A mensagem dos bispos de Bissau e Bafatá é clara: "não venda o seu voto", escrevem numa declaração conjunta dirigida aos fiéis a propósito das eleições gerais de domingo na Guiné-Bissau.
"Não venda o seu voto por bens materiais, porque isso fere gravemente a sua própria dignidade humana e a da sua sociedade", referem os líderes católicos José Bissign e Pedro Zilli - que representam a fé de cerca de cinco por cento dos 1,6 milhões de guineenses.
Em vez de vender o voto, os bispos propõem que os eleitores deem "uma prova de maturidade cívica e moral" e exerçam o seu direito, escolhendo os melhores depois de dois anos de transição política, após o golpe de Estado de abril de 2012.
"Depois de um período deplorável, chegou o momento decisivo para a mudança que começa com o voto", refere a mensagem endereçada especificamente aos crentes, políticos, militares, comunicação social, cidadãos guineenses e comunidade internacional.
Aos políticos, os bispos pedem "programas realistas" que cumpram "escrupulosamente as regras estabelecidas".
"Que a busca de poder seja motivada unicamente pelo desejo de servir a nação", conclui a mensagem, que destaca o facto de as eleições quase coincidirem com a Páscoa.
Celebra-se a quadra em que Jesus "vence a morte, vence o mal, vence o pecado" - da mesma forma que a Guiné-Bissau precisa de "combater as desgraças do passado recente".
Mas as referências religiosas são outras para a maioria dos guineenses, cerca de 40 por cento dos quais são muçulmanos.
Do lado dos líderes islâmicos, Bubacar Djaló, presidente da União Nacional dos Imãs da Guiné-Bissau, acredita que o futuro do país está nas mãos dos jovens e que estes têm consciência de não poder trocar um voto por objetos.
"Um jovem com necessidade de formação, de emprego e que pensa no futuro tem toda a necessidade de eleger um líder que pensa três vezes na pátria antes de pensar na sua própria pessoa", refere.
Assim, "a partir do momento em que os jovens têm nas mãos os seus cartões de eleitor, significa que podem definir o seu futuro e as consciências não podem ser compradas com um objeto que acaba de uma hora para outra", refere.
De cada vez que há eleições, renasce a esperança de que é possível arrancar o país da pobreza e nas eleições deste ano "a expetativa é mais reforçada devido à participação da juventude", sublinha o chefe dos imãs.
Por outro lado, Bubacar Djaló acredita que "as coisas serão bem arbitradas pela comunidade internacional".
"Para todos, o nosso apelo é no sentido de ponderação e tolerância", conclui o líder religioso. DN