terça-feira, 23 de agosto de 2016

INVESTIMENTO CHINÊS EM ÁFRICA PODE SUBIR MAIS DE 250% NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS

Chefe do ECA explicou que africanos têm financiado empresas chinesas com empréstimos a instituições financeiras internacionais; responsável disse que investimento e parcerias devem substituir era marcada por trocas comerciais.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

África vai entrar numa nova etapa de cooperação com a China, em que o país deverá potenciar o investimento e associar as atuais trocas comerciais.

As declarações são do secretário executivo da Comissão Económica da ONU para África, ECA. Falando à Rádio ONU, de Adis Abeba, Carlos Lopes disse que mais de 250% de investimento chinês devem ser canalizados ao continente no próximo triénio.

Empréstimos

"Três quartos das infraestruturas que envolvem empresas chinesas são financiados pelos próprios africanos, que pedem empréstimos a instituições financeiras internacionais. Portanto, não é dinheiro chinês mas são companhias chinesas a ganhar concursos. Também porque há uma presença da China na área comercial e isso acaba por financiar o relacionamento político dos países com a China. Eu acho que nós estamos a entrar numa etapa do relacionamento com a China, onde o país vai investir muito mais do que investiu até agora. O total de stock de investimento deles é a volta de US$ 23 bilhões e eles vão agora, só nos próximos três anos, investir mais US$ 60 bilhões."

Perceções

A China já envolveu mais de US$  220 biliões de intercâmbios comerciais com África, de acordo com o secretário executivo.

Lopes disse que esse facto torna o país asiático "de longe o principal ator comercial" de África.  Mas destaca haver perceções que ainda devem ser esclarecidas.

"Os investimentos chineses estavam em sexto lugar no ranking dos investimentos para África e o conjunto dos investimentos chineses ao longo do tempo representavam o equivalente ao que os chineses investem num ano na Europa. Portando, ainda é muito pequeno e pouco significativo para a própria China, são cerca de 4,5% do total chinês."

O especialista considera que a "nova etapa de investimento e parceria" será um período de substituição das trocas comerciais, que até agora "foram o principal interesse chinês" no continente africano.