domingo, 25 de junho de 2017

PAIGC E OS SEUS INSULTOS ÀS NOSSAS INTELIGÊNCIAS

Sinceramente falando, por um instante, cheguei a achar que a ora terminada Convenção Nacional dos «libertadores» poderia significar aquilo que sempre apelei: afinar os motores do partido para os desafios de construir a Guiné-Bissau. O partido de Amílcar precisa(va) estar à altura da sua grandeza histórica; dos desafios que sempre o país o coloca e do (seu) compromisso para com o povo guineense por ele libertado e empobrecido.

Mas, infelizmente, cedo perdi a tal esperança. A forma seletiva como foram escolhidos os delegados e a não reintegração dos Camaradas expulsos e suspensos antes da convenção são elementos à priori, que levantam serias duvidas em relação aos reflexos positivos em curto, médio e longo prazo das resoluções da mesma. Não é meia verdade que é necessário unir a família PAIGC, quando falo da família PAIGC refiro-me a todos os militantes sem exceção, antes de qualquer ato político interno, as lições de Gabú e Cacheu poderiam ilustrar essa verdade; o PAIGC precisa de ações que o possa levar a costurar o seu rombo interno e não daqueles que o aumenta a cada dia que passa. Por isso, era sim, imperativo «pensar, para melhor agir». O PAIGC necessita na verdade de pensar, pensar sempre para melhor agir, como ensinou o ícone dos povos da África nas suas lutas pelas suas emancipações políticas, social e cultural, Camarada Amílcar Cabral.


Quanto as resoluções, a primeira impressão que tenho, é que o partido de Amílcar está mais falido do que nunca no que tange as massas cinzentas produtoras de ideias/opiniões sensatas. Propor, da parte dos delegados, que a revisão constitucional que se propõe deve “rever os pressupostos de exoneração do primeiro-ministro”, ou seja, a “exoneração do primeiro-ministro deve acarretar a queda do parlamento e consequentemente a convocação de eleições antecipadas” é, no mínimo, muito contra senso para não dizer estúpida. A resolução afirma ainda que a revisão constitucional deve “definir claramente o que se entende por grave crise política que põe em causa o normal funcionamento das instituições e alterar o processo de nomeação do Procurador-Geral da República”, numa clara exteriorização de frustração politica. Esta manifestação da ignorância democrática e do handicap de conviver com o pluralismo só vem deixar clara a impreparação política, quiçá mesmo, intelectual do PAIGC. Uma aberração, infelizmente! Mas, lembramos ao PAIGC que a atual constituição é puramente dele, só.

O PAIGC, com este debate, talvez sem querer, leva-nos ao seguinte entendimento: com a revisão constitucional nos termos propostos pelos libertadores, o parlamento passará a ser a emanação do governo e não o contrário, como até aqui vigora. Ou seja, a eleição legislativa passará para a «eleição governativa», ou melhor dizendo, que passaremos a escolher nas urnas os Ministros e os Secretários de Estado e a formação de bancadas parlamentar passarão o obedecer a proporcionalidade dos votos obtidos em função dos números de ministérios e secretárias de Estado ganho por cada partido. Em outras palavras, digamos a inversão estúpida da pirâmide existente.

Tenho para mim, convictamente que, o que o PAIGC quer propor e que talvez tenha medo é o princípio do sufrágio direto do Primeiro-ministro. Não me surpreende esse debate minimalista, mas o que me deixa chocado é o constante insulto às nossas inteligências.