Radio Sol Mansi, 15 Out 2016 - A Guiné-Bissau vai conhecer, nos próximos dias, o seu próximo primeiro-ministro. Trata-se de uma figura de consenso encontrada na reunião de quatro dias em Conacri. Umaro Sissoko, João Aladje Fadia e Augusto Olivais do PAIGC são os nomes propostos para o cargo
Os actores políticos guineenses conseguiram chegar a um acordo em Conacri para implementação dos 6 pontos da proposta da CEDEAO que visa um governo de inclusão para saída de actual crise política na Guine Bissau. O governo a ser nomeado terá a responsabilidade de, durante dois anos, isto é até 2018, garantir o fim desta legislatura.
As partes desavindas que estiveram em Conacri chegaram ao país, ontem, e na ocasião o presidente do parlamento, Cipriano Cassamá, afirma que o acordo rubricado em Conacri tranquiliza os guineenses que a criação de um governo inclusivo irá permitir o funcionamento normal da Assembleia Nacional Popular.
“O encontro em Conacri permitiu o grupo dos 15 sentar a mesma mesa com o PAIGC onde foi acordado que o grupo voltará ao partido sem condições prévias”, disse Cassamá.
Por sua vez, o secretário nacional do PAIGC, Aly Hijazi, disse que o seu partido cedeu ao acordo assinado, esta sexta-feira, porque tinha que ceder.
“Só se pode pedir a quem na realidade tem para dar, então o PAIGC é o vencedor das últimas eleições e foi quem formou o seu primeiro e o segundo governo e então tem que pedir aquele, na realidade, que, normalmente, discuti o posicionamento da sua legalidade em termos de formação de governo. Achamos que a nossa proposta é válida, é pertinente e é oportuna e temos pernas para andar”, refere o secretário nacional dos libertadores que adianta ainda que o seu partido está de acordo com as figuras propostas.
Para Florentino Mendes Pereira, do PRS, o seu partido sempre respeitou o primeiro acordo com a CEDEAO e o seu partido fez os cálculos e conhece os posicionamentos das partes, no entanto, na próxima semana o presidente da república deve ter um encontro com os mediadores para só depois anunciar o nome.
Já Braima Camara, do grupo dos 15 expulsos do PAIGC, garante que o acordo assinado em Conacri satisfaz o seu núcleo e se todas as partes signatárias do acordo cumprirem o acordo irá favorecer também o país em geral.
“Pela primeira vez, desde o início desta crise, conseguimos, todos os actores políticos, sentar a mesma mesa, discutirmos e dialogarmos profundamente analisando e reflectindo sobre conjunto de alternativas e de possibilidades para a saída desta crise”, explica.
Entretanto, Padre Domingos da Fonseca, em representação da sociedade civil, afirma as partes regressaram mais ao país mais serenos e tranquilos porque “os guineenses deram prova de que é possível um diálogo sério e profundo e deram a prova de que é possível uma negociação assentada e afirmada sobre os princípios constitucionais e o amor à pátria a promoção do bem comum”.
“Agora o que é importante é fazermos entender as pessoas que este acordo se torna um pilar para garantir de uma vez para sempre a coesão, a unidade e a estabilidade nacional”, disse.
“Não podemos continuar com esta dança diabólica que não leva o país a parte algum”
Sobre este acordo de 10 pontos assinado entre as partes guineenses em Conacri, a Rádio Sol Mansi, ouviu o seu comentador político, Rui Jorge Semedo, que afirma que este acordo é “incompreensível” porque demonstra uma “imposição” contra os políticos nacionais, porque na democracia não reina imposições.
No acordo desta sexta-feira, intitulado “acordo de Conacri”, constam 10 pontos, quatro a mais do anterior. A reunião foi presidida pelo presidente da Guiné-Conacri, Alpha Conde, igualmente mediador da CEDEAO. A reunião também teve o apoio das Nações Unidas.
Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos