A capital alemã, Berlim, será palco da conferência sobre África do G20. As reuniões preparatórias para a cimeira, de 12 e 13 de junho, decorreram em clima positivo. Alemanha detém, este ano, a presidência do G20.
Por ocasião da sua passagem por Bruxelas onde participou nas jornadas europeias sobre o desenvolvimento, o Presidente do Senegal, Macky Sall, numa entrevista exclusiva concedida à DW (08.06) falou das perspetivas do seu país em relação à cimeira do G20 (grupo de potências económicas e países emergentes), presidida pela Alemanha.
DW África: No mês de julho, será realizada na Alemanha a cimeira do G20. África faz parte das prioridades da Alemanha através da sua parceria e um projeto chamado "Compact with Africa". Sr. Presidente, quais são as suas expetativas, as suas reivindicações e o que acha deste novo Programa Alemanha para o continente africano?
Macky Sall (MS): Antes de mais queria felicitar a senhora chanceler Merkel pela iniciativa de marcar o G20 na Alemanha pela "Compact with Africa". Este é um compromisso muito forte que deve ser colocado no seu contexto. Através da presidência alemã do G20, a chanceler quer desenvolver uma nova parceria com a África. E, de facto, ela convidou cinco chefes de Estados cujos países foram selecionados. Trata-se de um teste para que depois, à escala africana, possamos discutir com a chanceler sobre a compreensão e o conteúdo desta parceria. Porque quando falamos de parceria é algo que é compartilhado entre os parceiros. E nós, africanos, temos a nossa visão sobre o desenvolvimento, que na realidade não é assim tão diferente da chanceler Merkel e da Alemanha. Quando vemos as prioridades que foram identificadas, elas se encaixam perfeitamente nas nossas preocupações.
Macky Sall (MS): Antes de mais queria felicitar a senhora chanceler Merkel pela iniciativa de marcar o G20 na Alemanha pela "Compact with Africa". Este é um compromisso muito forte que deve ser colocado no seu contexto. Através da presidência alemã do G20, a chanceler quer desenvolver uma nova parceria com a África. E, de facto, ela convidou cinco chefes de Estados cujos países foram selecionados. Trata-se de um teste para que depois, à escala africana, possamos discutir com a chanceler sobre a compreensão e o conteúdo desta parceria. Porque quando falamos de parceria é algo que é compartilhado entre os parceiros. E nós, africanos, temos a nossa visão sobre o desenvolvimento, que na realidade não é assim tão diferente da chanceler Merkel e da Alemanha. Quando vemos as prioridades que foram identificadas, elas se encaixam perfeitamente nas nossas preocupações.
DW África: O senhor Presidente diz que o Senegal tem a mesma agenda que a Alemanha. Qual será o lugar do Senegal no seio deste G20 e que papel pensa finalmente ter?
MS: O Senegal enquanto país africano pensa levar para o encontro a sua visão de parceria. Há anos que temos vindo a defender uma parceria renovada com a União Europeia, com os nossos parceiros tradicionais, mas também com as novas potências emergentes. Isso quer dizer que a África precisa de ser considerada. E então como a ideia vem da senhora Merkel, uma ideia generosa, temos que ir para a reunião do G20 com um espírito positivo, uma vez que não se está a reivindicar nada, mas sim uma troca dos nossos pontos de vista sobre os mecanismos dessa cooperação.
MS: O Senegal enquanto país africano pensa levar para o encontro a sua visão de parceria. Há anos que temos vindo a defender uma parceria renovada com a União Europeia, com os nossos parceiros tradicionais, mas também com as novas potências emergentes. Isso quer dizer que a África precisa de ser considerada. E então como a ideia vem da senhora Merkel, uma ideia generosa, temos que ir para a reunião do G20 com um espírito positivo, uma vez que não se está a reivindicar nada, mas sim uma troca dos nossos pontos de vista sobre os mecanismos dessa cooperação.
Presidente do Senegal, Macky Sall, recebido em Berlim pela chanceler Angela Merkel (2014)
Será, certamente, a obtenção de consensos sobre a necessidade, em primeiro lugar, melhorar o ambiente de negócios, uma vez que irá permitir o desenvolvimento do investimento privado. Sabe-se muito bem que o investimento público não é suficiente para assegurar a base para o desenvolvimento e a descolagem económica de África. Por isso é imperativo combinar os investimentos públicos com os investimentos privados. No entanto, para atrair o investimento privado, deve ser melhorado o quadro legal do investimento, o Estado de direito, a justiça ... em suma, os investimentos privados e seguros para que as pessoas possam vir aos nossos países. Uma vez feito isso em todos os outros setores de desenvolvimento, nomeadamente, no domínio da energia, que também deve permanecer uma prioridade para a África, as infraestruturas poderão concorrer muito rapidamente para o surgimento de plataformas público-privadas que na verdade, irão dar resposta às necessidades de financiamento do continente.
DW África: Já existe no Senegal um projeto de destaque que pensa apresentar durante o G20, em Berlim?
MS: Estamos por enquanto na fase de formulação ...mas está claro que temos projetos já prontos que fazem parte do Plano Senegal Emergente (PSE), que não é mais do que o nosso programa económico de emergência e que definiu uma série de programas e projetos bem articulada tanto com infraestrutura de apoio a que impulsionam o crescimento e também que visam a criação de emprego, uma vez que queremos dar o trabalho aos jovens. Portanto, em todos esses programas temos projetos elaborados que poderão ser compartilhados na altura própria, tanto para o Senegal como para a África em geral através do programa de desenvolvimento de infraestruturas em África. Então, a partir dessa perspetiva, quando chegarmos à formulação ou à definição de projetos, seja público-público ou público-privado, é claro, que não é isso que irá faltar.
MS: Estamos por enquanto na fase de formulação ...mas está claro que temos projetos já prontos que fazem parte do Plano Senegal Emergente (PSE), que não é mais do que o nosso programa económico de emergência e que definiu uma série de programas e projetos bem articulada tanto com infraestrutura de apoio a que impulsionam o crescimento e também que visam a criação de emprego, uma vez que queremos dar o trabalho aos jovens. Portanto, em todos esses programas temos projetos elaborados que poderão ser compartilhados na altura própria, tanto para o Senegal como para a África em geral através do programa de desenvolvimento de infraestruturas em África. Então, a partir dessa perspetiva, quando chegarmos à formulação ou à definição de projetos, seja público-público ou público-privado, é claro, que não é isso que irá faltar.
DW: O senhor Presidente falou do emprego dos jovens. Quais são as suas expetativas em relação à Alemanha? Por exemplo, em termos de educação para os jovens?
MS: Primeiro de tudo, acredito que a Alemanha é um dos poucos países juntamente com a Suíça que tem um modelo de educação, diria mesmo de formação, que leva em conta a dimensão da profissão. Para os estudantes, qualquer que seja o nível académico, podem ter uma boa formação que lhes permite ter um trabalho decente. E é isso que está a faltar na maioria dos nossos países onde os sistemas, pelo contrário, são sistemas elitistas, onde as pessoas são formadas na generalidade. Hoje, são desenvolvidas formações generalistas para algumas categorias, dando ao mesmo tempo perspetivas à maioria dos estudantes, com orientações profissionais muito concretas. Aliás, neste âmbito, o Senegal já teve programas com a Suíça. Mas tenho certeza que com a Alemanha poderíamos beneficiar muito do modelo alemão de formação profissional. Em suma, acho que a África precisa olhar para este lado tal como o Senegal também. E estamos a mudar de paradigma em matéria de educação.
MS: Primeiro de tudo, acredito que a Alemanha é um dos poucos países juntamente com a Suíça que tem um modelo de educação, diria mesmo de formação, que leva em conta a dimensão da profissão. Para os estudantes, qualquer que seja o nível académico, podem ter uma boa formação que lhes permite ter um trabalho decente. E é isso que está a faltar na maioria dos nossos países onde os sistemas, pelo contrário, são sistemas elitistas, onde as pessoas são formadas na generalidade. Hoje, são desenvolvidas formações generalistas para algumas categorias, dando ao mesmo tempo perspetivas à maioria dos estudantes, com orientações profissionais muito concretas. Aliás, neste âmbito, o Senegal já teve programas com a Suíça. Mas tenho certeza que com a Alemanha poderíamos beneficiar muito do modelo alemão de formação profissional. Em suma, acho que a África precisa olhar para este lado tal como o Senegal também. E estamos a mudar de paradigma em matéria de educação.
Fonte: DW África