sexta-feira, 13 de outubro de 2017

CULTURA GUINEENSE É UM DOS PRINCIPAIS OBSTÁCULOS A MAIOR PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS DECISÕES

A cultura da Guiné-Bissau, a pouca solidariedade entre mulheres e a educação são dos principais obstáculos a uma maior participação das mulheres nas esferas de tomada de decisão, disse hoje Filomena Tipote, da Voz di Padi.

Filomena Tipote falava à Lusa no âmbito de uma conferência, que decorreu terça-feira e hoje em Bissau, para analisar os obstáculos à participação das mulheres nas esferas de decisão.

Segundo a antiga ministra da Defesa guineense, os reais obstáculos a um maior envolvimento da mulher na tomada de decisões passam pela cultura do país, nomeadamente através da problemática da pressão social.

"É onde entra tudo que está relacionado com a cultura. Por exemplo, nós temos a esquerda e a direita, a esquerda é o lugar da mulher, e a direita é o lugar do homem, e toda a vida social é definida nos ritos de iniciação", disse.

Portanto, continuou, "mesmo que a mulher seja ministra ou Presidente está sujeita à esquerda e à direita. E este é o nó do problema. Temos de falar com aquelas pessoas que definem a vida social, o papel da mulher".

Outro aspeto que condiciona as mulheres é a religião, que, segundo Filomena Tipote, define que tudo depende do marido e por essa razão, as mulheres preferem promover os maridos, garantindo assim o seu bem-estar.

"Não é a imposição de quotas que vai resolver os problemas de dotes de casamento, do papel cultural da mulher. É preciso admitir que a paridade é limitativa porque só vai beneficiar algumas mulheres em Bissau e não as mulheres na sua totalidade", defendeu.

Para a antiga ministra, a barreira pode ser ultrapassada se houver uma aposta na educação e se trabalhar com as pessoas que impõem as regras sociais nos diferentes grupos étnicos.

O encontro foi realizado na sequência de uma consulta a mais de 600 pessoas em Bissau e nas regiões do país no âmbito do projeto "Caminhar para um Novo Equilíbrio na Guiné-Bissau: Criar espaços para uma verdadeira participação das mulheres na gestão pacífica dos conflitos e governação".

Fonte: Lusa, em DN