África é conhecida por muitos motivos – e boa parte deles é cada vez mais positiva. Há destinos turísticos de tirar o fôlego, espaços que contam histórias de séculos ou cidades cheias de energia urbana. Mas há também um lado que costuma ser mais «estranho», sobretudo para europeus. E um belo exemplo disso está em Lomé, a capital do Togo. Falamos do Akodessewa Market. É conhecido por ser o maior mercado de feitiçaria do mundo.
O Akodessewa é uma paragem obrigatória para todos aqueles que procuram os ingredientes certos para poções ou voodoo. Quando ali se chega, pode parecer apenas, à primeira vista, uma oficina com pouca gente, mesas de madeira e muito pó. Mas, ao aproximarmo-mos, a realidade revela-se: há pilhas de cabeças, caudas e patas de diversos animais. E é esse o primeiro grande embate com o Akodessewa Voodoo Market.
Para quem não está familiarizado com este tipo de assuntos, vale a pena dizer que ali aparece de tudo – mesmo coisas que podem parecer muito estranhas. Desde corações de cavalos a caveiras de macacos já secas, passando por peles de cobras ou cabeças de gorilas, quase tudo o que imaginamos nestes termos pode encontrar-se ali. Nada é, claro, próprio para cozinhar ou consumir: são apenas objetos usados na medicina tradicional, por exemplo, ou para feitiços. E diz quem já por lá passou como turista que mesmo os mais intrépidos tremem com esta experiência.
Ali, o voodoo chama-se «voudou». E tem pouco ou nada a ver com aquilo que a cultura pop vê nele – bonecas de trapos ou zombies com alfinetes. Na verdade, o voudou é uma religião afro-caribenha, que surgiu no Haiti, e que tem seguidores também na Jamaica, na República Dominicana ou no Brasil – e, claro, em várias zonas de África. As suas práticas vêm desde os tempos da escravatura, sobretudo em países como a Nigéria ou o Gana. E, apesar de a globalização ser cada vez mais uma realidade, há ainda muitos que continuam a ser fiéis ardentes, com crença absoluta nos poderes terapêuticos e mágicos destes produtos, e dos feiticeiros e curadores que os usam para chamar os espíritos e curar uma série de «males».
As partes dos corpos dos animais são desfeitas e conservadas, cada uma à sua maneira. Chegam a Lomé vindas de todos os cantos de África – tal como acontece com os clientes. Tudo ali se vende; e tudo se promete. Curar infertilidade, «chamar» dinheiro, evitar invejas, melhorar a saúde. Tudo é possível, segundo dizem no Akodessewa. Há gente que vem, aliás, de todo o mundo, para comprar material ou apenas para conhecer o ambiente deste mercado tão peculiar. E, para os mais interessados, há até visitas guiadas, feitas pelo responsável pelo voodoo.
Os ativistas pelos direitos dos animais querem encerrar este espaço, é certo. Mas ele mantém-se: a procura é muita e além disso não faltam turistas (ainda que perturbados pela experiência). E os vendedores dizem que para todos os visitantes há um produto ideal neste mercado. Basta procurá-lo. Fonte: Aqui