segunda-feira, 29 de junho de 2015

INÍCIO DO CONSUMO DE DROGAS E ÁLCOOL EM CABO VERDE ACONTECE CADA VEZ MAIS CEDO

 
O início do consumo de droga e álcool acontece cada vez mais cedo em Cabo Verde, abrangendo indivíduos com idades entre os 10 e 15 anos.
 
Segundo a coordenadora executiva da Comissão de Coordenação do Combate à Droga (CCCD), Fernanda Marques, esta situação preocupa os responsáveis do setor, que alertam para a necessidade de se intensificar o trabalho de prevenção.
 
Marques falava numa entrevista concedida à agência cabo-verdiana de notícias (Inforpress), por ocasião do Dia Mundial Contra o Uso Abusivo e o Tráfico Ilícito de Drogas, assinalado a 26 de junho. Citou dados das estruturas de saúde para ilustrar a gravidade da situação, apontando o caso das comunidades terapêuticas, onde 58% dos 46 residentes referentes a 2014 começaram a consumir drogas com 10 anos de idade.
 
«Nesse caso particular, ao confrontar-se a idade atual com o início de uso das drogas, conseguimos apurar que a maior parte, ou seja, 31%, já tem mais de 21 anos a consumir. E, se olharmos para a nova resposta que temos em termos de tratamento, 27% dessas pessoas têm agora entre os 31 e 35 anos», precisou.
 
Já o Espaço de Respostas Integradas às Dependências (ERID), no Centro de Saúde de Achadinha, na Cidade da Praia, atendeu num período de cinco meses 62 pessoas, estando 23% na faixa etária dos 35 aos 40 anos, 19% entre 22 e 27 anos, 19% de 28 aos 34 anos, 11% dos 16 aos 20 anos e 3% dos 10 aos 15 anos.
 
Esses dados, segundo a coordenadora da CCCD, demonstram a necessidade de um trabalho a ser feito junto das famílias, uma vez que «estas devem ser a primeira instituição em termos de tratamento».
 
Fernanda Marques revelou que «os estudos mostram que as famílias que acompanham as suas crianças são um importante fator protetor». Além disso, disse, «há um trabalho a ser intensificado junto das escolas, tanto no que diz respeito ao consumo das drogas ilícitas como ao do álcool».
 
Nas escolas, indicou, vai ser implementado, no ano letivo 2015/2016, um programa de prevenção universal, denominado «Eu e os Outros», e que conta com o apoio de técnicos portugueses e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
 
Um inquérito nacional sobre a «Prevalência do Uso de Substâncias Psicoativas na População Geral Cabo-Verdiana», datado de 2013, revelou que Cabo Verde apresenta taxas de prevalência de declarações de consumo de quaisquer substâncias psicoativas ilícitas de 7,6% no seio da população residente entre os 15 e os 64 anos. A substância ilícita mais consumida é a «padjinha», ou cannabis, com uma taxa de prevalência de 72% ao longo da vida. O estudo indica ainda que os homens consomem esta droga mais do que as mulheres.
 
A camada jovem apresenta uma prevalência de consumo de uma qualquer substância psicoativa de 8,4% nas pessoas com idades compreendidas entre 15 e 35 anos. Em relação a drogas lícitas, o álcool é a mais consumida pela população em geral, e apresenta uma prevalência de 63,5% ao longo da vida. Esta droga é mais usada pelos homens, principalmente na camada jovem, onde 11,5% iniciaram o seu consumo antes dos 15 anos. Fonte: Aqui