terça-feira, 28 de abril de 2015

RELATÓRIO ECONÓMICO DE ÁFRICA DIZ QUE CONTINENTE DEVE INDUSTRIALIZAR-SE ATRAVÉS DO COMÉRCIO

O Relatório Económico de África (ERA) para 2015, com o título «Industrializar Através do Comércio», foca-se na industrialização e nas transformações estruturais.

Na apresentação do relatório estiveram presentes Ekow Spio-Garbrah, ministro da Indústria e do Comércio do Gana, e Arkebe Oqubay, ministro e conselheiro do primeiro-ministro da Etiópia. O evento decorreu durante a conferência dos ministros das Finanças e do Desenvolvimento Económico africano, em Adis Abeba. Na ocasião, Ekow Spio-Garbrah destacou a análise aprofundada e as recomendações deixadas.
 
Explicou que «África precisa de se focar no comércio transfronteiriço, e deve investir na sua cadeia de valor». Pediu por isso aos políticos do continente que transformem as recomendações do ERA em ações. Arkebe Oqubay também elogiou o relatório, e deixou um conselho: «Precisamos de nos focar em três questões para nos envolvermos no mercado global. Um, melhorar e aprofundar as exportações. Dois, assegurar que o comércio doméstico é integrado.
 
Três, ter cuidado com o investimento excessivo no setor dos serviços quando a manufatura continua em queda». As opiniões de ambos foram partilhadas por Abdalla Hamdok, secretário executivo da Comissão Económica para África (ECA), que destacou a importância de encarar o desafio de se estar na base da cadeia de valor. «Há provas empíricas de relações bidirecionais entre a industrialização e o comércio.
 
É importante direcionar as políticas comerciais para os objetivos de desenvolvimento nacionais e ser seletivo em setores específicos, já que este é um processo de elevados custos». Hamdok indicou também que o comércio pode inverter o rumo da industrialização. Nesta apresentação, os peritos analisaram o atual panorama do crescimento em África, bem como as perspetivas e os desafios que se colocam. Adam Elhiraika, diretor da divisão de macroeconomia da ECA, abordou na ocasião alguns factos relacionados: «As perspetivas de crescimento de África mantêm-se positivas, apesar dos «ventos fortes e contrários», com o aumento do consumo privado e o investimento a serem os motores do crescimento em 2015.
 
Os atuais défices nas contas deverão manter-se altos, levando a alguns défices comerciais e a um aumento da procura por bens capitais. A inflação estável apoia o desempenho económico de África, esperando-se que caia dos 6,9% em 2015 para os 6,7% em 2016. As entradas de capital privado deverão manter-se fortes em 2015, graças a um clima de negócios melhorado e às perspetivas de lucros». No entanto, ressalvou que «as estratégias inovadoras para mobilizar recursos domésticos e externos são necessárias para colmatar as falhas internas».
 
Alguns dos desafios que África enfrentará a médio prazo prendem-se com o abrandamento dos preços do petróleo e das commodities, a retoma mais lenta nos países em desenvolvimento, as políticas monetárias globais mais fechadas, os choques económicos e a instabilidade política. «No entanto, os fundamentos latentes para o crescimento a longo prazo mantêm-se robustos.
 
Para assegurar um desempenho económico resistente através da industrialização, o continente deve adotar estratégias de desenvolvimento sociais que estejam de acordo com a expansão dos serviços modernos e dos setores industriais», concluiu Elhiraika. Por seu turno, Stephen Karingi, diretor para a Integração Regional e da Divisão de Comércio da ECA, explicou que o comércio pode ser uma ferramenta para promover o desenvolvimento industrial e a transformação estrutural. «Uma industrialização induzida pelo comércio e bem-sucedida deverá ser interativa e coerente relativamente à estratégia de desenvolvimento do país», sublinhou. Acrescentou que «as empresas africanas parecem estar cada vez mais ligadas às cadeias de valor globais, mas estão sobretudo confinadas às atividades de menor rendimento, com adição de valor limitada.
 
A possibilidade de cadeias de valor globais apoiarem a transformação estrutural está, por isso, largamente subaproveitada, particularmente no que toca às cadeias de valor regionais e ao comércio intra-africano». Concluindo, Arkebe Oqubay disse que, «no que concerne a alcançar a transformação estrutural, financiar o desenvolvimento é um ponto crítico. Para exemplos específicos basta olhar para a atual experiência etíope – sobretudo para a prática do Banco de Desenvolvimento da Etiópia». O ministro finalizou a sua intervenção sugerindo a formação de uma aliança para enfrentar a «injusta organização do comércio mundial» e renegociar os vários parâmetros. Fonte: Aqui