O delegado regional de saúde, Humberto N’Bunhe N’tchala pediu médicos especialistas e parteiras para salvarem vidas da população da região de Quinará, que se encontra situada no Sul da Guiné-Bissau. Uma região com população estimada em 63.610 habitantes (sessenta três mil seiscentos e dez), de acordo com o senso de 2010, porém dispõe de 14 estruturas sanitárias (centros), nove das quais funcionam de momento. Em toda a região há apenas dois médicos de clínica geral. Os populares da zona juntaram igualmente as suas vozes com a do delegado para exigir as autoridades sanitárias o envio de médicos e parteiras para a região.
O repórter do Jornal ‘O Democrata’ esteve este fim-de-semana naquela região, onde constatou ‘in loco’ as dificuldades que as estruturas sanitárias daquela zona enfrentam, em particular, no que concerne à falta de médicos e parteiras. Alguns centros estão mesmo fechados há mais de dez anos devido à falta de técnicos e outros por causa do estado avançado da degradação em que se encontram.
Apesar do seu papel na história da luta de libertação do país, como região onde foi dado o primeiro tiro para o início da luta armada, aquando do ataque perpetrado por combatentes ao quartel de Tite, em 23 de Janeiro de 1963.
Quinará é uma das regiões mais pobres do país e enfrenta diversas dificuldades, sobretudo no que concerne às infraestruturas que poderiam tirar a região do isolamento e consequentemente ajudar no seu desenvolvimento. Estamos a falar de infraestruturas rodoviárias, escolares e hospitalares de referência que possam colmatar o sofrimento da população daquela zona.
As crianças e até mulheres grávidas são obrigadas a percorrer quilômetros para terem uma consulta médica. Um dos exemplos é o do centro de saúde da secção de Gã-Pará (Sector de Fulacunda) que foi fechado desde 2003, devido ao seu avançado estado de degradação, o que não permite um funcionamento normal e por falta de pessoal.
A população daquela secção constituída por mais de oito tabancas é obrigada a percorrer 25 quilômetros até ao centro de saúde mais próximo. Isto é, deslocam-se de Gã-Pará para a pequena cidade de Fulacunda, que fica a 25 quilómetros daquela secção.
A estrada que liga as duas localidades fica intransitável devido à água da chuva. O centro de saúde de Gã-Pará é um dos beneficiários de um apoio para as obras de reabilitação, no quadro do ‘Projecto Iniciativa H4+’, levado a cabo pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). As obras já estão a decorrer e se tudo correr como previsto, o centro será reaberto em Janeiro de 2017.
QUÍNARA DISPÕE APENAS DE UM BLOCO OPERATÓRIO QUE NUNCA FUNCIONA EM TITE
Os nove centros ou estruturas sanitárias que estão em funcionamento, cinco são considerados centros de saúde do “Tipo-C), três são do “Tipo – B” e um do “Tipo – A”.
Os três centros de saúde com a categoria do “Tipo – B” são os centros de Fulacunda, Empada e Buba. Este último é tido igualmente como o hospital de referência da região. A nível de toda a região, o único centro de saúde do “Tipo – A” é o centro do sector de Tite, que dispõe de um bloco operatório, mas que nunca funcionou desde o ano em que o hospital foi construído, na década de 1980, por falta de técnicos e especialistas a altura para trabalhar no serviço do bloco operatório.
O hospital de Buba, que também é tido como um centro de referência, não faz nenhuma intervenção cirúrgica, porque não dispõe de um bloco operatório.
Tendo em conta a falta de um bloco operatório nos centros da região, os doentes que necessitam de uma intervenção cirúrgica são transferidos para os hospitais de Catió, Bafatá e para a capital (Bissau), uma operação que depende, certas vezes, da disponibilidade financeira dos familiares dos doentes. De acordo com a narração dos enfermeiros do hospital de Buba, algumas famílias preferem levar os seus doentes para Catió ou Bafatá, devido a incapacidade financeira.
Os casos graves são evacuados directamente para Bissau, que dispõe de centros hospitalares de melhores condições. Nestes casos, os médicos ou enfermeiros fazem “finca-pé” para que os doentes em estado grave sejam transferidos para o hospital Simão Mendes.
QUATRO PRINCIPAIS CENTROS DE SAÚDE DE QUÍNARA
O hospital de Buba tem um médico que também é o delegado regional da saúde. Portanto, como administrativo, quase não trabalha como médico, por isso o hospital fica sem médico. O centro dispõe ainda de dois enfermeiros com curso superior, nove com o curso geral, dois auxiliares, uma parteira e dois técnicos de laboratório.
O Hospital conta com 36 camas para o internamento: 9 para medicina interna, 9 na pediatria, 4 na observação, 3 na maternidade e 4 no serviço de oftalmologia.
O centro de saúde de Fulacunda conta com um (1) enfermeiro como curso superior, quatro enfermeiros com o curso geral, um (1) técnico de laboratório. O centro tem ainda 16 camas para o internamento. O hospital de Empada, dispõe de um (1) enfermeiro com curso superior, cinco enfermeiros com curso geral, três enfermeiros auxiliares, uma parteira com o curso geral e dois técnicos de laboratório. Para o internamento, o centro conta com 34 camas.
O centro de Tite, que é considerado do “Tipo – A”, tem um (1) médico, sete enfermeiros com curso geral e um auxiliar. Conta ainda com um (1) bloco operatório que nunca funcionou por falta de técnicos qualificados. Hospital de Tite tem no total, 31 camas para o internamento de doentes.
BUBA BENEFICIA DE ‘BLOCO OPERATÓRIO’ CONSTRUÍDO POR UNFPA
O repórter do semanário ‘O Democrata’ constatou no local que as obras de construção do bloco operatório, sobretudo para cuidar dos casos de cirurgia obstétrica estão em curso. A construção do bloco operatório no perímetro do hospital insere-se no âmbito do ‘Projecto Iniciativa H4+’, levado a cabo pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), num valor orçado em 33 milhões de francos CFA.
Ainda de acordo com informações apuradas no terreno, a obra de construção foi iniciada em Setembro do ano em curso e será entregue o mais tardar até 31 de Dezembro de 2016. Será o primeiro bloco operatório a funcionar na região de Quinará.
O funcionamento do bloco operatório aliviará o sofrimento das populações, como também permitirá que os técnicos de saúde salvem mais vidas de doentes que poderiam ser tratados no centro, mas que são transferidos e muitas vezes morrem durante a viagem para outro centro.
DELEGADO REGIONAL DE SAÚDE QUEIXA-SE DE INSUFICIÊNCIA DE TÉCNICOS QUALIFICADOS
O repórter contactou o delegado regional de saúde, Humberto N’Bunhe N’Tchala, para abordar com ele a situação das estruturas sanitárias da região, sobretudo no concernente às questões da falta de técnicos para fazer funcionar alguns serviços bem como de doenças mais frequentes na região.
Doutor Humberto, nome pelo qual responde, era o único médico que trabalhava no centro de saúde de Buba e acumulava o cargo de delegado regional de saúde, o que lhe tirava tempo para outros trabalhos burocráticos, mas foi transferido para a região de Cacheu, para exercer a mesma função.
O delegado regional de saúde de Quinará explicou ao repórter que de momento, as doenças mais frequentes nos diferentes centros de saúde da região são o paludismo e alguns casos das infecções respiratórias. Contudo, frisou que houve melhoria em relação ao ano passado, onde registou-se mais casos de paludismo. Para o médico, isso demonstra que a população levou em conta os cuidados recomendados pelos agentes de saúde.
Interrogado se os centros de saúde da região estão em condições para dar respostas às necessidades da população, respondeu que “na verdade nenhum centro da região está à altura de dar respostas a cem por cento das demandas dos pacientes, porque todos enfrentam enormes dificuldades no concernente às condições técnicas de trabalho”.
“Há diagnósticos médicos que não se podem fazer na região de Quinará. Muitas vezes os doentes ou as grávidas são transferidos para os hospitais de Catió, Bafatá ou para capital Bissau. Por exemplo, se os técnicos estão com dúvidas sobre uma suposta ‘má formação da criança no ventre da mãe’ é preciso uma Ecográfia para comprovar o diagnóstico, mas a nível da região não há esse aparelho”, assegurou.
Avançou ainda que os grandes problemas com que a região se depara têm a ver com a insuficiência de técnicos qualificados, bem como de residências para os técnicos de saúde. Precisou ainda que os “técnicos apresentam as guias de colocação, mas logo enfrentam dificuldades em conseguir uma residência. Sabemos que os recém-colocados não recebem salário de imediato, e isso complica mais a sua situação. Portanto, é importante que o governo pense na construção de residências para técnicos no interior”.
HUMBERTO: ‘FAZ-SE ATENDIMENTO DE DIFERENTES TIPOS DE DOENÇAS NO CENTRO’
Indagado sobre os serviços oferecidos pelo centro de saúde de Buba que é tido como ‘hospital de referência da região’, o delegado regional da saúde informou que o centro tem disponíveis os seguintes serviços: medicina interna, pediatria, maternidade, oftalmologia.
Acrescentou neste particular que faz-se o atendimento de diferentes especialidades no centro. Contudo, sublinhou que se o paciente está em situação grave, o hospital providencia juntamente com a família a evacuação do doente para hospital com melhores condições.
Relativamente ao preço cobrado para as consultas médicas, disse que de acordo com as orientações do ministério da Saúde Pública, crianças com menos de cinco anos de idade, grávidas e adultos maiores de 60 anos são isentas de pagamento.
Informou ainda que as consultas para crianças custam 250 francos CFA e para adultos 500 francos CFA. Avançou também que tomaram a decisão de aumentar os preços de consulta, passando as consultas a serem cobradas a 500 francos para as crianças e 1000 francos para os adultos.
“Esta tarifa é aplicada apenas depois das 13 horas. Somos obrigados a aplicar esta tarifa devido à negligência das populações. As pessoas moram mesmo aqui em Buba, mas ficam em casa até as 13 e 14 horas para depois virem ao hospital. Quando lhes perguntamos o porquê da demora, alegam sempre que no período de manhã há muitas pessoas e que o tempo de espera é longo. Tentamos sensibilizá-las que as consultas são no período da manhã, mesmo assim não colaboram. Essa é a razão que nos levou a aumentar o preço de consultas naquelas horas”, contou o responsável.
No concernente aos meios de transporte para a evacuação de doentes para outros centros hospitalares de melhores condições, Humberto N’Bunhe N’ Tchala assegurou que o hospital dispõe de uma ambulância para evacuação dos pacientes, como também de uma Moto-Ambulância que entra no interior das aldeias para buscar doentes.
Enfatizou que nesta época das chuvas, a Moto-Ambulância não tem muita procura, dado que as vias rodoviárias estão todas cortadas pela água da chuva, o que não permite a circulação normal da mesma.
“A ambulância está a funcionar muito bem, mas a grande verdade é que não é suficiente para um hospital de dimensão regional. Este hospital faz o serviço de carácter regional, apesar de não estar em condições técnicas e materiais para fazê-lo. A demanda da população levam-nos a fazer o nosso máximo para dar respostas”, disse.
Lembrou que uma vez, a ambulância transportou um doente para Bissau e antes mesmo de chegar, deu entrada no hospital outro doente que se encontrava numa situação muito grave e que precisava também ser evacuado com urgência para Bissau e para ultrapassar o problema, resolveram solicitar o apoio do hospital de Quebo (região de Tombali) para evacuação daquele paciente.
“Doravante é assim que funcionamos, em estreita colaboração. Em caso de necessidade, solicitamos a ambulância de Quebo, eles também solicitam a nossa ambulância se estão em dificuldades. Compreendo a dificuldade que o nosso país enfrenta, mas é urgente que as autoridades dêm mais atenção à questão de saúde, sobretudo em criar as condições de funcionamento dos hospitais de referência nas regiões”, advertiu.
Frisou ainda que, com o funcionamento do bloco, a partir do próximo ano haverá mais necessidade de se deslocar ao interior, ou então, para outros centros de saúde para o transporte de doentes. Aproveitou a ocasião para apelar às autoridades no sentido de criarem mais condições para o hospital, bem como disponibilizar novas viaturas e Moto-Ambulância ao centro.
No entanto, recordou que todos os centros de saúde dos sectores que compõem a região têm ambulâncias. Asseverou que a ambulância do centro de saúde de Tite encontra-se em boas condições, mas que as dos centros de saúde da Fulacunda e Empada já estão cansadas, porque trabalham um dia e depois precisam ser levadas ao mecânico.
TAXA DE PREVALÊNCIA DO VIH/SIDA NA REGIÃO DE QUÍNARA É DE CINCO POR CENTO
Sobre as doenças sexualmente transmissíveis, o delegado regional de saúde informou que esse tipo de doenças existe na região, sobretudo a gonorreia (esquentamento), sífilis e o VIH/Sida. No entanto, contou que durante o primeiro semestre e a nível do sector de Buba, foram registados 7 casos de doentes de sífilis e que todos foram tratados.
Em relação a prevalência do VIH/Sida na região de Quinará, Humberto N’Bunhe N’Tchala avançou que os últimos dados disponíveis indicam que a prevalência do VIH/Sida na região é de 5%, tendo frisado que a situação da propagação da doença constituiu uma enorme preocupação das autoridades sanitárias.
“É preciso um trabalho sério para fazer com que a população acredite que o VIH/Sida existe na região. Os técnicos de saúde foram orientados para trabalharem na sensibilização das pessoas sobre os métodos de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. É difícil fazer as pessoas acreditarem na existência desta doença na região, porque não conhecem ou nunca viram os doentes. O problema é que nós, os técnicos de saúde, não podemos de alguma forma apontar dedo às pessoas dizendo que o fulano ou beltrano é portador de vírus do sida”, notou o delegado, que entretanto advertiu ainda que é necessário um trabalho sério para a consciencialização das populações da região sobre a existência do VIH/Sida, bem como dos métodos preventivos da doença.
Por: Assana Sambú
O repórter do Jornal ‘O Democrata’ esteve este fim-de-semana naquela região, onde constatou ‘in loco’ as dificuldades que as estruturas sanitárias daquela zona enfrentam, em particular, no que concerne à falta de médicos e parteiras. Alguns centros estão mesmo fechados há mais de dez anos devido à falta de técnicos e outros por causa do estado avançado da degradação em que se encontram.
Apesar do seu papel na história da luta de libertação do país, como região onde foi dado o primeiro tiro para o início da luta armada, aquando do ataque perpetrado por combatentes ao quartel de Tite, em 23 de Janeiro de 1963.
Quinará é uma das regiões mais pobres do país e enfrenta diversas dificuldades, sobretudo no que concerne às infraestruturas que poderiam tirar a região do isolamento e consequentemente ajudar no seu desenvolvimento. Estamos a falar de infraestruturas rodoviárias, escolares e hospitalares de referência que possam colmatar o sofrimento da população daquela zona.
As crianças e até mulheres grávidas são obrigadas a percorrer quilômetros para terem uma consulta médica. Um dos exemplos é o do centro de saúde da secção de Gã-Pará (Sector de Fulacunda) que foi fechado desde 2003, devido ao seu avançado estado de degradação, o que não permite um funcionamento normal e por falta de pessoal.
A população daquela secção constituída por mais de oito tabancas é obrigada a percorrer 25 quilômetros até ao centro de saúde mais próximo. Isto é, deslocam-se de Gã-Pará para a pequena cidade de Fulacunda, que fica a 25 quilómetros daquela secção.
A estrada que liga as duas localidades fica intransitável devido à água da chuva. O centro de saúde de Gã-Pará é um dos beneficiários de um apoio para as obras de reabilitação, no quadro do ‘Projecto Iniciativa H4+’, levado a cabo pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). As obras já estão a decorrer e se tudo correr como previsto, o centro será reaberto em Janeiro de 2017.
QUÍNARA DISPÕE APENAS DE UM BLOCO OPERATÓRIO QUE NUNCA FUNCIONA EM TITE
Os nove centros ou estruturas sanitárias que estão em funcionamento, cinco são considerados centros de saúde do “Tipo-C), três são do “Tipo – B” e um do “Tipo – A”.
Os três centros de saúde com a categoria do “Tipo – B” são os centros de Fulacunda, Empada e Buba. Este último é tido igualmente como o hospital de referência da região. A nível de toda a região, o único centro de saúde do “Tipo – A” é o centro do sector de Tite, que dispõe de um bloco operatório, mas que nunca funcionou desde o ano em que o hospital foi construído, na década de 1980, por falta de técnicos e especialistas a altura para trabalhar no serviço do bloco operatório.
O hospital de Buba, que também é tido como um centro de referência, não faz nenhuma intervenção cirúrgica, porque não dispõe de um bloco operatório.
Tendo em conta a falta de um bloco operatório nos centros da região, os doentes que necessitam de uma intervenção cirúrgica são transferidos para os hospitais de Catió, Bafatá e para a capital (Bissau), uma operação que depende, certas vezes, da disponibilidade financeira dos familiares dos doentes. De acordo com a narração dos enfermeiros do hospital de Buba, algumas famílias preferem levar os seus doentes para Catió ou Bafatá, devido a incapacidade financeira.
Os casos graves são evacuados directamente para Bissau, que dispõe de centros hospitalares de melhores condições. Nestes casos, os médicos ou enfermeiros fazem “finca-pé” para que os doentes em estado grave sejam transferidos para o hospital Simão Mendes.
QUATRO PRINCIPAIS CENTROS DE SAÚDE DE QUÍNARA
O hospital de Buba tem um médico que também é o delegado regional da saúde. Portanto, como administrativo, quase não trabalha como médico, por isso o hospital fica sem médico. O centro dispõe ainda de dois enfermeiros com curso superior, nove com o curso geral, dois auxiliares, uma parteira e dois técnicos de laboratório.
O Hospital conta com 36 camas para o internamento: 9 para medicina interna, 9 na pediatria, 4 na observação, 3 na maternidade e 4 no serviço de oftalmologia.
O centro de saúde de Fulacunda conta com um (1) enfermeiro como curso superior, quatro enfermeiros com o curso geral, um (1) técnico de laboratório. O centro tem ainda 16 camas para o internamento. O hospital de Empada, dispõe de um (1) enfermeiro com curso superior, cinco enfermeiros com curso geral, três enfermeiros auxiliares, uma parteira com o curso geral e dois técnicos de laboratório. Para o internamento, o centro conta com 34 camas.
O centro de Tite, que é considerado do “Tipo – A”, tem um (1) médico, sete enfermeiros com curso geral e um auxiliar. Conta ainda com um (1) bloco operatório que nunca funcionou por falta de técnicos qualificados. Hospital de Tite tem no total, 31 camas para o internamento de doentes.
BUBA BENEFICIA DE ‘BLOCO OPERATÓRIO’ CONSTRUÍDO POR UNFPA
O repórter do semanário ‘O Democrata’ constatou no local que as obras de construção do bloco operatório, sobretudo para cuidar dos casos de cirurgia obstétrica estão em curso. A construção do bloco operatório no perímetro do hospital insere-se no âmbito do ‘Projecto Iniciativa H4+’, levado a cabo pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), num valor orçado em 33 milhões de francos CFA.
Ainda de acordo com informações apuradas no terreno, a obra de construção foi iniciada em Setembro do ano em curso e será entregue o mais tardar até 31 de Dezembro de 2016. Será o primeiro bloco operatório a funcionar na região de Quinará.
O funcionamento do bloco operatório aliviará o sofrimento das populações, como também permitirá que os técnicos de saúde salvem mais vidas de doentes que poderiam ser tratados no centro, mas que são transferidos e muitas vezes morrem durante a viagem para outro centro.
DELEGADO REGIONAL DE SAÚDE QUEIXA-SE DE INSUFICIÊNCIA DE TÉCNICOS QUALIFICADOS
O repórter contactou o delegado regional de saúde, Humberto N’Bunhe N’Tchala, para abordar com ele a situação das estruturas sanitárias da região, sobretudo no concernente às questões da falta de técnicos para fazer funcionar alguns serviços bem como de doenças mais frequentes na região.
Doutor Humberto, nome pelo qual responde, era o único médico que trabalhava no centro de saúde de Buba e acumulava o cargo de delegado regional de saúde, o que lhe tirava tempo para outros trabalhos burocráticos, mas foi transferido para a região de Cacheu, para exercer a mesma função.
O delegado regional de saúde de Quinará explicou ao repórter que de momento, as doenças mais frequentes nos diferentes centros de saúde da região são o paludismo e alguns casos das infecções respiratórias. Contudo, frisou que houve melhoria em relação ao ano passado, onde registou-se mais casos de paludismo. Para o médico, isso demonstra que a população levou em conta os cuidados recomendados pelos agentes de saúde.
Interrogado se os centros de saúde da região estão em condições para dar respostas às necessidades da população, respondeu que “na verdade nenhum centro da região está à altura de dar respostas a cem por cento das demandas dos pacientes, porque todos enfrentam enormes dificuldades no concernente às condições técnicas de trabalho”.
“Há diagnósticos médicos que não se podem fazer na região de Quinará. Muitas vezes os doentes ou as grávidas são transferidos para os hospitais de Catió, Bafatá ou para capital Bissau. Por exemplo, se os técnicos estão com dúvidas sobre uma suposta ‘má formação da criança no ventre da mãe’ é preciso uma Ecográfia para comprovar o diagnóstico, mas a nível da região não há esse aparelho”, assegurou.
Avançou ainda que os grandes problemas com que a região se depara têm a ver com a insuficiência de técnicos qualificados, bem como de residências para os técnicos de saúde. Precisou ainda que os “técnicos apresentam as guias de colocação, mas logo enfrentam dificuldades em conseguir uma residência. Sabemos que os recém-colocados não recebem salário de imediato, e isso complica mais a sua situação. Portanto, é importante que o governo pense na construção de residências para técnicos no interior”.
HUMBERTO: ‘FAZ-SE ATENDIMENTO DE DIFERENTES TIPOS DE DOENÇAS NO CENTRO’
Indagado sobre os serviços oferecidos pelo centro de saúde de Buba que é tido como ‘hospital de referência da região’, o delegado regional da saúde informou que o centro tem disponíveis os seguintes serviços: medicina interna, pediatria, maternidade, oftalmologia.
Acrescentou neste particular que faz-se o atendimento de diferentes especialidades no centro. Contudo, sublinhou que se o paciente está em situação grave, o hospital providencia juntamente com a família a evacuação do doente para hospital com melhores condições.
Relativamente ao preço cobrado para as consultas médicas, disse que de acordo com as orientações do ministério da Saúde Pública, crianças com menos de cinco anos de idade, grávidas e adultos maiores de 60 anos são isentas de pagamento.
Informou ainda que as consultas para crianças custam 250 francos CFA e para adultos 500 francos CFA. Avançou também que tomaram a decisão de aumentar os preços de consulta, passando as consultas a serem cobradas a 500 francos para as crianças e 1000 francos para os adultos.
“Esta tarifa é aplicada apenas depois das 13 horas. Somos obrigados a aplicar esta tarifa devido à negligência das populações. As pessoas moram mesmo aqui em Buba, mas ficam em casa até as 13 e 14 horas para depois virem ao hospital. Quando lhes perguntamos o porquê da demora, alegam sempre que no período de manhã há muitas pessoas e que o tempo de espera é longo. Tentamos sensibilizá-las que as consultas são no período da manhã, mesmo assim não colaboram. Essa é a razão que nos levou a aumentar o preço de consultas naquelas horas”, contou o responsável.
No concernente aos meios de transporte para a evacuação de doentes para outros centros hospitalares de melhores condições, Humberto N’Bunhe N’ Tchala assegurou que o hospital dispõe de uma ambulância para evacuação dos pacientes, como também de uma Moto-Ambulância que entra no interior das aldeias para buscar doentes.
Enfatizou que nesta época das chuvas, a Moto-Ambulância não tem muita procura, dado que as vias rodoviárias estão todas cortadas pela água da chuva, o que não permite a circulação normal da mesma.
“A ambulância está a funcionar muito bem, mas a grande verdade é que não é suficiente para um hospital de dimensão regional. Este hospital faz o serviço de carácter regional, apesar de não estar em condições técnicas e materiais para fazê-lo. A demanda da população levam-nos a fazer o nosso máximo para dar respostas”, disse.
Lembrou que uma vez, a ambulância transportou um doente para Bissau e antes mesmo de chegar, deu entrada no hospital outro doente que se encontrava numa situação muito grave e que precisava também ser evacuado com urgência para Bissau e para ultrapassar o problema, resolveram solicitar o apoio do hospital de Quebo (região de Tombali) para evacuação daquele paciente.
“Doravante é assim que funcionamos, em estreita colaboração. Em caso de necessidade, solicitamos a ambulância de Quebo, eles também solicitam a nossa ambulância se estão em dificuldades. Compreendo a dificuldade que o nosso país enfrenta, mas é urgente que as autoridades dêm mais atenção à questão de saúde, sobretudo em criar as condições de funcionamento dos hospitais de referência nas regiões”, advertiu.
Frisou ainda que, com o funcionamento do bloco, a partir do próximo ano haverá mais necessidade de se deslocar ao interior, ou então, para outros centros de saúde para o transporte de doentes. Aproveitou a ocasião para apelar às autoridades no sentido de criarem mais condições para o hospital, bem como disponibilizar novas viaturas e Moto-Ambulância ao centro.
No entanto, recordou que todos os centros de saúde dos sectores que compõem a região têm ambulâncias. Asseverou que a ambulância do centro de saúde de Tite encontra-se em boas condições, mas que as dos centros de saúde da Fulacunda e Empada já estão cansadas, porque trabalham um dia e depois precisam ser levadas ao mecânico.
TAXA DE PREVALÊNCIA DO VIH/SIDA NA REGIÃO DE QUÍNARA É DE CINCO POR CENTO
Sobre as doenças sexualmente transmissíveis, o delegado regional de saúde informou que esse tipo de doenças existe na região, sobretudo a gonorreia (esquentamento), sífilis e o VIH/Sida. No entanto, contou que durante o primeiro semestre e a nível do sector de Buba, foram registados 7 casos de doentes de sífilis e que todos foram tratados.
Em relação a prevalência do VIH/Sida na região de Quinará, Humberto N’Bunhe N’Tchala avançou que os últimos dados disponíveis indicam que a prevalência do VIH/Sida na região é de 5%, tendo frisado que a situação da propagação da doença constituiu uma enorme preocupação das autoridades sanitárias.
“É preciso um trabalho sério para fazer com que a população acredite que o VIH/Sida existe na região. Os técnicos de saúde foram orientados para trabalharem na sensibilização das pessoas sobre os métodos de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. É difícil fazer as pessoas acreditarem na existência desta doença na região, porque não conhecem ou nunca viram os doentes. O problema é que nós, os técnicos de saúde, não podemos de alguma forma apontar dedo às pessoas dizendo que o fulano ou beltrano é portador de vírus do sida”, notou o delegado, que entretanto advertiu ainda que é necessário um trabalho sério para a consciencialização das populações da região sobre a existência do VIH/Sida, bem como dos métodos preventivos da doença.
Por: Assana Sambú