A Guiné-Bissau tem vindo a registar "um aumento preocupante" de casos de crianças com diabetes, disse hoje à Lusa o médico Mboma Sanca, chefe dos serviços dos cuidados intensivos no hospital Simão Mendes de Bissau.
"A diabete sempre existiu no mundo, mas não é normal atacar as crianças", notou Mboma Sanca, que chama atenção do Governo para a necessidade de se "criar rapidamente uma resposta nacional".
Segundo Sanca, a Guiné-Bissau conta com programas de combate ao HIV/SIDA, tuberculose ou malária, mas não tem nada semelhante para lutar contra a diabetes que disse estar a afetar "cada vez mais" os guineenses.
Mboma Sanca acrescentou que "a situação é tão grave" pelo facto de a Guiné-Bissau não possuir os medicamentos necessários para tratar doentes atingidos com a diabetes do tipo 1 que só são tratados com a insulina.
"Na Guiné-Bissau não temos insulina, porque, como se sabe não temos cá fábricas de medicamentos e a insulina é um químico que precisa ser conservado numa determinada temperatura ambiente", notou o médico.
A preocupação de Mboma Sanca aumenta perante o facto de as crianças com diabetes serem quase todas atingidas com a variante 1 daquela doença, ou seja, as que só podem ser tratadas com a insulina.
Para "tentar mudar o quadro negro", o médico está em vias de criar uma associação, para já, com uma assistente social guineense, que mora e trabalha na Suíça, também ela diabética, com a finalidade de ajudar as crianças em Bissau.
A ideia é criar uma Casa de Acolhimento de crianças com diabetes. A assistente social recolheria os apoios, máquinas de medir a glicémia, a insulina e outros medicamentos na Suíça e o médico tratava das crianças em Bissau.
Na Casa, as crianças e os pais serão ensinadas a alimentarem-se corretamente e tratarem-se e ainda teriam acesso à escola, tudo sob a responsabilidade da associação, precisou o médico.
Para concretizar a ideia, a associação necessitará de dinheiro, mas por enquanto, adiantou Mboma Sanca, duas crianças com diabetes já se encontram em Bissau sob os cuidados dos dois associados da futura associação.
"Os pais de uma das crianças que temos na nossa guarda nem sabiam que o filho era diabético", lamenta-se Mboma Sanca, perante o desconhecimento de muitas famílias têm da doença.
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