domingo, 8 de outubro de 2017

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE BOLAMA FUNCIONA SEM APOIO LOGÍSTICO DO ESTADO

O atual governo liderado por Umaro Embaló, está a fazer um trabalho extraordinário, se os (des)governos de DSP tivessem feito um bom trabalho como o atual governo, a ENAC e outras escolas não estariam na situação em que se encontram.
 
DSP e seus acólitos, só sabem conjugar os verbos roubar e desviar. De recordar que os larápios assaltaram a casa de João Bernardo Vieira(JBV) e levaram cerca de 3 milhões de euros, muitos ministros de DSP roubaram dinheiro do estado e construíram mansões em Bissau,  DSP e seus amigos simularam resgate aos bancos e receberam comissões no valor de 6 milhões de euros, esse montante colossal dava para financiar as escolas e outras instituições do estado, mas isso não aconteceu, por outro lado, DSP pela sua vaidade, comprou carros blindados nos EUA e ostentava sinais de riqueza num curto espaço de tempo, sem se preocupar com as condições das escolas, hospitais e da população em geral. enfim! O gajo é mesmo irresponsável.  
 
[REPORTAGEM] O Diretor da Escola Normal Amílcar Cabral (ENAC), Mamadú Baldé, revelou em entrevista a O Democrata que uma das quatro unidades de formação de professores do país, Amílcar Cabral, pode deixar de funcionar devido às carências e acusa o Estado de ter negado assumir  a sua responsabilidade.
 
Detalhando o assunto em pormenores, Mamadú Baldé disse que a escola histórica que funciona desde a era colonial passou por diversas fases. Começou a funcionar em 1966, na altura os alunos iam até quarto nível, ou seja, 4ªclasse. Após a independência passou do quarto nível à 6ª classe e mais tarde alargou os níveis  de 6ª para a 9ª classe.

A única escola pública de formação de professores vocacionada para formar professores do ensino Básico de 1ª a 9ª classe, com a duração de três anos tem agora o perfil de entrada para o curso o 12º ano de escolaridade e é feito mediante  um processo de exame de admissão administrado pela própria direção da escola.
 
Bolama, antiga capital da administração colonial, conta com mais de dez mil habitantes, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2009.
 
BALDÉ: ‘ESTADO NÃO APOIA EM NADA NEM DISPONIBILIZA FUNDOS PARA A ALIMENTAÇÃO’
 
A escola funcionava apenas em regime do internato, mas por não estar em condições de cumprir com as exigências da procura, garantir a sobrevivência e sustentar o regime de internato está a ter problemas enormes.
 
“Agora a procura é maior que a oferta. Muitos alunos recorrem atualmente à escola. Contamos neste momento com mais de duzentos estudantes, por isso somos obrigados a alargar o plano para ajudar os residentes em Bolama e acabamos por decidir que os que têm  residência em Bolama são admitidos, mas terão que cumprir as regras do internato”, conta Mamadú o antigo estudante daquela escola e atual diretor da mesma.
 
Mamadú revelou, contudo, que há fortes  possibilidades de, no futuro, a escola deixar de ter o regime do internato porque  o Estado guineense não apoia em nada nem disponibiliza fundos para a alimentação dos estudantes.
 
Informou ainda que as receitas resultantes das matrículas também não são suficientes para garantir que a escola continue com o regime do internato, por causa das despesas.
 
Para conseguir aguentar certas despesas básicas, a escola é obrigada a recorrer à algumas instituições e parceiros para recolher deles fundos para fazer funcionar o regime de internato, “mas esse apoio exige muita ginástica”, disse.
 
“Havia no país muitos internatos, mas todos acabaram por encerrar as portas excepto este de Bolama. Estou a dirigir esta escola há mais de dez (10) anos, apesar de ter sido exonerado umas vezes. Mas digo que ao longo destes anos que estou a frente conseguimos ter sucessos,”.
 
Mamadú Baldé disse que a escola precisa de apoio, por ser a única a nível nacional que ainda funciona em regime do internato, com uma parte interna e outra externa. A externa para os residentes em Bolama e interna para os de outras regiões incluindo o Setor Autónimo de Bissau.
 
“Se não fossem os esforços internos, este internato já teria fechado as suas portas há muito tempo, Houve recomendações para fechá-lo, porque o  Estado não apoia, mas a nossa intenção  é ver sempre  a escola a funcionar, porque é a única instituição pública que impediu  Bolama  de estar no  isolamento total. Imaginemos que se esta escola deixasse de funcionar como seria a vida dos bolamenses em termos de formação e isolamento”, questionou.
 
O Professor afastou, no entanto, qualquer hipótese de o seu ”finca-pé” estar ligado a ele mesmo enquanto filho de Bolama, mas também por ser guineense e que é nesse sentido que vai continuar a trabalhar para que a escola não feche as portas, pondo em risco futuro de milhares de jovens desfavorecidos que não possuem condições financeiras para prosseguirem os seus estudos noutras faculdades em Bissau.
 
Lembrou, por isso, que estudar em Bissau é mais difícil e acarreta muitos custos: desde residência, transportes, livros, comida, entre outros “e a família rural às vezes não possui essas condições para poder suportar os estudos dos filhos em Bissau”, acrescentou.
 
“Muitos acabam por ficar e estudar aqui por ser mais barato. Fazem o curso em três anos e automaticamente são empregados pelo Estado. Depois de renderem em termos monetários auto-financiam-se  e fazem outros cursos nas outras faculdades em Bissau nomeadamente, enfermagem, comunicação, engenharia, Ciência de educação entre outras áreas do saber”, sublinha.
 
Neste sentido, foram adoptadas algumas exigências que os estudantes devem observar, sobretudo, no que tem a ver com a definição do perfil de qualidade para desenvolver o país, fortificar e melhorar a qualidade do ensino na Guiné-Bissau.
 
O valor pago na matrícula para os estudantes internos é o mesmo que se aplica aos estudantes externos. A direção decidiu dar mais oportunidades aos externos, porque nessa situação terão condições  logísticas para suportar a alimentação,  residência, eletricidade e as pesquisas.
 
A escola conta no computo geral com menos de 16 (dezasseis) elementos do pessoal menor e quatro funcionários administrativos. Um diretor, financeiro, um responsável administrativo e uma secretária. É assegurada por um grupo de quarenta professores, e o número de professores licenciados é inferior ao dos que tem o bacharelato, porque no universo das quatro unidades de formação de  professores só uma dá a licenciatura e as outras não têm  condições necessárias para formar estudantes com o grau de licenciatura.
 
No caso específico da Bioquímica, não existem laboratórios para as aulas práticas. Por esse motivo tem 27 (vinte e sete) professores efetivos e uma média de 29 (vinte e nove) novo ingresso e contratados. A maioria dos professores contratados ocupa-se apenas de aulas da prática pedagógica.
 
 “O maior número de professores é formado com a categoria de bacharelato e precisam de mais formação para se atingir a licenciatura. Estamos a perspectivar subir de categoria, ou seja, sair de escola normal para a escola superior da educação, mas isso dependerá da categoria dos professores que podemos ter dentro do prazo definido”,  ressalva.
 
Uma das dificuldades que mais fustiga a escola tem a ver com a logística. Às vezes a direção não consegue garantir as duas principais refeições, o almoço e o jantar, porque a escola não possui fundos e nem apoios do Estado para fazer face à situação.
 
“Gerimos a escola no meio de muitas dificuldades, por isso pedimos e arrogamos ao governo, ao Ministro da Educação e do Ensino Superior, a sua equipa e todos os responsáveis pelo setor da educação que prestem o seu apoio à escola. Tem que haver diligências junto do ministério das finanças e do chefe do governo para a criação de fundos   a favor da escola. Em média, o centro forma em cada ciclo de três anos, mais de oitenta estudantes, mas sem apoio do Estado”, lamenta.
 
Segundo Mamadu Baldé, a escola chegou a receber duas vezes  apoio do ministério das finanças e, desde então, nunca mais recebeu nada da parte do Estado guineense. Outra ajuda que recebia vinha do Programa Alimentar Mundial, em géneros alimentícios (óleo de cozinha, arroz, feijão, farinha de milho), mas que depois o PAM suspendeu tudo por causa de algumas exigências que não contemplavam apoios às escolas de formação. Geralmente, o PAM apoia as escolas do ensino básico, doentes com graves problemas de saúde e desnutridos.
 
Para não ficar parada, a escola recorreu à Organização Não Governamental – Parceiros Internacionais para o Desenvolvimento Humano (IPHD) de apoio às cantinas escolares.
 
De acordo com as dificuldades apresentadas ao IPHD, o programa decidiu anexar a escola ao leque das instituições que apoia. Assim, o centro passou a receber  apoio de três em três meses e os dois meses restantes são  suportados pela escola.
 
Apesar de estar em marcha o plano de tornar a escola numa instituição do ensino superior e criar condições para fazer algumas mudanças, em particular mudar a categoria e inovação da escola, os responsáveis pelo centro continuam a insistir que o regime do internato se mantenha.
 
Um dos desafios de atual direção é elevar o nível dos professores que lecionam naquela escola com o título de bacharel e, consequentemente, passarem para licenciatura, os licenciados devem subir a mestrados e mestrados a categoria dos doutorados. A direção diz que alguns planos já foram avançados, no âmbito da cooperação com a Viana do Castelo, em Portugal.
 
Dados estatísticos indicam que a escola dispõe de sete salas de aula, um centro de língua portuguesa, uma sala de informática, residência para internados divididos em dois pavilhões, residência de professores e diretor e dois campos para a prática de futebol 11 e da modalidade do basquetebol. Anualmente, os estudantes pagam cinquenta mil francos CFA de propina em duas prestações.
 
Considerou, contudo, que o nível de ensino nas escolas de formação de professores e dos seus estudantes tem vindo a melhorar paulatinamente, mas admite que houve momentos em que isso era ruim, sobretudo antes da independência.
 
Relativamente à questão de segurança, o diretor afirma que não se verificam roubos em Bolama, apenas uma vez um armazém foi assaltado e os assaltantes roubaram alimentos e até agora continuam em fuga.
 
Os estudantes que mais procuram os serviços daquela  escola são os da região de Bafafá, Gabú e a região de Bolama Bijagós. A maior parte dos professores foi estudante da ENAC. A escola esteve em ruinas até 2010, mas foi reabilitada de raiz graças aos apoios da União Europeia e do IPHD, num valor não revelado.
 
 
Por: Epifania Mendonça
Foto: E.M
Agosto 2017