terça-feira, 29 de julho de 2014

SALÁRIOS EM ATRASO NA FUNÇÃO PÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU VÃO SER PAGOS ATÉ MEADOS DE AGOSTO

Bissau, 29 jul (Lusa) - O ministro das Finanças da Guiné-Bissau, Geraldo Martins, anunciou hoje que os quatro meses de salários em atraso na função pública deverão ser pagos em todos os setores do Estado até meados de agosto.

"Há duas semanas foi pago junho e março, na semana passada começou a ser pago abril, esta semana é pago julho e no princípio de agosto vai ser pago o mês de maio. Assim, colocamos os salários em dia", explicou o governante.

Geraldo Martins falava durante uma conferência de imprensa conjunta em Bissau com Maurício Villafuerte, chefe de uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que visitou o país durante sete dias.

A liquidação dos salários em atraso foi destacada na avaliação feita pelo FMI sobre a atual situação do país, poucas semanas após a tomada de posse do Governo eleito que reatou as relações internacionais, ao substituir os órgãos que tinham tomado o poder após o golpe de Estado de 2012.

O FMI acredita que o novo Executivo vai conseguir conquistar a confiança dos parceiros internacionais para assegurar financiamento.

De acordo com o ministro das Finanças e Economia, a regularização de salários abrange todos os setores do Estado, incluindo as embaixadas guineenses - sendo que neste caso há uma "pequena diferença" na data de pagamento devido aos procedimentos envolvidos.

No que respeita a professores e profissionais de saúde, estão a ser pagos "no quadro de um projeto financiado pelo Banco Mundial" e tem havido "perturbações", admitiu Geraldo Martins.
"Vamos trabalhar esta semana com essa estrutura. A ideia é que também possam ser pagos até final de julho", sublinhou.

Confrontado com o facto de a maioria dos funcionários públicos não ganhar mais que 50 euros por mês, um valor considerado insuficiente para suportar o custo de vida, o governante remeteu a possibilidade de aumentos salariais para depois de 2015.

Primeiro, "temos que fazer o trabalho de casa", ou seja, encontrar fontes de receita.
"Em 2014 e 2015 provavelmente não estaremos em condições de falar de aumento salarial. É preferível estarmos a pagar tal como estão hoje do que aumentarmos e não termos condições de os pagar", referiu.

"Não podemos pensar em aumentar as despesas se não há sequer receita para pagar as despesas atuais", acrescentou Maurício Villafuerte.

O FMI anunciou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau deverá crescer 2,7% em 2014, ou seja, nove vezes mais que em 2013 - em que a taxa foi de 0,3%.

A contribuir para o crescimento está a melhoria dos preços de exportação do caju e o reatar das relações do Estado com os parceiros internacionais. LFO // EL