Presidente cessante John Mahama e Nana Akufo-Addo são os principais candidatos presidenciais. Na véspera, autoridades confirmaram a morte de um apoiante da oposição. Registaram-se também falhas no processo eleitoral.
Cerca de 15 milhões de eleitores são chamados a votar esta quarta-feira (7.12) nas eleições gerais para escolher o próximo Presidente e os membros do Parlamento do Gana. Na véspera do escrutínio, as autoridades confirmaram a morte de um apoiante do principal partido da oposição em confrontos à margem de um comício, na segunda-feira (5.12). Catorze pessoas ficaram feridas.
O Presidente cessante, John Mahama, que concorre a um segundo mandato, apelou à calma. No mês passado, a residência do seu principal rival, Nana Akufo-Addo, foi alegadamente atacada quando o candidato da oposição se encontrava na estrada, em campanha eleitoral. O seu partido, o Novo Partido Patriótico (NPP), afirma que esta foi uma tentativa de "criar uma atmosfera de medo no Gana”.
Os sete candidatos à presidência assinaram recentemente uma carta para assegurar a paz durante a votação, num país que é visto como um exemplo de estabilidade e democracia em África. Apesar dessa reputação, as tensões têm vindo a aumentar no Gana, onde a polícia identificou, este ano, cerca de 16 milícias. 11 estão localizadas em Tamale, a região onde a violência resultou numa vítima mortal, na segunda-feira. São acusadas de roubar urnas de voto e atacar opositores políticos nas últimas eleições no Gana.
Presidente cessante do Gana, John Mahama
Na véspera da votação, registaram-se também algumas falhas no processo eleitoral, como a falta de vários nomes nos cadernos eleitorais.
Um funcionário do Governo ouvido pela AFP admite que os problemas técnicos nas assembleias de voto podem impedir alguns eleitores de votar, "o que pode trazer violência e tensão”, especialmente na região de Tamale.
Eleição renhida
Os candidatos mais fortes na corrida à presidência, o atual chefe de Estado John Mahama e o líder da oposição Nana Akufo-Addo são antigos rivais, com estilos muito diferentes.
Durante a campanha eleitoral, Mahama, que fala haussa e várias línguas locais, conversou com mulheres nos mercados, dançou com os apoiantes, abriu novas escolas, prometeu progresso. Quer ser visto como o homem do povo, afirma Burkhardt Hellemann, diretor da Fundação alemã Konrad Adenauer em Accra. "É uma pessoa acessível. Sabe como conversar com as pessoas de uma maneira fácil de compreender. Assim, ganha pontos.”
John Mahama, de 57 anos, líder do Congresso Nacional Democrático, nasceu no norte do Gana, onde mantém um forte apoio. Subiu ao poder depois da morte do anterior Presidente John Atta Mills, em julho de 2012, e foi depois eleito em dezembro do mesmo ano.
Nana Akufo-Addo, candidato presidencial da oposição
O seu principal adversário, Nana Akufo-Addo, do Novo Partido Patriótico, já se candidatou duas vezes à presidência, em 2008 e 2012. O advogado, de 72 anos, já foi ministro da Justiça e dos Negócios Estrangeiros. Apesar da experiência política, Akufo-Addo peca pelas competências sociais, considera Burkhardt Hellemann, da Fundação alemã Konrad Adenauer, na capital ganesa.
"O problema foi que nas eleições de 2008 e 2012 ele era visto como um intelectual arrogante. O contacto com as pessoas era para ele muito difícil”, explica.
No entanto, Akufo-Addo é generoso nas promessas. Durante a campanha eleitoral prometeu a construção de um novo porto e instalações de armazenamento para as comunidades pesqueiras e a aposta na industrialização no país.
Tempo de mudança?
Akufo-Addo e John Mahama defrontaram-se nas anteriores eleições, em 2012, quando Mahama venceu com uma magra maioria. O resultado desta quarta-feira pode ser diferente, considera o Pastor Clement Adjei, que integra uma das missões de observação eleitoral: "Neste momento vive-se num clima em que a maioria dos ganeses quer mudança, muito por causa da má situação económica.”
Em 2011, a economia do Gana cresceu 14%. Mas, nos últimos anos, as taxas de crescimento diminuíram e o desemprego jovem tornou-se um problema. Segundo Clement Adjei, Akufo-Addo poderá beneficiar da sua promessa para combater a corrupção, "o problema principal da economia, para a maioria dos ganeses”.
A população acredita "que os membros do Governo são tão corruptos que os fundos públicos não são utilizados para benefício do povo”, explica o observador eleitoral. "Os slogans de campanha e a visão de Akufo-Addo são mais apelativos para as pessoas.”
Tanto Akufo-Addo como o Presidente John Mahama vêm de famílias influentes e abastadas e estudaram fora do país, antes de entrarem na arena política.
Em 1957, o Gana tornou-se o primeiro país africano a obter a independência do poder colonial europeu. Aos olhos da comunidade internacional, o país da África Ocidental tem uma conduta exemplar em termos de paz e democracia.