Carlos Lopes disse que mobilidade de africanos para a Europa é de 0,2%; para o responsável, a maior parte dos migrantes segue para países dentro do seu continente.
O secretário-executivo da Comissão Económica da ONU para África, ECA, defende que há necessidade de migrantes na Europa porque o continente “apresenta um défice demográfico”.
As declarações de Carlos Lopes foram feitas à Rádio ONU, em Nova Iorque, onde participou até esta quarta-feira em reuniões ligadas ao Debate da Assembleia Geral e à Cimeira sobre Desenvolvimento Sustentável.
Mobilidade
“A Europa tem um défice demográfico e, portanto, precisa de migrantes. Há cerca de 2 milhões de africanos que fazem parte dessa corrente de migração para a Europa, incluindo clandestinos e legais. São 2 milhões para um continente de 1 mil milhão, uma mobilidade relativamente baixa. Uma mobilidade que é de 0,2%, não é grande coisa. Temos que comparar com a mobilidade europeia quando eles estavam a crescer que era, por exemplo, de criar países inteiros como a Argentina ou o Uruguai ou fazer parte de 20% da população dos Estados Unidos, só para falar da Itália, de um país. Foi assim que a Europa se desenvolveu.”
Na quarta-feira, vários líderes abordaram o reforço da cooperação sobre migrantes e refugiados na perspetiva da agenda de desenvolvimento global a ser executada até 2030.
Dignidade
Carlos Lopes fez as declarações num momento em que a ONU destacou a necessidade de dignidade e respeito para os migrantes, e que os países ampliem os centros para acomodar refugiados.
“A franja de mobilidade para fora da África é pequena em relação à franja de mobilidade dentro da África. A maior parte dos migrantes imigra para países dentro da África e não para países fora do continente. Esse residual que sai de África é relativamente pequeno. Para dizer que nós continuamos a pagar o preço de não termos uma inserção nos países de recebimento igual àquela que oferecemos quando eles vêm para África.”
Rota do Mediterrâneo
Em relação às reservas de migrantes, particularmente na Europa, Lopes considera que dos cerca de 250 mil pessoas que tentaram seguir a rota do Mediterrâneo este ano 50 mil eram sírios.
O chefe da ECA cita ainda a presença de afegãos, de iemenitas, de paquistaneses e de outros cidadãos não-africanos nas embarcações usadas com destino à Europa.
De acordo com a ONU, o mundo enfrenta a maior crise de refúgio e migração dos últimos 70 anos, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.
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