O Partido da Renovação Social (PRS) em colaboração com os familiares do malogrado presidente rendeu homenagem ao falecido Chefe de Estado, Koumba Yalá, através da cerimónia tradicional de “toca-choro – ritual de evocação a figura do defunto” que decorreu de 24 a 26 de abril em curso na vila de Pukon.
A terra natal de defunto presidente, Pukon, que dista 40 quilómetros da capital Bissau, foi inundada por milhares de pessoas vindas de diferentes partes do país para assistir a cerimónia mais importante da etnia balanta, realizada em homenagem ao defunto.
Conforme as normas da etnia balanta, membros da família, amigos e conhecidos mais próximos do defunto podem sacrificar um animal e de preferência um bovino, mas também pode ser uma cabra ou também um porco, em memôria do defunto. Este acto serve para demostrar a lealdade para com o falecido, querendo dizer com isso que mesmo na morte, o amor mantém-se.
A cerimónia de toca-choro transformou-se igualmente num acto político, dado que registou-se a presença de líderes políticos de diferentes formações políticas, como também do conselheiro especial do Chefe de Estado da Guiné-Bissau.
Nhanca é considerado por observadores políticos como um líder carismático da etnia balanta, a segunda etnia mais numerosa do país, segundo os dados do censo de 2010.
NAMBEIA: “VAMOS TRABALHAR DIA E NOITE PARA UNIR A FAMÍLIA GUINEENSE”
O presidente do Partido da Renovação Social, Alberto N’ Bunhe Nambeia, disse na sua declaração a’O DEMOCRATA que está muito satisfeito pela homenagem que a fimília renovadora e o povo da Guiné-Bissau rendeu ao líder fundador do PRS. Lembrou ainda que o defunto Presidente deixou-lhes muitos ensinamentos, sobretudo aconselhava-lhes sempre a terem o amor a pátria, ou seja, para pôr o interesse do povo acima dos interesses particulares.
“Se pretendemos mandar ou guiar o destino do povo guineense, então não devemos castigá-lo, mas sim, sacrificarmo-nos para o seu bem-estar. Koumba sempre pediu-nos no sentido de trabalharmos para unir o povo. É isso que estamos a fazer e vamos trabalhar dia e noite para unir a família guineense”, assinalou o político, que entretanto, advertiu ainda que só através da união é que o povo guineense pode organizar-se para lutar contra o subdesenvolvimento.
Solicitado a pronunciar-se sobre a presença de líderes políticos de outras formações políticas na cerimónia de homenagem ao Koumba Yalá e particularmente da delegação do PAIGC, Nambeia afirmou que a sua formação política considera o “PAIGC como um irmão”. Acrescentou neste particular que os libertadores deixaram os interesses partidários de lado e decidiram juntar-se a eles para homenegear o espírito de Yalá, que de acordo com ele, fora o militante do PAIGC.
CARLOS CORREIA: “KOUMBA É UM HOMEM QUE SERVIU O PAÍS E O POVO GUINEENSE”
Para o segundo vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Carlos Correia, o seu partido tomou a iniciativa de se juntar ao família renovadora para render homenagem ao seu líder carismático, dado que é um “homem que serviu igualmente o país e o povo guineense”.
“Koumba deixou muitos ensinamentos aos seus seguidores. É através deste ensinamentos que os dois partidos decidiram se juntar para governar o povo guineense. Vamos continuar unir para guiar o destino do povo da Guiné-Bissau durante os quatro anos do mandato, porque chegamos a conclusão que só unidos é que podemos trabalhar para desenvolver o país”, notou o político.
Indagado sobre até que ponto os dois partidos estão dispostos a levar a coligação que se regista no momento, respondeu que estão dispostos a avançar com a coligação e governar o país até ao fim da legislatura, mas sobretudo se continuarem a entenderem-se que o interesse do povo guineense se sobrepõe aos seus interesses e irão continuar unidos para dirigir o país.
“Koumba Yalá é uma pessoa que deu a sua contribuição não só para a libertação da nossa terra, mas também para o seu desenvolvimento e progresso”, afirmou o vice-presidente dos libertadores.
BRAIMA CAMARÁ: “KOUMBA FOI EMBAIXADOR DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO”
O Conselheiro Especial do Presidente da República da Guiné-Bissau, Braima Camará, afirmou na sua declaração a’O Democrata que “Koumba foi embaixador da democracia e da liberdade de expressão na Guiné-Bissau”. Acrescentou ainda que a delegação que chefia tomou parte na cerimónia em representação de Presidente da República, José Mário Vaz.
Assegurou ainda que o felecido Presidente foi sempre um cidadão de povo que deu a sua contribuição para o desenvolvimento do país. Frisou ainda que “o Chefe de Estado, José Mário Vaz, afirmou-nos que qualquer coisa que se faça é pouco para compensar a contribuição dada pelo falecido Presidente, sobretudo para que a democracia se tornasse numa realidade no país”.
De referir que Koumba Yalá faleceu aos 61 anos de idade, no dia 04 de Abril de 2014. Yalá foi líder do PRS desde a sua fundação até ao congresso de 2012, quando declarou que afastaria da política activa. Foi neste congresso realizado em Dezembro, que Alberto Nambeia conseguiu ganhar a confiança dos militantes dos renovadores para dirigir o partido.
Por: Rafaela Iussufi Quetá