O internacional guineense Leocísio Júlio Sami decidiu que não vai voltar a representar a seleção nacional da Guiné-Bissau enquanto certas pessoas estiverem lá. A decisão deste internacional guineense de 28 anos foi tornada pública numa entrevista dada ao Canal SEM TRUQUES.
Numa longa entrevista que durou cerca de uma hora e meia, Sami falou entre vários assuntos, desde a sua formação como jogador, da sua carreira enquanto sénior e jogador profissional, e claro da seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau que aceitou representar numa altura em que muitos jogadores naturais da Guiné-Bissau abdicavam.
"É uma seleção que resume muito como é que é a sociedade, é o reflexo da sociedade. Dói ver que chegou um ponto em que a seleção não é um algo tão verdadeiro, há ali coisas que nos ultrapassam porque não temos poderes sobre isso, mas quem é minimamente atento ou quem quer ver, vê realmente o que passa naquela seleção é redículo e é algo que enoja" afirmou Sami, antes de justificar a sua afirmação referindo o apuramento ao CAN, que há pessoas que no passado a seleção não lhes interessava e que no mesmo período podiam ter ajudado a seleção e a partir do momento que se conquistou algo estas pessoas apareceram para tirar proveito.
O jogador do desportivo de Aves da primeira liga portuguesa foi ainda mais longe ao afirmar que nunca um empresário pode ser o director da seleção, porque o empresário é quem agenceia os jogadores questionando ainda que um empresário que tem jogadores e é director executivo duma seleção, o que vai fazer?
"A seleção é um sítio onde poderia dar muito rendimento ao país e aocontrário está a dar prejuízo. Pelo que nos é informado, foi dado uma verba pelo governo... e deixa agora pensar como é que uma identidade como a federação da Guiné-Bissau ainda é sustentada pelo governo, ainda não consegue andar pelos próprios pés. Há sempre verbas que são dadas à selecção mas que nunca dão e nunca batem certo" advertiu o internacional guineense.
Sami afirmou ainda nesta entrevista que houve alguns momentos na seleção, em que ele Ivanildo e o Bocundji tinham que dar a cara para defender os mais novos e por causa disto alguns acharam que há pessoas que têm algum peso na seleção e queriam mandar ali e quando estas pessoas tiveram a oportunidade de entrar na seleção acharam que tinham que chocar com eles e chocaram.
"Eu não tenho nada mal contra os jogadores que estão lá a jogar, dou-me super bem e relaciono-me e falo bem com toda gente, com todos jogadores, há muitos que dou conselhos e ajudo de forma que eu puder e só espero que continuem e eu por acaso a seleção não... vejo a seleção com as pessoas que estão lá actualmente. Já consegui o que foi o meu sonho, foi o meu sonho e sempre tive o sonho a partir do momento que eu entrei no projecto seleção, era competir numa grande competição, tivemos esta oportunidade... Tivemos tipo o ouro nas mãos mas não aproveitamos, porquê? Por causa dos interesses. E correu mal por causa dos interesses. E depois quando a pessoa está ali, vê que desperdiça muito seu tempo e depois acontece estas coisas, a pessoa não é respeitada, vê-se ali situações que nós e como estou a dizer, então por mim, por enquanto as pessoas estiverem lá, por acaso nem tinha falado ainda sobre isso e é a primeira vez que estou a falar sobre isto, só falei com os familiares, mas enquanto estas pessoas estiverem lá, não contem comigo. Amo muito a minha selecção, amo muito a minha terra mas não vou lá porque um dia vai haver uma desgraça" afirmou Leocísio Júlio Sami.