O ministro do Interior do Governo de transição guineense, António Suca Ntchama, foi hoje ouvido pelo Ministério Público como suspeito no caso do incidente com o avião da TAP, disse à Lusa o advogado do governante.
António Suca Ntchama
Basílio Sanca disse que Suca Ntchama foi ouvido durante seis horas por dois magistrados do Ministério Público, mas no final da audiência não foi especificado se o ministro foi constituído arguido.
"Não há uma acusação. Ele foi apenas ouvido nos autos. Estamos a espera do despacho dos magistrados. Ele entrou aqui como suspeito", disse Basílio Sanca.
As conclusões de uma comissão de inquéritos instaurada pelo Governo apontam António Suca Ntchama como principal responsável pelo embarque de 74 sírios com passaportes falsos no aeroporto de Bissau num avião da TAP para Lisboa, onde depois pediram asilo político a Portugal.
O ministro, que entretanto, colocou o lugar à disposição do Presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo, saiu da sala dos interrogatórios acompanhado por dois agentes da polícia da sua escolta pessoal.
Apesar de ter colocado o lugar à disposição desde sexta-feira passada, o ministro Suca Ntchama ainda se mantêm em funções.
O advogado de Suca Ntchama disse que o seu constituinte saiu da audiência no Ministério Público para a sua residência.
"Ele vai para sua casa porque não conhecemos o teor do despacho dos magistrados", disse Basilio Sanca.
As conclusões da comissão de inquérito instaurada pelo Governo referem que Suca Ntchama terá exigido, por telefone, ao chefe da escala da TAP em Bissau que este autorizasse o embarque dos 74 sírios com passaportes falsos para Lisboa.
A comissão presidida pelo ministro da Justiça, Saido Baldé, negou que tivesse havido qualquer recurso a arma de fogo para pressionar a tripulação da TAP ou mesmo o chefe da escala da companhia aérea portuguesa no momento do embarque dos sírios.
Um cidadão guineense, de 51 anos e comerciante, está detido desde o dia 11 deste mês apontado como sendo o responsável pela ida de Marrocos para Bissau dos sírios.
Na sequência deste incidente, que o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, considerou que se assemelhava a um "ato de terrorismo", a TAP cancelou os voos para Bissau.