O diplomata chinês, cuja missão termina no final do mês em curso, concedeu uma entrevista para o Jornal O Democrata em colaboração com a Rádio Comunitária Voz de Quelélé, para abordar o estado de cooperação entre a Guiné-Bissau e a China, com destaque para execução de vários projetos no país.
Durante a entrevista, o embaixador Wang Hua informou que a Guiné-Bissau perdeu duas grandes oportunidades no âmbito da cooperação com a República Popular da China em 2016. A primeira oportunidade desperdiçada foi em Julho último, quando cerca de cinquenta países africanos com propósito de materializar o consenso chegado na última cimeira do fórum de cooperação entre a China e África, levaram à capital chinesa, Pequim, seus projetos estratégicos definidos para a cooperação com o governo chinês.
“São mais de 300 projetos novos de cooperação que se estimam em mais de 50 mil milhões de dólares norte-americanos. Vários desses projetos já estão em execução neste momento. A Guiné-Bissau foi também à China neste âmbito, mas infelizmente por falta de uma definição clara da política de cooperação com a China, não apresentou uma ideia concreta, específica e viável para a cooperação entre os dois países, mas o governo chinês tomou a iniciativa de propor assinatura de um documento com a delegação do governo guineense que se encontrava em Pequim. Decidiu-se mudar o antigo esquema de cooperação e estabeleceu-se um acordo de cooperação em campo agrícola de dois anos, depois vamos fazer outro acordo de cooperação de três anos”, contou.
A segunda oportunidade perdida, prossegue o diplomata, é aquando da realização da conferência ministerial do Fórum de Cooperação Ministerial entre a China e os Governos dos países da língua portuguesa que decorreu em Outubro último, em Macau. Lembrou, neste particular, que o ex-Primeiro-Ministro, Baciro Djá, dirigiu uma delegação de mais de sete ministros, mas não levou nenhuma iniciativa de projecto viável capaz de mobilizar fundos do sector privado chinês para a Guiné-Bissau.
Hua acrescentou ainda que a instabilidade política prejudica a relação com os parceiros que têm dificuldade em encontrar um interlocutor estável devido às constantes mudanças da equipa governamental, tendo recordado que em três anos da sua função trabalhou com seis Primeiros-Ministros e os seus respectivos governos.
Apesar de situação de constantes alterações de governos na Guiné-Bissau, o embaixador explicou que “o Governo Chinês tomou uma iniciativa de perdoar o crédito da Guiné-Bissau estimado em mais de 30 milhões de dólares norte-americanos. Depois de ter perdoado a dívida, o governo chinês ofereceu outro apoio financeiro ao seu homólogo da Guiné-Bissau no valor de 100 milhões de Yuan, em apoio a projetos infraestruturais. É a parte deste montante que se vai financiar a construção de auto-estrada de Safim e Bissau. Esses apoios são donativos a nível governamental, mas não comparáveis aos apoios que se podia receber através de participação de sector empresarial chinês, onde se podia obter grandes apoios”, referiu.
Questionado durante a entrevista se a China abriria a possibilidade de apoiar a seleção nacional durante o CAN de Gabão, Wang Hua admite que se houver pedido feito neste sentido ao nível governamental é possível que a China tomaria o engajamento de apoiar, financeiramente, a participação dos ‘Djurtos” nos jogos do CAN.
Por: Redação