Abidjan - A ex-primeira dama da Côte D'ivoire, Simone Gbagbo, voltou esta quarta-feira, em Abidjan, a estar ausente ao seu julgamento por crimes contra a humanidade, um dia após os desentendimentos entre a mesma e o presidente do tribunal que lhe enviou uma intimação, noticiou a AFP.
O juiz declarou ter instruído o oficial de diligências a intimar Simone Gbagbo à comparecer quinta-feira ao julgamento.
"Condene-me se quiser, mas parem de me fatigar, isto é baixeza, o facto de ser juiz não lhe dá o direito de fazer o que quer (...). Não lhe admito falar-me desta maneira”, insurgiu-se a ré.
Tudo começou quando o tribunal rejeitou o insistente pedido da defesa de Simone Gbabo, exigindo a comparência em tribunal de várias personalidades ligadas à crise ivoiriense, das quais o actual presidente da Assembleia nacional e antigo chefe rebelde, Guillaume Soro, o antigo Primeiro-ministro, Jeannot Kouadio Ahoussou, o ex- ministro Charles Koffi Diby e o antigo chefe do Exército, general Philippe Mangou.
O procurador Aly Yéo prometeu informar o bastonário da Ordem dos advogados sobre a ocorrência, prometendo colocar outros defensores à disposição do tribunal, para prosseguir com o julgamento, caso os de Simone Gbabo não compareçam.
Simone Gbagbo é julgada desde 31 de Maio último, devido ao seu presumível envolvimento no bombardeamento sobre o mercado de Abobo, um bairro favorável ao actual presidente Alassane Ouattara, o adversário do seu marido na eleição presidencial de Novembro de 2010, e pela sua participação numa célula que organizava ataques levadas a cabo por milícias e por membros das Forças armadas pró-governamentais.
Os crimes foram cometidos aquando da crise pós-eleitoral de 2010-2011, que causou mais de três mil mortos, em cinco meses de guerra civil.
Simone Gbagbo cumpre já uma pena de 20 anos de prisão, pronunciada em 2015, por "atentado à segurança do Estado". Fonte: Aqui