Um grupo de cientistas identificou certas variações genéticas especificas que protegem algumas crianças africanas do desenvolvimento de casos graves de malária. Os investigadores referiram que a descoberta vai impulsionar o combate à doença, responsável pela morte de 500 mil crianças por ano.
No maior estudo do género já feito, os peritos afirmaram que a identificação de variações de ADN numa localização específica, ou locus, do genoma ajuda a explicar por que motivo algumas crianças desenvolvem os tipos mais graves de malária e outras não, em comunidades nas quais as pessoas estão constantemente expostas ao mosquito portador da doença.
Em alguns casos, disseram os cientistas, a presença de uma variação genética específica reduz quase pela metade o risco de uma criança morrer por causa da doença.
«Podemos agora dizer, inequivocamente, que as variações genéticas nesta região do genoma humano proporcionam uma forte proteção contra a malária grave em situações do mundo real, marcando a diferença entre se uma criança vive ou morre», explicou Dominic Kwiatkowski, professora no Centro para Genética Humana e no Instituto Sanger da Fundação Wellcome, e uma das investigadoras que lideram o projeto.
O trabalho foi conduzido pela MalariaGEN, uma rede internacional de cientistas de África, Ásia e outras regiões com incidência endémica de malária, em grande parte financiada pela Fundação Wellcome.
A malária matou cerca de 584 mil pessoas em 2013, de acordo com dados da OMS. Cerca de 90% das vítimas são crianças da África subsaariana com menos de 5 anos.
Para o estudo, os investigadores analisaram dados provenientes do Burkina Faso, dos Camarões, do Gana, do Quénia, do Malawi, do Mali, da Gâmbia e da Tanzânia, comparando o ADN de 5633 crianças com casos graves de malária com o ADN de 5919 crianças sem malária grave. Depois, os cientistas replicaram as suas principais descobertas noutras 14 mil crianças.
Ao publicarem o seu trabalho na revista científica Nature, os investigadores explicaram que o novo locus identificado se encontra perto de grupos de genes com códigos relacionados com a glicoforina, uma proteína ligada ao modo como o parasita da malária invade os glóbulos vermelhos. Fonte: Aqui