Dois homens foram detidos pela polícia moçambicana quando tentavam vender ossadas de uma criança albina por quatro milhões de meticais.
Diversas crenças associam diferentes partes do corpo de albinos a poderes sobrenaturais, motivando agressões e outros crimes
Os dois homens, de 30 e 40 anos, foram detidos na quarta-feira em Chimoio, depois de exumarem o corpo e retirarem toda a ossada de uma criança albina de um cemitério tradicional na província da Zambézia, disse à Lusa, Elcidia Filipe, porta-voz da Policia de Manica.
Os dois suspeitos transportaram-na num saco para a província de Manica, onde deveria ser feita a transacção.
“Foram detidos no centro da cidade e um terceiro fugiu quando iam concluir o negócio da venda“, precisou Elcidia Filipe, adiantando que continuam as investigações sobre os mandantes e compradores da ossada.
Os familiares da criança albina, denunciaram a violação da sepultura na Zambézia o que levou a Polícia a iniciar a investigação.
Os dois detidos confirmaram os factos “e disseram que a ossada seria vendida por um valor de quatro milhões de meticais”, cerca de 50 mil euros, declarou Elcidia Filipe.
Os ataques a pessoas portadoras de albinismo em Moçambique haviam abrandado, segundo dados da associação que trabalha em defesa do grupo.
De acordo com o relatório anual da Procuradoria-Geral da República de Moçambique, apresentado em Abril, em 2016 foram movimentados 19 processos relacionados com casos de tráfico humano dos quais sete tinham como vítimas cidadãos com albinismo.
Em 2015, dos 38 processos de tráfico humano movimentados pela justiça moçambicana, 15 tinham relação com albinos, dos quais 10 foram tiveram a acusação formalizada, três foram arquivados e dois estão ainda em instrução nos tribunais.
Um número indeterminado de casos não chega sequer à justiça.
O rapto, perseguição e assassinato de pessoas albinas em Moçambique é motivado por crenças e superstições, segundo as quais essas pessoas são fonte de riqueza.