Ponto a reter: Alguns elementos dos rebeldes de Casamansa fixaram as suas residências na cidade de Farim (sede da Região de Oio)
Fonte: odemocratagb.com
Os setores de Bissorã e Nhacra são as que constituem maior preocupação aos agentes de segurança da Região de Oio. Casos de furtos e agressões físicas espelham o convívio diário dos habitantes daquelas duas localidades.
A Região de Oio é a mais populosa da Guiné-Bissau, exceto o Setor Autônomo de Bissau (SAB). Situada a norte do país, faz fronteira com a República do Senegal, Oio possui uma população estimada em 215. 259 habitantes (duzentas e quinze mil duzentas cinquenta e nove), segundo os dados recolhidos junto às autoridades regionais e do último censo.
Apesar de muitas limitações em termos de equipamentos de trabalho que o pessoal de segurança de Oio enfrenta, as autoridades consideram de normal o seu funcionamento para ajudar na proteção das pessoas e dos seus bens.
No setor de Farim, a situação é diferente, mas não a melhor, porque nas tabancas arredores, que fazem fronteira com a vizinha Senegal, um grupo de cidadãos não identificados até ao momento da realização desta reportagem, atacam os guineenses que frequentam aquela zona fronteiriça. E roubaram-lhes dinheiro, objetos ou produtos que possuem.
De acordo com as informações disponíveis e a que “O Democrata” teve acesso, tudo indica que o referido grupo de assaltantes usou máscaras para disfarçar as suas verdadeiras identidades, sendo essa técnica um dos motivos de sobrevivência dos bandos em causa. Tal fato faz com que as autoridades nacionais não tenham conseguido capturar ou desmantelar até então esses larápios, autores de vários roubos naquela área.
Está patente nas informações recolhidas pela nossa reportagem, a vontade das autoridades de Oio em montar uma estratégia com vista a desmantelar aquela rede de malfeitores, que aproveitam as matas para se esconderem, e montarem emboscadas aos transeuntes.
O grupo de bandidos realiza as suas operações de forma aleatória e mudando sempre de área e de táctica, dando longas pausas entre os ataques a fim de distrair as pessoas, iludindo-as que os roubos terminaram. Mas sempre acabam por regressar em máxima força com roubos e até espancamentos aos cidadãos que tentam resistir.
TÁXI ENVOLVIDO NO FURTO DE 17 CABRAS EM CUNTIMA
Recentemente, na cidade de Farim, foi apreendida uma viatura de marca Mercedes Benz 190 (Taxi), que se deslocou com um grupo de ladrões, com objetivo de roubar cabras, na localidade de Cuntima, onde já tinham furtado 15 (quinze) cabras nas duas anteriores deslocações que efetuaram aquela aldeia com o mesmo veículo. Na primeira ida levaram 10 (dez), na segunda levaram cinco (5) bovinos e na terceira tentativa foram pegados com duas cabras no porta-malas do taxi.
Os ladrões foram conduzidos a esquadra policial de Farim, juntamente com a viatura, onde permaneceram alguns dias, a espera da transferência do processo para a justiça.
Na sede regional registam-se mais os pequenos atritos entre vizinhos, agressões físicas, mas ligeiras e insultos. São os casos que sempre chegam às mãos das autoridades locais para a sua resolução pacífica. Os roubos e furtos são razoáveis. Ultimamente não tem havido dados sobre furtos e assaltos a mão armada, mas os ladrões de cabras e gado bovino existem.
No que tange ao gado bovino, Farim regista furtos, mas na sua maioria são ladrões provenientes da República do Senegal.
Quando roubam no Senegal, as autoridades senegalesas solicitam a colaboração da parte guineense no sentido de descobrir os bandidos que aproveitam o território nacional para esconderijo. Os magarefes da área de Farim sempre auxiliam as autoridades de segurança a localizar o gado furtado no Senegal.
Voltando ao grupo de bandidos ainda por identificar, até esta data desconhece-se a sua identidade e nacionalidade. Ainda no passado mês de Março tiraram a um homem na localidade de Farincó, um valor de sessenta e cinco mil francos (65.000) CFA.
De acordo com as explicações do nosso interlocutor, a vítima afirmou que os agressores conhecem-no bem, porque resistiu e tentou arrancar a máscara do rosto de um dos assaltantes, mas como eram muitos, bateram-lhe deixando-o com alguns ferimentos e até rasgaram-lhe a roupa toda, antes de o abandonarem no local do ataque e se dirigirem para o mato.
As forças armadas, a Polícia da Ordem Pública e o Comando da Guarda Nacional no setor de Farim estão reunidos em volta de um único objetivo, que é descobrir que são os malfeitores que já desgraçaram muita gente naquela zona.
“O Democrata” soube que essa coligação das forças de defesa e segurança visa, primeiramente, estudar a situação e desenhar uma estratégia com vista a descobrir e estancar os crimes do gênero, elevando assim o nível de segurança das pessoas que circulam na zona onde os bandidos executam as suas operações, principalmente nas tabancas, no corredor Dungal /Cuntima. Atos do gênero já ocorreram mais de cinco vezes.
ELEMENTOS DOS REBELDES DE CASAMANSA RESIDEM EM FARIM
Alguns elementos dos rebeldes de Casamansa fixaram as suas residências na cidade de Farim (sede da Região de Oio), mas, pelo menos, deixaram de incomodar os populares como faziam anteriormente, quando roubavam gado, cabras, objetos e demais bens da população.
O ato mais marcante dos últimos tempos foi o incidente entre o então ministro da administração interna, Botche Candé, com um grupo de rebeldes de Casamansa há mais de um ano.
Numa conversa com um cidadão nacional em Farim que também confirmou a presença e até a residência de alguns rebeldes de Casamansa na cidade “Din Din Bancó”, Terra de Juventude em português, mas o nosso interlocutor confessou que às vezes torna-se difícil identificá-los, por serem de pele escuras como nós.
A Região de Oio possui menos de vinte efetivos ligados ao serviço de informação do Estado.
A esquadra local conta com menos de dez policias, incluindo três efetivos e os restantes são jovens recrutados localmente, como auxiliares, para manter a segurança de uma população estimada em cerca de cinquenta mil habitantes.
A corporação da polícia local conta com uma viatura mono cabine, enquanto a estrutura da segurança do Estado na região não possui nem se quer uma bicicleta para realizar os seus trabalhos. A empresa GB Mineral que realiza a prospecção para futura exploração do fosfato em Farim e outras organizações que operam no setor por vezes cedem as suas viaturas, mas é a corporação de segurança que custeia as despesas do motorista, custando a diária cinco mil francos CFA mais o combustível.
A população de Farim está a colaborar com os agentes de segurança na denúncia de atos ilícitos. Recentemente um ladrão de cabra foi descoberto, graças à envolvência da população que prontamente denunciaram o ato às autoridades de segurança, depois de tomarem conhecimento daquele ato que vai contra os princípios de uma boa convivência.
Os agentes da polícia detiveram o gatuno no porto de Farim. Na altura da denúncia estavam atracadas muitas canoas e a barcaça. O meliante confessou o furto na polícia e algumas horas depois o dono da cabra apareceu na esquadra policial para recuperar o seu cabrito.
Por: Sene Camará
Fotos: Marcelo N’canha Na Ritche