pode estar a tomar a medicação em níveis mais baixos sem estar consciente disso (assim como os médicos); no entanto, a carga viral pode estar a aumentar, sendo que coloca a sua saúde em perigo e o risco de contágio aumenta.
 
Contudo, o tratamento de segunda linha encontra dois entraves fundamentais nos países em desenvolvimento: o primeiro prende-se com o preço e a acessibilidade; o segundo é a dificuldade de deteção das resistências.
 
Rupérez explica que no Ocidente se realizam análises periódicas de sangue para comprovar que a carga viral dos afetados se mantem contida, mas estes procedimentos são muito difíceis nas zonas mais pobres, apesar de estarem previstos nas recomendações da Organização Mundial de Saúde. Fonte: Aqui