ministro dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades da Guiné-Bissau, Fernando Delfim da Silva, já fez o seu pedido de demissão, soube a GBissau.com de uma fonte do MNE.
A carta de demissão de Delfim da Silva já está nas mãos do Presidente da República de Transição, Manuel Serifo Nhamajo. Esta tarde, pelas 17 horas de Bissau, Delfim terá um encontro com Nhamajo.
A decisão de Delfim da Silva tem a ver com o escândalo diplomático entre a Guiné-Bissau e Portugal, no caso dos 74 sírios que viajaram de Bissau para Lisboa, num voo da transportadora portuguesa, a TAP.
De acordo com as autoridades portuguesas, este grupo de sírios viajavam com passaportes falsos.
Ainda ontem, Delfim da Silva lamentava o incidente que qualificava de triste. ”Do ponto de vista do Estado, temos que lamentar o sucedido, apurar as responsabilidades e tirar as consequências”, dizia Delfim da Silva.
Mas, na verdade – e de acordo com as informações obtidas pela GBissau.com — Fernando Delfim da Silva está extremamente desapontado com a forma como os vistos de turismo e de transito foram emitidos pela Embaixada da Guiné-Bissau em Marrocos.
A referida embaixada terá dado vistos a 74 pessoas sem previamente consultar o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau. Pior ainda: a embaixada só teria dirigido uma carta ao MNE horas antes dos cidadãos sírios se desembarcarem em Bissau, o que teria apanhado as autoridades nacionais “de surpresa”. Fontes do MNE falam em “negociatas” e doutras atitudes ainda por esclarecer. O Governo de transição já disse que vai investigar o caso e apurar responsabilidades.
Mas este caso dos sírios não tem sido a única decepção de Delfim da Silva. O ministro ter-se-ia sentido isolado aquando do espancamento do Ministro de Estado Orlando Viegas. Nessa altura, de acordo com a nossa fonte, durante uma reunião do Conselho de Ministros, Delfim da Silva tentou persuadir os seus colegas no sentido de pedirem uma demissão em bloco (mesmo que fossem reconduzidos depois), em jeito de solidariedade para com o Ministro dos Transportes e das Telecomunicações. Mas, aparentemente, ninguém se alinhou. Orlando Viegas tinha sido gravemente espancado e encontra-se em tratamento em Portugal.
Por último, de acordo com uma fonte com o conhecimento do assunto, Delfim da Silva não quer continuar nessa de “um passo para a frente e dois passos para atrás”.
É de recordar que o ministro teve grandes sucessos nos últimos meses, nomeadamente nas conversações que tiveram lugar nas Nações Unidas, na recente Cimeira da Francofonia em Paris e nas reuniões regionais da CEDEAO e da União Africana.