sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

“AS MENTES DA GUERRA DEVEM SENTIR QUE SÃO UMA MINORIA” – ARMANDO GUEBUZA

Num discurso dominado pela crispação com a Renamo, Guebuza também devolveu à crítica as vozes contra o modelo da indústria extractiva e redistribuição da riqueza. Os números do desenvolvimento não ficaram para trás 
Ataques da Renamo
Enquanto decorria o diálogo entre o Governo e a Renamo, passámos a testemunhar, desde Abril, à escalada da violência armada contra pessoas e bens, ao longo da EN1, troço entre o rio Save e Muxúnguè e na região de Vundúzi, protagonizada pela Renamo. Para garantir a livre e segura circulação de pessoas e bens naquela região, o Governo decidiu aumentar a presença das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Seis meses depois, as FDS viram-se obrigadas a restabelecer a ordem e segurança públicas, ocupando Santungira e Marínguè, pontos a partir dos quais a Renamo organizava as suas investidas. As FDS não estão a realizar acções ofensivas. Pelo contrário, a Renamo, e não supostos homens armados da Renamo, é que protagoniza ataques, matando, mutilando e destruindo.
Autoridade do Estado
Continuaremos a prestar atenção à capacidade das FDS para garantirem a defesa e integridade territorial. Estamos a reabilitar e a construir infra-estruturas de aquartelamento, a criar e a adequar as instituições de formação e treino dos militares e a equipar o Exército, a Marinha de Guerra e a Força Aérea, a fim de adequá-los ao ambiente estratégico nacional e internacional. As FDS estarão cada vez mais preparadas para defender o povo, impor a paz, dissuadindo, com eficácia todas as tentativas de perturbar a ordem política e social. O desarmamento da Renamo é uma questão prioritária, pois este partido deve conformar-se com a Constituição, que prevê a existência de um único exército.
Diálogo
Ao longo deste ano continuámos a promover e a diversificar mecanismos de interacção com as forças vivas da sociedade. É neste contexto que decorre, em Maputo, o diálogo entre o Governo e a Renamo, em resposta ao pedido deste partido. O Governo está comprometido com o diálogo com todos os segmentos da sociedade. Queremos, aqui, reafirmar a nossa incondicional predisposição de nos encontrarmos com o Senhor Afonso Dhlakama para o diálogo. Nós, e repetimos, não queremos a guerra em Moçambique. Os entendimentos do diálogo devem garantir melhores condições de vida aos moçambicanos e reafirmar os direitos constitucionais dos cidadãos e a indivisibilidade da Pátria. O diálogo não é uma imposição unilateral de vontades sobre governação. Isso é perigosamente anti-democrático para a nossa Pátria.
Raptos
Os raptos são crimes que traduzem o cúmulo do desrespeito pela dignidade humana, expressam insanidade moral e sublinham o menosprezo pelos mais elementares valores de cidadania. São crimes em que o ser humano é sequestrado e usado como mercadoria, cujo preço é arbitrário, nojento e repugnantemente fixado pelo raptor. Como quaisquer outros crimes hediondos, os raptos merecem o nosso mais veemente repúdio e resposta enérgica, firme e adequada, através das instituições do Estado, com a participação de toda a sociedade e pessoas de bem. Perante estes fenómenos criminais, temos estado a tomar medidas visando a sua prevenção e combate. Outros crimes que constituem preocupação são os roubos com recurso a armas de fogo, as violações, o estupro e os homicídios voluntários.
Estado  da  Nação
Como demonstram as reflexões e os resultados que dão corpo à presente informação anual sobre o Estado Geral da Nação, apesar dos ataques armados da Renamo, continuamos todos empenhados e determinados a consolidar a unidade nacional, a paz e a democracia, dando a devida atenção aos desafios que, à volta de cada um deles enumerámos. O resultado desta avaliação permite-nos afirmar que Moçambique, esta comunidade de valores nobres, continua a caminhar, decidida e imparavelmente, para a prosperidade e o bem-estar.