[REPORTAGEM] A Igreja Católica, através da Organização Não Governamental – Caritas de Bafatá, abriu uma escola de formação média em agricultura para jovens do sector de Buba, região de Quínara, sul da Guiné-Bissau. O Centro do Ensino e Formação Agrícola (CEFA) inaugurado em novembro do ano passado conta nesta primeira fase com 65 estudantes que ocupam duas salas de aulas, cada com mais de 30 estudantes.
A escola agrícola de Buba é um edifício com a estrutura em “U”, o bloco da direcção está no centro. A escola conta com dez salas, das quais seis para aulas, uma de informática. E dispõe ainda de salas para os laboratórios de química, geologia e biologia.
Conta igualmente com um salão de reuniões e uma sala onde estão guardados equipamentos do sistema da energia solar. O Centro foi construido no perímetro da missão católica daquela pequena cidade. Tem ainda um campo de cultivo para as aulas práticas. A eletricidade é fornecida por um conjunto de equipamentos solares com capacidade para trabalhar 24 horas/24 horas.
CEFA – PERSPECTIVA FORMAR PRIMEIROS TÉCNICOS EM AGRICULTA EM TRÊS ANOS
O director do Centro do Ensino e Formação Agrícola (CEFA), Padre Admir Isnaba Pereira Tamba, explicou durante a entrevista ao repórter do semanário “O Democrata” que o projeto de abertura de uma escola agrícola na Guiné-Bissau é da Fundação “Fé e Cooperação” submetido ao Instituto Camões, que por sua vez foi procurar o financiamento junto a União Europeia.
“Inicialmente a escola devia ser construída na região de Bafatá, mas a Caritas de Bafatá e a Missão Católica de Buba, juntamente com o Bispo de Bafatá, depois de uma reflexão profunda, chegaram à conclusão que era importante transferir a escola para a cidade de Buba, dado que a província sul oferece melhores condições para a prática do curso de agricultura. É por isso que se decidiu construir o centro aqui, com o intuito de dar oportunidade aos jovens para se formarem nesta área a fim de poderem ajudar na melhoria de atividade agrícola nas respectivas aldeias”, espelhou.
Informou ainda que as aulas iniciaram em novembro do ano passado, tendo avançado que o curso tem uma duração prevista de três anos. Acrescentou neste particular que o curso é tecnico profissional. Os alunos estudam as disciplinas convencionais à semelhança de qualquer liceu (escola do ensino secundário), mas contam também com as cadeiras de agricultura.
“A equivalência é da 10ª à 12ª classe, ou seja, três anos de curso. O estudante, depois de terminar o curso, se quiser pode seguir para o superior em qualquer universidade, porque sairá bem formado”, notou para depois recordar que os estudantes passaram por um exame de admissão onde foram selecionados aqueles que tiveram melhores classificações.
Quanto a selecção de professores, disse que a nível de disciplinas convencionais contam com os professores do liceu local. Sublinhou que a maior dificuldade que tiveram era de conseguir professores para as cadeiras de agricultura.
“Lançamos o concurso através dos meios da comunicação social, mas não houve reação e até estávamos muitos preocupados com isso. Graças a Deus, já conseguimos! É uma engenheira que está aqui a trabalhar num projeto. A professora que conseguimos vai trabalhar com uma equipa. Neste primeiro ano do curso estão a fazer o estudo sobre o solo. Foi neste quadro que os alunos tiveram algumas aulas com um engenheiro agrónomo italiano que trabalha em Bula”, espelhou.
Adiantou que o currículo escolar relativo à agricultura é feito por um especialista agrónomo italiano, tendo garantido que a primeira parte da matéria já está no centro e resta a segunda parte, que deverá chegará brevemente.
“Estamos a contar com a ajuda de um instituto brasileiro que tem vindo apoiar o liceu do sector de Empada. Alguns responsáveis daquele instituto estiveram aqui e demostraram uma total abertura para apoiar a escola, através do contacto que fizeram com uma universidade brasileira que igualmente mostrou-se disponível para nos apoiar a partir do próximo ano”, disse.
Sobre as aulas práticas, assegurou que o centro tem um campo agrícola. Além disso, terão aulas práticas nos campos das associações apoiadas pelo “Projeto Ativa” nos diferentes sectores das regiões de Quínara e Tombali. Lembrou que já passaram num dos campos de uma associação de produtores, na aldeia de Colibuia, setor de Quebo, região de Tombali.
Padre Admir Tamba recordou durante a entrevista que no âmbito do ‘Projeto Activa’, as 30 associações apoiadas pelo projeto nos diferentes sectores beneficiarão de 16 tratores e motocultivadores para facilitar os seus trabalhos.
“O projeto trabalha com os seus agentes no terreno para controlar os equipamentos nas diferentes aldeias”, esclareceu.
O director do centro aproveitou a ocasião para encorajar os jovens a aderirem ao curso no próximo ano, dado que existem condições para se formar como técnico do curso médio de agricultura. Afirmou que actividade principal do país é a agricultura. Segundo ele, está a ser praticado de uma forma rudimentar e que a escola foi aberta para formar técnicos que amanhã ajudarão na mecanização de agricultura.
Por: Assana Sambú
Foto: AS