sexta-feira, 20 de outubro de 2017

EX-PRESIDENTE DE CABO VERDE FOI "INFELIZ" NAS AFIRMAÇÕES SOBRE GUINÉ-BISSAU- GOVERNO

O Governo guineense disse hoje que as declarações do ex-Presidente de Cabo Verde Pedro Pires sobre a Guiné-Bissau foram "infelizes" e que o país não precisa daquele tipo de constitucionalistas.
 
"O Presidente Pedro Pires foi infeliz nas suas declarações. Faz a afirmação mas não diz como o Presidente da República da Guiné-Bissau faz uma interpretação pessoal da Constituição", afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz.
 
O ex-Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, considerou quinta-feira, na cidade da Praia, que a Guiné-Bissau vive uma crise institucional resultante de uma interpretação pessoal da Constituição do país e do desejo de mais poder.
 
"Na Guiné-Bissau, quando toda a gente esperava ter ultrapassado as piores situações, nasce um novo um conflito, mas é um conflito institucional em que o Presidente da República quer mudar o regime sem ter que fazer a mudança da Constituição. É uma interpretação pessoal da Constituição ou o desejo pessoal de ter mais poder", disse Pedro Pires.
 
Para o porta-voz do Governo guineense, as declarações de Pedro Pires são contraditórias, porque ao mesmo tempo afirma que não tem acompanhado a situação no país.
 
"Não sabe o que se passa na Guiné-Bissau, mas sabe que a Constituição está a ser mal interpretada e que as pessoas querem poder pessoal. Ele é contraditório nas suas afirmações. O que nós queremos dizer é que de chefe de logística militar hoje passou a grande constitucionalista. A Guiné-Bissau não precisa deste tipo de constitucionalistas", disse o também ministro do Turismo guineense.
 
Fernando Vaz esclareceu também que o Presidente guineense, José Mário Vaz, "não vem de uma escola de ditadura de partido único, mas da escola da democracia".
 
"O Presidente nunca pertenceu a regimes que fuzilaram pessoas, só porque opinavam de maneira diferente", sublinhou.
 
O porta-voz do Governo guineense salientou também que a Constituição da Guiné-Bissau foi "um casaco feito à medida para alguém" e "concede amplos poderes ao Presidente República, que pode transformar um regime semipresidencialista em presidencialista".
 
Fernando Vaz deu como exemplo o artigo da Constituição que permite ao Presidente da República presidir ao Conselho de Ministros, lembrando que José Mário Vaz nunca o fez.
 
Fonte: Lusa, em DN