segunda-feira, 22 de agosto de 2016

BAFATÁ NO TOPO DE NOVAS INFECÇÕES PELO VÍRUS SIDA

Diretor-clínico do hospital regional, Zito Sambú
A Região de Bafatá apresenta um número preocupante de novos casos de doenças sexualmente transmissíveis. A revelação é do diretor-clínico do hospital regional, Zito Sambú, numa entrevista ao jornal “O Democrata”.

Sambú considera que Região de Bafatá sempre foi recordista no que se refere às doenças sexualmente transmissíveis, facto pelo qual apelou aos jovens daquela região a adoptarem comportamentos sexuais seguros e aceitáveis na sociedade, usando preservativos sempre que se envolvem em atos sexuais com pessoas cujo estado serológico não conhecem.

“É muito importante utilizar preservativos, quando vamos envolvermo-nos com pessoas cujo estado serológico não conhecemos, se não o vírus da SIDA continuará a ceifar vidas de jovens desta Região. Se isto continuar assim, o quê do futuro dos jovens desta região?”, questionou Zito Sambú. Lamenta, no entanto que as pessoas infectadas recusem prosseguir com os tratamentos, invocando a má reação aos antirretrovirais.
As patologias mais frequentes neste período da chuva no hospital regional de Bafatá são as infecções respiratórias altas e baixas. O paludismo também apresenta um número elevado de crianças e adultos infetados.
As doenças diarreicas agudas constituem igualmente preocupação dos profissionais de saúde de Bafatá. Segundo Zito Sambú, muitos casos de diarreias chegam a num estado crítico, ou seja, numa desidratação avançada.
Na maternidade, aquele centro de referência regional recebe muitos casos de anemias severas e sangramentos.
Na pediatria, a equipa de médicos sem fronteiras assume a logística, desde a alimentação e medicamentos, dando certa qualidade àquele serviço. Nos restantes serviços, são os familiares que colaboram na compra de medicamentos para o tratamento dos pacientes.
O Hospital Regional de Bafatá tem falta de pessoal técnico para atender as demandas de uma população estimada em duzentos e vinte e cinco mil e quinhentos e dezesseis (225.516) habitantes, de acordo com o censo de 2009. É composto por sete sectores, designadamente Bafatá capital regional, Bambadinca, Contuboel, Sonaco, Xitole, Galomaro e Gãmamudo.
O centro conta com sete médicos ativos com ligação ao ministério de saúde, quatro contratados pela equipa dos médicos sem fronteiras e seis expatriados, totalizando dezessete médicos. Na altura da nossa reportagem os responsáveis não tinham disponível o número dos enfermeiros e do resto dos funcionários.
Instado a pronunciar-se sobre o hábito das pessoas ficarem com os seus doentes em casa até que o paciente entre em estado crítico para depois levá-lo ao hospital, Zito Sambú aconselha os populares da região a apostarem na procura o mais cedo possível os centros de saúde, acrescentando que na medicina quanto mais cedo formos ao médico, melhor.
“Quanto mais cedo descobrimos uma doença e começarmos os tratamentos de maneira mais oportuna possível, melhor para nós. Mas isso não tem acontecido, fato que leva a chegada dos doentes num estado muito degradado, obrigando os familiares a gastarem mais dinheiro no seu tratamento e aumentando a sua permanência no hospital”, frisou Sambú.
O serviço de assistência social presta ajudas pontuais aos pacientes carenciados.
As crianças representam o maior casos dos pacientes em estado crítico que dão entrada no hospital pela demora dos pais e encarregados de educação em levá-las ao hospital. Mas também quando as gravidas tentam dar à luz em casa, isso obriga-as a chegarem num estado crítico, em alguns casos com sangramentos.
Solicitado a pronunciar-se sobre o nível patológico das doenças diarreicas que já deram entrada no centro de Bafatá, Sambú considera os casos de normais neste período das chuvas, porque na época chuvosa as condições ambientais são favoráveis às doenças relacionadas, sobretudo ao consumo de águas inadequadas ou não potável.
No que tange a falta de pessoal, Zito Sambú sublinha que o maior problema que os centros sanitários do país enfrentam tem a ver com a insuficiência dos profissionais, além de os que já se encontram no sistema precisarem de elevar os seus níveis de conhecimento.
“Os enfermeiros, por exemplo, são aqueles que ficam mais tempo ao lado dos doentes, por isso, precisam ser em número elevado para responderem às demandas. Se não houver um número adequado, a produtividade tende a ser péssima, porque o profissional precisa de repousar e nesse caso ser substituído por outro profissional”, notou.
Zito prometeu solicitar junto das autoridades sanitárias, o aumento do número do pessoal em todos os serviços do centro.
O hospital regional de Bafatá tem limitações em fazer funcionar seu serviço de Raio-X devido a falta de um técnico que se ocupe de examinar os doentes . Às vezes, os casos de luxações e fraturas de ossos são evacuados para Bissau, porque o pessoal técnico que cuida do Raio-X trabalha apenas aos sábados, em regime de contratado.
Como constatou a nossa reportagem numa manhã de sábado, muita gente afluiu ao hospital em busca  dos serviços de raio-x.
O Hospital de Bafatá conta apenas com um anestesista e não tem instrumentista, obrigando muitas vezes a paragem do serviço de bloco operatório. Ainda tem falta de pessoal de laboratório que conta com número reduzido de técnicos, obrigando os pacientes a iniciarem os exames num dia e a recepção dos resultados para o dia seguinte.
Por: Alcene Sidibé/Sene Camará