Blantyre - A polícia do Malawi anunciou nesta sexta-feira que deteve mais de 100 pessoas após o espancamento até a morte, em Blantyre, de duas pessoas acusadas pela população de ter bebido sangue durante cerimónias de magia negra.
Estas duas mortes elevam para nove, segundo as autoridades, o número de "vampiros" espancados até à morte pela multidão, há um mês, neste país da África austral.
"Uma pessoa foi morta e outra cortada até à morte pela multidão furiosa que os acusava de terem bebido sangue", disse à AFP o porta-voz da polícia, Ramsy Mushani.
Estes incidentes ocorreram em dois bairros de Blantyre, nomeadamente Chileka e Kachere.
A imprensa local transmitiu via Twitter um vídeo que mostrava várias pessoas lançando pedras sobre um homem deitado por terra a sangrar.
A polícia procedeu a um total de 124 detenções, indicou o chefe de polícia do Malawi, Lexon Kachama, em comunicado.
A intervenção das forças da ordem provocou pequenos choques com os habitantes. "A situação voltou ao normal em Blantyre", assegurou Mushani nesta sexta-feira.
Segundo testemunhas contactadas pela AFP, a situação continuava tensa sexta-feira nestes dois distritos, onde grupos de milicianos armados patrulhavam as ruas vasculhando os veículos.
A existência de vampiros faz objecto a rumores e incidentes recorrentes no Malawi, um país pequeno da África austral, onde as crenças tradicionais continuam profundamente enraizadas na população.
Desde o início da actual onda de incidentes, as autoridades locais impuseram um toque de recolher obrigatório em quatro distritos do sul do país para restaurar a calma.
Há dez dias, o presidente Peter Mutharika condenou os "exemplos bastante perturbadores de justiça popular" e prometeu pôr fim a esta agitação.
Fonte: Angop
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