quarta-feira, 31 de agosto de 2016

CPLP E GUINÉ-BISSAU PREOCUPADOS COM SAÍDA DA MISSÃO DA ONU DO PAÍS

Lusa, 30 Ago, 2016 - Os representantes da Guiné-Bissau e da CPLP disseram hoje no Conselho de Segurança, em Nova Iorque, estar preocupados com a eventual saída da ONU no final do mandato que termina em fevereiro de 2017.
 
"Estamos muito preocupados com a notícia de que depois deste ano a missão vai deixar a Guiné-Bissau", disse a diplomata Maria Lopes D'Alva, que representou o país africano no encontro.
 
O mais recente relatório do secretário-geral da ONU sobre a situação na Guiné-Bissau foi esta terça-feira apresentado aos membros do Conselho de Segurança pelo novo Representante Especial, o maliano Modibo Ibrahim Touré, que substituiu o são-tomense Miguel Trovoada.
 
Lopes D'Alva disse, no entanto, que os responsáveis políticos guineenses esperam que, "por essa altura, o país tenha encontrado uma forma de caminhar sozinho para garantir a paz e que os militares, que se têm mantido fora da cena política, assim se mantenham."
A Comunidade dos Países de Língua e Expressão Portuguesa (CPLP) foi representada pelo diplomata de Timor-Leste Júlio Freitas no encontro.
 
"Estamos muito preocupados com os efeitos prejudiciais de uma eventual saída do ECOMIB antes da situação de segurança estar garantida e pedimos aos parceiros internacionais que estudem formas para continuar a apoiar a paz e o desenvolvimento na Guiné-Bissau", disse Júlio Freitas.
 
O representante disse que os efeitos da crise política no país "já se fazem sentir, sobretudo no sistema de educação e saúde e na privação económica dos guineenses."
 
"Estamos muito preocupados de que [esta situação] possa escalar para tensões sociais", acrescentou o timorense.
 
A representante da Guiné-Bissau disse ainda que a ajuda internacional "para aliviar as imediatas dificuldades socioeconómicas é muito importante e muito necessária neste momento."
 
"Sabemos que a concretização dos compromissos da Ronda Internacional de Dadores pode estar a espera de um ambiente político facilitador no país, mas a população em sofrimento não pode esperar", concluiu Maria Lopes D'Alva
 
No geral, o relatório hoje apresentado defende que "o inicial mas significativo progresso feito na Guiné-Bissau após as eleições de 2014, através da formação de um governo legítimo, inclusivo e democrático, foi amplamente revertido" nos últimos 12 meses.
 
A Guiné-Bissau atravessa uma crise política sem que os dois principais partidos do país, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS), consigam chegar a acordo para marcar uma data para a continuação dos trabalhos parlamentares e debater o programa de Governo.
 
O documento garante que "três mudanças sucessivas de governo e um prolongado período de paralisia política enfraqueceram ainda mais as instituições do estado", explica que "a implementação de reformas chave nos setores da defesa, segurança e justiça foi suspensa" e que "a prestação de serviços básicos foi negativamente afetada."
 
O relatório fornece ainda uma atualização sobre os principais acontecimentos políticos, de segurança, direitos humanos, e desenvolvimentos na área socioeconómica e humanitária na Guiné-Bissau desde o seu relatório mais recente, de 12 de fevereiro de 2016.

AYS // EL