quinta-feira, 7 de junho de 2018

GUINÉ-BISSAU: 20 ANOS DE TRISTE MEMÓRIA

07 de Junho de 1998 à 07 de Junho de 2018, 20 anos de angustia e sofrimento, 20 anos de triste memória. A guerra  civil de 07 de Junho de 1998 à Maio de 1999 destruiu o país e dizimou várias vidas, as feridas continuam por sarar e as consequências dessa guerra que começou no seio do PAIGCWOOD entre os seus camaradas ainda se fazem sentir. Era bom que o PAIGCWOOD (partido desestabilizador, manipulador e máquina mortífera do povo guineense) refletisse sobre esse massacre. Por causa das intrigas e problemas entre os seus camaradas, o povo guineense pagou uma fatura cara e continua a pagar com juros altíssimos.   Chega PAIGCWOOD! 

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A Guiné-Bissau não é uma Nação, ao contrário do que diz o hino nacional do país. “Ramos do mesmo tronco / olhos na mesma luz / esta é a força da nossa união / cantem o mar e a terra / a madrugada e o sol / que a nossa luta fecundou”. É mentira.


Salvo raríssimas excepções, de que o presidente interino Henrique Rosa foi exemplo raro, os dirigentes guineenses pouco ou nada se têm preocupado com a união dos povos da Guiné-Bissau. De facto, não são “ramos do mesmo tronco”. Muito do que se passou na guerra civil, só foi possível porque, realmente, o povo lhes interessa muito pouco.


O último tiro dessa guerra fraticida foi disparado em 7 de Maio de 1999. Quando já nada havia a fazer para salvar o regime, Nino e Ansumane ainda mandavam disparar.


O último obus caiu no pátio de uma escola dos missionários do PIME. O local estava apinhado de populares, que ali se tinham refugiado do tiroteio nas ruas de Bissau.


Aquela multidão de homens, mulheres e crianças ouviu o assobio do voo do obus, um som cada vez mais agudo. No último segundo devem ter adivinhado o que se ia passar.

Mas já não havia tempo…

Estas fotos foram-me mostradas pelo padre João, que as tirou com a raiva de denunciar esta barbárie. Na altura, fiz uma reportagem à volta destas imagens.


Quarenta morreram logo no local. O depauperado Hospital Simão Mendes recebeu mais de 280 feridos. Muitos morreram aí nos dias seguintes, devido à gravidade dos ferimentos e à míngua de tratamento médico capaz de debelar infecções oportunistas.


Foi o último tiro daquela guerra. Um tiro demasiado cruel e inútil.