Bissau, 09 Jun 17 (ANG) – A reitora da Universidade Amílcar Cabral (UAC) garantiu hoje o inicio da oferta formativa na área de licenciatura em tecnologias da informação e comunicação ainda este ano.
Zaida Pereira fez estas afirmações numa entrevista exclusiva à ANG, em que indicou que, para o efeito já traçaram um plano a curto, médio e longo prazo, tendo salientado que ainda este ano vai-se realizar exames de acesso para o ano preparatório.
“Volto a sublinhar que não se trata de Engenharia Informática. Estamos a falar da formação no sector das Tecnologias de Informação e Comunicação “,precisou.
A reitora da UAC disse que antes de abrirem os cursos de formação, tentaram perceber que condições tinham para tal, tendo frisado que se tivessem melhores condições abririam mais de um curso.
Para Zaida Pereira, as condições normais de funcionamento seriam no caso da Universidade Amílcar Cabral, uma instituição em restruturação, ter os estatutos, regulamentos orgânicos ou seja ter toda a estrutura sobre a qual assenta a universidade e que vai permitir o funcionamento normal dos cursos.
“Depois disso passamos para a fase mais difícil e complexa que é a contratação do corpo docente, saber quem são, que formação têm, quem vai os pagar uma vez que a UAC não tem financiamento, nem orçamento para tal, muito menos a implementação do estatuto da carreia docente universitária”, disse a reitora universitária.
Pereira disse compreender a ansiedade ou até certo ponto a frustração do público, mas é bom que fiquem a saber que abrir um curso, tem muito mais implicações do que redigir um plano curricular.
A reitora da UAC disse que, de ponto de vista da instituição pública universitária, há um desconhecimento, não só no meio do público estudantil, mas também das próprias instituições do governo, que desconhecem completamente o trabalho da universidade, salientando que há muito trabalho a fazer junto dos organismos governamentais para lhes explicar o que é uma organização pública de ensino superior.
Questionado das garantias do Ministro da Educação de que a UAC iria funcionar ainda este ano, Zaida Pereira frisou que a vontade política não é, muita das vezes, acompanhada de actos e atitudes, dando o exemplo do interesse do Ministro das Finanças em ver a universidade a funcionar.
“Digo isso porque no passado mês de Março ele autorizou o desbloqueamento de um fundo de maneio para a Universidade Amílcar Cabral num valor a rondar os quarenta milhões de francos CFA que a instituição pediu desde o ano 2016, o que, mesmo com autorização do actual ministro das finanças, não foi dado à Universidade”, afirmou.
Pereira disse ainda que mesmo vendo a vontade política para retoma da UAC, a burocracia e o desconhecimento do que é uma instituição universitária em restruturação faz com que as coisas não funcionem na sua normalidade, frisando que o problema não esta em abrir mais cursos, mas sim em como mantê-los até ao fim.
“Pergunto, como é que uma instituição em restruturação pode dar ao luxo de abrir os cursos pensando cobrir todas as suas despesas só com as propinas dos alunos, uma vez que a família guineense, na sua maioria, não tem condições de manter os estudos dos seus filhos”, referiu Zaida Pereira.
Desde o relançamento da UAC em 2012, segundo a Reitora, o corpo da reitoria passou quatro anos a funcionar numa só sala emprestado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), e só em Dezembro de 2015 é que se mudou para as instalações da universidade, sem móveis.
A docente universitária apela ao Governo a conhecer melhor o seu trabalho porque, segundo ela, há parceiros com disposição para colaborar com a UAC :casos de Brasil, Portugal, Senegal entre outros.
ANG/MSC/SG