domingo, 29 de maio de 2016

PAPEL FABRICADO A PARTIR DE FEZES DE ELEFANTE É NEGÓCIO LUCRATIVO E DE QUALIDADE

O queniano John Matano descobriu uma forma de aproveitar as fezes dos elefantes e ganhar dinheiro com isso. Este empresário, de 58 anos, usa esta matéria orgânica para produzir papel.
 
«Perguntam-me sempre o papel de fezes de elefante tem qualidade. A resposta é sim – sem dúvida», garante à BBC Matano, que hoje emprega 42 pessoas na sua empresa e tem um lucro anual de 23 mil dólares.
 
Para manter uma fonte de produção contínua, o empreendedor é um forte defensor da preservação dos elefantes.
 
Apesar de algumas pessoas acharem estranho pensar que as fezes de um elefante possam converter-se em papel, esta é na verdade uma indústria crescente no Quénia. Atualmente, 17 empresas estão neste negócio «peculiar», de acordo com os números oficiais. A maior parte delas está concentrada no santuário de Mwaluganje, uma zona de proteção de elefantes de 36 quilómetros quadrados, a 45 quilómetros de Mombasa.
 
Esta indústria teve início com um projeto-piloto em 1994. No entanto, foi só uma década mais tarde que o seu produto final começou a ser comercializado por agricultores locais, como Matano.
 
Por muitas gerações os habitantes da região conviveram com os elefantes, que viviam na reserva estatal de National Shimba Hills. Os animais invadiam as propriedades e destruíam os cultivos, o que gerava conflitos graves entre as pessoas e os animais. Para preservar a espécie, foi criado o santuário Mwaluganje, em 1993, junto à reserva nacional, tanto para proteger os elefantes como para ajudar os cerca de 200 agricultores locais (o projeto tem financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional e da britânica Born Free Foundation).
 
A ideia era que os agricultores da região recebessem uma parte do lucro do santuário com turismo, para os compensar pela destruição de cultivos pelos elefantes. Além disso, o santuário procurava estimular os agricultores a explorarem novas fontes de receitas, como a apicultura e a venda de fezes de elefante na cadeia de produção de papel.
 
Como se faz este papel?
 
Segundo Matano diz à BBC, é «fácil» fabricar papel a partir desta matéria. Primeiro, é preciso lavar as fezes, que estão cheias de ervas e outras fibras vegetais decompostas no sistema digestivo do animal. «Depois, ferve-se a fibra por quatro horas, para garantir a sua limpeza. E a maior parte do processo restante é parecida com o fabrico de papel normal (de madeira)», explica.
 
«Um elefante médio consome 250 quilos de comida por dia. A partir dessa quantidade são produzidos 50 quilos de fezes, que podem originar 125 folhas de papel de tamanho carta», diz ainda o empresário, que garante que tanto o preço quanto a qualidade do produto são similares aos do papel normal, com a vantagem de o método alternativo ajudar a reduzir o desmatamento. «Isto previne a destruição de árvores nativas em florestas da região», diz Matano, que já tem escritórios da sua empresa em Mombasa e na capital, Nairobi.
 
«O negócio é estável e tem um futuro promissor. E é importante para que a caça (de animais selvagens) e a exportação ilegal de madeira se reduzam, até acabarem», sublinha Matano.
 
Fonte: Aqui