Chefe do ECA explicou que africanos têm financiado empresas chinesas com empréstimos a instituições financeiras internacionais; responsável disse que investimento e parcerias devem substituir era marcada por trocas comerciais.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
África vai entrar numa nova etapa de cooperação com a China, em que o país deverá potenciar o investimento e associar as atuais trocas comerciais.
As declarações são do secretário executivo da Comissão Económica da ONU para África, ECA. Falando à Rádio ONU, de Adis Abeba, Carlos Lopes disse que mais de 250% de investimento chinês devem ser canalizados ao continente no próximo triénio.
Empréstimos
"Três quartos das infraestruturas que envolvem empresas chinesas são financiados pelos próprios africanos, que pedem empréstimos a instituições financeiras internacionais. Portanto, não é dinheiro chinês mas são companhias chinesas a ganhar concursos. Também porque há uma presença da China na área comercial e isso acaba por financiar o relacionamento político dos países com a China. Eu acho que nós estamos a entrar numa etapa do relacionamento com a China, onde o país vai investir muito mais do que investiu até agora. O total de stock de investimento deles é a volta de US$ 23 bilhões e eles vão agora, só nos próximos três anos, investir mais US$ 60 bilhões."
Perceções
A China já envolveu mais de US$ 220 biliões de intercâmbios comerciais com África, de acordo com o secretário executivo.
Lopes disse que esse facto torna o país asiático "de longe o principal ator comercial" de África. Mas destaca haver perceções que ainda devem ser esclarecidas.
"Os investimentos chineses estavam em sexto lugar no ranking dos investimentos para África e o conjunto dos investimentos chineses ao longo do tempo representavam o equivalente ao que os chineses investem num ano na Europa. Portando, ainda é muito pequeno e pouco significativo para a própria China, são cerca de 4,5% do total chinês."
O especialista considera que a "nova etapa de investimento e parceria" será um período de substituição das trocas comerciais, que até agora "foram o principal interesse chinês" no continente africano.