sábado, 10 de outubro de 2015

Editorial: CAMPEONATO POLÍTICO – “DJUMBLUMANE” NA BALIZA DE “TERRA RANKA”

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Como era previsível, a disputa do título do nacional de campeonato político entre “Terra Ranka” e “Mon Na Lama” está agora, nesta segunda volta, ao rubro, sobretudo no encontro da penúltima jornada que colocou frente-a-frente as duas formações políticas nacionais cujos adeptos eleitorais da pátria de Amílcar Cabral as autorizaram a disputar a liderança da soberania política do nosso país. O encontro terminou antes do tempo regulamentar, com “Djumblumane” (confusão) na baliza de “Terra Ranka” aos 85 minutos da segunda parte.
 
Foi uma partida de futebol político verdadeiramente impressionante. Os adeptos eleitorais com problemas cardíacos desmaiaram no Estádio Nacional “24 de Setembro” e foram assistidos no Hospital Nacional “Simão Mendes”. Também foram assistidos no mesmo estabelecimento hospitalar vários adeptos que perderam sentido e visão, em virtude do fumo negro que o remate de um dos fulminantes avançados de “Mon Na Lama” desferiu contra a baliza de “Terra Ranka”, o que instaurou o “Djumblumane” em todo o anfiteatro de futebol político nacional.

A crônica de estórias desta importante partida de futebol político nacional que decidirá, entre as duas formações políticas do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, (PAIGC), quem será o campeão nacional da presente época política, pode ser relatada, desportivamente em poucas linhas.
 
Se na primeira jornada da primeira volta o Juiz da partida da Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO), foi o senegalês Mack Sall, nesta penúltima jornada da segunda volta o juiz da partida veio da Nigéria, potência política da sub-região. É um juiz internacional com grandes conhecimentos das regras políticas das Nações Unidas, É o Olusegun Obasanjo. O Juiz nigeriano, antes de pisar a pátria de Amílcar Cabral para apitar esta importante partida de futebol político nacional que deveria decidir o título, consultou o seu homólogo senegalês que dirigira o jogo da primeira jornada, para poder compreender melhor, as estratégias, tácticas, eficácia e eficiência dos dispositivos técnicos que os dois técnicos José Mário Vaz de “Mon Na Lama” e Domingos Simões Pereira de “Terra Ranka” costumam colocar no terreno.
 
Desta vez, o técnico de “Terra Ranka” Domingos Simões Pereira, parece ter estudado muito bem a lição. A ala política do PAIGC que compõe a sua formação política entrou muito bem no jogo, não deixando sequer respirar a ala da formação política do PAIGC orientada por José Mário Vaz. Povoou muito o seu meio-campo, deixando os corredores abertos para os laterais esquerdo e direito apoiarem o ataque ou contra-ataques da equipa. A turma de “Terra Ranka” jogava muito compacta e não deixava sequer uma brechinha que permitisse quaisquer manobras dos fulminantes avançados de “Mon Na Lama”, orientados por José Mário Vaz.
 
A formação política de “Terra Ranka” fez uma primeira parte com um futebol de luxo. Os seus adeptos pulavam e gritavam histericamente, com estoicismo do futebol político de qualidade que os comandados de Domingos Simões Pereira praticavam no terreno de Estádio Nacional “24 de Setembro”. Por seu lado, os pupilos de José Mário Vaz abordavam lances da partida de uma forma atabalhoada com passes mal feitos. Era uma equipa sem ligação entre os três sectores do campo. Foi uma desconcentração total. Aliás, iniciou a segunda parte da partida com a mesma abordagem de lances, de uma forma desconsistente que nem parecia aquela ala da formação política do PAIGC, com fulminantes avançados, mas tímidos.
 
A ala da formação política do PAIGC orientada por Domingos Simões Pereira encurralou por completo a de “Mon Na Lama” não o deixando sequer um milímetro de espaço de manobra. Isso obrigou o astucioso técnico de “Mon Na Lama”, José Mário Vaz, a fazer recuar no terreno os seus pupilos até quando a turma “Terra Ranka” falhou a grande penalidade jurídica que o Juiz da linha de lado da Bancada B, Paulo Sanhá, assinalou e que o Juiz da partida o internacional nigeriano Olusegun Obasanjo ratificou, sem margem para dúvidas, indicando de imediato para a marca dos onze metros.
 
Os adeptos de “Terra Ranka” gritavam de alegria, na esperança de verem o seu avançado transformar em golo a grande penalidade. Todos gritavam com grande alegria o nome Juiz da linha Paulo Sanhá, um homem da verdade. Mas, a verdade é que, não obstante o Juiz nigeriano ter confirmado de imediato a grande penalidade assinalada por Paulo Sanhá, o técnico de “Mon Na Lama” não perdeu a serenidade. Recuou e orientou muito bem o seu guarda-redes para estar atento à saída do remate do avançado de “Terra Ranka”. O avançado de Domingos Simões Pereira não conseguiu transformar o penalti em golo e a sua equipa perdeu o ritmo, sistema técnico e táctico, com os quais abordavam muito bem o jogo, e cedeu terreno aos fulminantes avançados de “Mon Na Lama”.
 
Ao assumir o comando do jogo, os pupilos de José Mário Vaz subiram no terreno e não deixaram sequer respirar os comandados de Domingos Simões Pereira. Não conseguindo suster a pressão dos fulminantes avançados “Mon Na Lama”, os comandados de Domingos Simões Pereira entraram em pânico e ficaram sem discernimento na abordagem dos lances políticos para levar a bola à baliza contrária.
 
Assim, quando faltavam cinco muitos para o tempo regulamentar, o fulminante avançado de “Mon Na Lama”, como sempre, num contra-ataque rápido, driblou, de uma só assentada, quatro defesas de “Terra Ranka” e desta vez o Juiz de linha Paulo Sanhá não teve hipótese para assinalar qualquer espécie de falta nem fora de jogo jurídico e o avançado de “Mon Na Lama” rematou fortíssimo, levando o esférico a embater na barra e na linha de golo e voltar para o retângulo de jogo. O remate instaurou uma enorme “Djumblumane” na baliza de “Terra Ranka”. O remate levava consigo um selo e um carimbo de golo. Por isso, ao embater na barra da baliza de “Terra Ranka”, causou um enorme fumo negro, fazendo com que o próprio o Juiz internacional nigeriano Olusegun Obasanjo a não ver o esférico. Assim, quer ele quer o seu Juiz de linha, o guineense Paulo Sanhá, não conseguiram confirmar se realmente a bola tinha entrado ou não. Alias, o enorme fumo negro que surgiu com o embate de esférico na barra da baliza de “Terra Ranka” obrigou de imediato o Juiz nigeriano acabar com o jogo aos 85 minutos.
 
As duas alas políticas do PAIGC ainda não chegaram a um entendimento para reactar a partida. Por outro lado, não se sabe muito bem se serão concluídos apenas os cinco minutos que faltavam ou se disputarão de novo todo o tempo regulamentado pela Federação CEDEAO. Todavia, Secretário-geral das Nações Unidas, a FIFA dos campeonatos políticos, está bastante preocupada pela forma como este encontro de futebol político nacional entre as duas alas políticas do PAIGC não chegou ao fim. Para isso, já mandou aquecer, no anfiteatro da Assembleia Geral das Nações Unidas, um Juiz da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), o português Aníbal Cavaco Silva que, em nome da CPLP poderá vir a concluir este encontro de futebol político que deixou o país a deriva há cerca de dois meses, sem governo.
 
António Nhaga
Diretor-Geral
 
nb: ediçao de Quinta-feira, 8 de outubro de 2015