Um indivíduo cuja identidade não foi possível apurar, morreu nas mãos de populares, vítima de linchamento, na madrugada de segunda-feira (17), no 14º bairro da Manga, na cidade da Beira, província de Sofala.
Os supostos homicidas alegam que o malogrado integrava uma quadrilha de assaltantes.
Não se sabe ao certo o que realmente o finado fez a ponto de ser submetido a sevícias e queimado vivo pelos moradores daquela zona. Entretanto, regra geral, as vítimas da justiça pelas próprias, um pouco por todo o país, são acusadas de protagonizar assaltos em residências e na via pública, bem como de violação de mulheres e crianças.
No caso em apreço, a Polícia esteve no local do crime, mas não sabe ainda o que esteve por detrás do homicídio. Para além de ser espancado, o finado foi amarrado os membros inferiores e, em seguida, carbonizado.
O cadáver o malogrado estava irreconhecível e até ao fecho desta edição o mesmo não tinha sido reclamado.
Segundo apurou a nossa fonte, esta foi a terceira vítima de linchamento no 14º bairro e o oitavo em toda a cidade da Beira, ao longo deste ano.
Há casos desta natureza que não são reportados por vária
s razões. Contudo, alguns estudos sobre a matéria sugerem que as províncias de Maputo, Sofala, Manica, Zambézia e Nampula são onde este problema acontece com frequência.
Para o sociólogo moçambicano e Professor Catedrático, Carlos Serra, Moçambique é um país por natureza “linchatório”, mas não como o Brasil, e trata-se de um mal que persiste. “As cidades mais linchatórias são Maputo, Matola, Beira e Quelimane”.
O linchamento físico resulta, na maioria dos casos, da acusação de roubo, que abrange, normalmente, jovens do sexo masculino, “desempregados e muitas vezes indocumentados”. As vítimas nunca são as mulheres.
O académico, que falava, há um ano, uma Conferência Nacional sobre a Provisão do Acesso à Justiça e ao Direito, realizado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, através do IPAJ, considerou “existirem três tipos de linchamentos em Moçambique: físico, acusação de feitiçaria e linchamento psico-moral”.