terça-feira, 20 de março de 2018

POPULARES DE BOÉ BENEFICIAM DE POÇOS DE ÁGUA

Radio Sol Mansi, 20 Março 2018 - As aldeias de Lugadjol e Beli, duas povoações que compõem o sector de Boé, região de Gabú, leste do país, beneficiaram, este fim-de-semana, de dois poços de água melhorados incluindo uma máquina de descasque de arroz. Dantes os populares caminhavam quilómetros a procura de água potável

A iniciativa é da ONG Assistência Medica Voluntária (AMEV) e enquadra-se no âmbito dos projectos de construção de poços de água melhorados e na construção de bancos de cereais no sector de Boé e pitche (também na região de Gabú), isto é, nos apoios da ONG Tabanka e da fundação PIME Onlus.

Apoio das ONG,s

Numa entrevista exclusiva á Rádio Sol Mansi (RSM), o presidente da ONG Assistência médica voluntaria, Malam Sabali, explica que Boé pela sua característica geográfica é uma zona de difícil acesso e para além disso o acesso a água é “muito difícil”.
“Temos dois principais projectos que estamos a desenvolver no sector, projectos de banco de cereais e de poços melhorados e também pretendemos sensibilizar as mulheres no sentido de diversificar as suas produções com isso melhorarem a alimentação das suas famílias”, adianta Malam Sabali.

Para a médica Sónia Prexler, da ONG alemã Tabanca, entidade financiadora do projecto, o apoio deverá ter seguimento com o apoio nas áreas de saúde e agricultura para ajudar a população a ter uma boa alimentação e para que as crianças cresçam “fortes”.

Populares lançam grito de socorro

Sacamussa Camara, habitante de Lugadjol, lamentou a forma como a tabanca foi esquecida pelas autoridades nacionais, apontando as dificuldades quase em todos os sectores e contou à Rádio Sol Mansi a importância que poço de água nas suas actividades que outrora caminhavam quilómetros para conseguir a água potável.

“Não temos nada aqui se não cansaço”, lamenta.

Em Beli sede de sector de Boé é onde se nota em parte a presença do Estado, com um centro de saúde que tem dois técnicos de saúde mas que também recebe doente de outras povoações, como da Lugadjol, que foi confirmado por Sadjo Culubali, que conta, no entanto, que o pedido dos poços foi feito pelas mulheres da tabanca.

“As mulheres pretendiam construir as suas hortaliças e já foi feita porque ajuda-nos muito na alimentação das nossas crianças e o dinheiro da venda dos produtos ajuda no pagamento das escolas dos filhos e a máquina de descasque de arroz vai nos ajudar ainda mais”, enfatiza.

Boé

Por duas vezes a região de Gabú foi considerada o berço da Guiné-Bissau. Para além de Gabú ter o nome do reino que esteve na génese da Guiné-Bissau, Boé deu abrigo à resistência guineense que aqui declarou a independência do país, a 24 de Setembro de 1973.

O sector é rico em bauxite cuja exploração poderá ter um impacto positivo na actividade económica da região mas ameaça reflectir-se no já frágil equilíbrio ecológico dos parques naturais circundantes. A população tem crescido, habitando neste sector cerca de 12.000 pessoas, distribuídas em cerca de 85 povoações, onde a etnia Fula é predominante.

Isolamento

Boé tem cerca de 33 quilómetros de Gabú mas a estrada de terra batida encontra-se em mau-estado, tornando-se praticamente intransitável entre Maio e Outubro, época das chuvas.

A Rádio Sol Mansi constatou ainda que o motor da jangada que faz travessia no rio Tchetche está com avaria técnica e só funciona quando é puxada pelos jovens da zona em troca de dinheiro. A jangada facilita a passagem das pessoas, transportes de animais, com isso, é a via mais fácil que faz a ligação da cidade de Gabú ao sector.

A tabanca de Lugadjol situada a alguns metros do local onde foi proclamada a independência e tem 160 habitantes, para além das dificuldades em conseguir água potável, não tem nenhum centro de saúde e a escola construída pelo Ajuda de Povo para Povo (ADPP) tem um professor que neste momento encontra-se doente e os alunos são obrigados a ficarem em casa.

Pode-se dizer que as populações daquela localidade são esquecidas pelas autoridades nacionais porque a maiores das suas necessidades são feitas na república vizinha de Conacri.


Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos / Anézia Tavares Gomes