A partir da conquista de Ceuta em 1415, o império colonial português espalhou-se ao mundo dominando um vasto número de territórios. A exploração pelos portugueses da costa africana começou em 1419. Dizia-se que o objetivo era encontrar uma rota marítima para o lucrativo comércio de especiarias do Oriente.
Hoje, os portugueses voltam a dobrar o “Cabo da Boa Esperança” em direção ao Oriente. No próximo dia 23 de Julho, decorrerá em Dili (Timor-Leste) a X Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sob o tema “A CPLP e a Globalização”.
Ora, até aqui, sabemos que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde estão integrados os países como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau ,Moçambique, Portugal São Tomé e Príncipe e Timor Leste, é definida como o foro multilateral privilegiado para o aprofundamento de amizade mútua, da concertação política e cooperação entre os seus membros, particularmente nos domínios económico, social, cultural, jurídico, técnico-científico e interparlamentar. Não é uma claque de apoiantes de um clube desportivo. A CPLP tem como “rivais e concorrentes”, no mundo, não as nações que a integram, mas, sim, as que são membros, por exemplo, da “Commonwealth” (também conhecida como “Comunidade das Nações” (Commonwealth of Nations), da “Francofonia”, etc., para quem tem de se ombrear tendo em vista a promoção da “língua comum”.
A “Comunidade das Nações” é uma organização composta por 55 países independentes que, com a exceção de Moçambique e Ruanda, compartilham laços históricos com oReino Unido. A rainha Isabel II do Reino Unido é a chefe da organização. O seu principal objetivo é a cooperação internacional no âmbito político e económico, e desde 1950, ficou claro que a entrada na organização não implica submissão alguma à Coroa britânica. A Organização Internacional da Francofonia (OIF), também conhecida como Francofonia, à partida de uma instância de cooperação técnica, tornou-se ao longo do tempo uma organização internacional com ambições mais políticas, tomando uma organização que visa promover a língua francesa e as relações de cooperação entre os 77 Estados-Membros ou observadores. O Secretário-Geral da Francofonia, pedra angular do sistema, é desde 2003 o Sr. Abdou Diouf, antigo Presidente da República do Senegal.
O elo linguístico comum da CPLP é decretado pelo novo Bartolomeu Dias, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Campos Ferreira, essencialmente, como “(…) uma comunidade de língua e valores portugueses, de valores de proteção e troca de experiências, de valores culturais, de história em comum, de afetos, mas também de trocas económicas e comerciais, de cooperação no ensino e na saúde, é um espaço de partilha entre países que se gostam e querem construir um futuro conjunto". É uma definição atabalhoada, procurando escamotear a velha superstição ideológica salazarista de que os povos “indígenas” não tinham história. Os povos “civilizados” eram os portugueses. A história dos “povos indígenas” se definiriam a partir das “descobertas” coloniais portuguesas. Pretende o impostor Campos Ferreira, com esta trapalhada, ajustar “peças desiguais”, passar por cima das soberanias dos Estados, para (re) fundar a imagem salazarista do império.