O troço de 106
quilómetros entre o posto Administrativo de Muxunguè, distrito de Chibabava na
província de Sofala e a Vila Franca de Save, no distrito de Govuro província de
Inhambane tornou-se a zona mais temida de se circular no país dado aos
confrontos entre as forças governamentais e os homens armados da Renamo.
Oficialmente, não se
conhece ainda o número de civis, forças governamentais e homens armados da
Renamo que morreram nos vários confrontos que já tiveram lugar ao longo desta
zona, embora o líder da “Perdiz”, Afonso
Dhlakama aquando da sua última teleconferência sobre a detenção de António
Muchanga tenha falado de cinco mil militares tombados.
A nossa reportagem, traz
em exclusivo a descrição de uma viagem arriscada, diga-se de passagem, feita
entre o Rio Save e Muxunguè e vice-versa:
Ambiente no Save
Há pessoas que pernoitam
no Save a espera da coluna no dia seguinte para atravessar o “troço perigoso”.
Passam por enormes dificuldades, desde a alimentação ate acomodação.
O preço de serviços e
produtos disparou no Save. Um prato de comida que compreende ¼ de frango com
batata ou arroz custa entre 100 a 140 meticais. A cerveja ronda entre 50 a 60
meticais e o refresco entre 20 a 35 meticais.
Para tomar banho paga-se
trinta meticais. O “aliviar-se” das “necessidades maiores” custa 20 meticais e
“menores” 10 aos bolsos do “aflito”.
As pessoas aproveitam
desenvolver outro tipo de negócios. As mães vendem em mesas improvisadas chá e
sandes de ovo, o que e’ bastante concorrido.
Ai, o sexo comercial
também começa a ganhar espaço. Raparigas residentes nas proximidades,
aproveitam os “aflitos” pela viagem mas com vontade de satisfazer as suas
necessidades biológicas, para serem os seus clientes preferidos. O sexo
comercial custa no Muxungue entre 100 a 300 meticais, dependendo das
negociações entre as partes interessadas.
O autor destas linhas
para conseguir informação sólida sobre o sexo comercial, fez-se passar por
cliente, tendo conversado com três trabalhadoras de sexo, com idades
compreendidas entre 16 a 21 anos de idade que confessaram ser bastante
lucrativa a actividade naquele ponto, sendo os seus principais clientes
camionistas que ali pernoitam.
Antes da partida:
As viaturas passam por
uma forte fiscalização pela equipa-conjunta das Alfandegas, Policia de
Transito, Força de Intervenção Rápida, Policia de Protecção, Serviços de
Actividades Económicas, PRM e FIR. Aqui procura-se saber da legalidade das
viaturas, identificação dos ocupantes e os conteúdos a serem transportados.
Vasculham-se as viaturas. Carnes e frutas não passam no rio Save.
Pontualmente as dez horas
chegava a coluna de viaturas escoltada por militares na vila Franca de Save,
ido de Muxungue de onde partira as 07:25 minutos.
As viaturas vão sendo
arrumadas na coluna com orientação das forças governamentais. Viaturas pesadas
(camiões com ou sem reboque) ficam em frente e as viaturas ligeiras atrás.
Aqui, os militares passam
de viatura em viatura a pedir: “qualquer coisa que tiver boss, estamos mal
aqui. Fome boss”. Fonte: Aqui