O aumento do consumo potenciado pela classe média emergente, alinhado com o crescimento anual de cerca de 8%, poderá adicionar 1,1 mil milhões de dólares ao PIB africano até 2019, com a Etiópia, o Uganda e Moçambique entre os mercados com maior crescimento, e as grandes economias, como a Nigéria, a África do Sul, o Egito e Angola a manterem um desempenho muito positivo. As previsões são do estudo The Consumer Review 2014. África: Uma Visão do Século XXI da Deloitte.
Com as economias emergentes, tais como a China, a Índia e o Brasil, a demonstrarem sinais de abrandamento, o relatório revela que as empresas estão a olhar cada vez mais para os mercados africanos emergentes, de forma a compensar este facto. Prevê-se que, nos próximos cinco anos, 15 países africanos - nos quais se incluem Angola, Nigéria, Etiópia, Uganda, Tanzânia e Zâmbia – ultrapassem o nível de crescimento chinês.
Até ao momento, a história da economia africana tem estado focada nos recursos naturais e na exportação de matérias-primas. Em 2013, oito das 12 economias com maior crescimento já não dependiam diretamente do petróleo ou dos minérios. É expectável que, no futuro, sejam os consumidores a assumir o papel central, à medida que a procura doméstica for aumentando por via do aumento dos rendimentos e da urbanização. Esta transformação irá coincidir com o crescimento da classe média africana – uma população com um perfil mais optimista, integrada e consciente das marcas.
Ben Perkins, responsável global pela área de Consumer Business Research da Deloitte, refere que «a previsão é que, em 2030, mais de 500 milhões de africanos pertençam à classe média. A população será, também, maioritariamente jovem, com cerca de 680 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 60% da população, abaixo dos 25 anos. Estes jovens irão desempenhar um papel crítico no desenvolvimento económico do continente, não só porque irão querer um acesso mais abragente e a mais opções de alimentos, bens de consumo e entretenimento, mas também porque trarão uma mentalidade mais inovadora e empreendedora».
A população africana está a aglomerar-se nos grandes centros urbanos, e a urbanização será um impulsionador essencial para a atividade económica. Muitos centros urbanos irão atravessar as fronteiras dos países, ligando grandes populações e criando mercados consideráveis e novas oportunidades de comércio.
O estudo da Deloitte demonstra que há uma tendência transversal aos quatro mercados com maior crescimento em África: cerca de 25% dos consumidores jovens afirmaram uma forte preferência pela compra de marcas conhecidas, enquanto um em cada quatro afirmou poder comprar os últimos gadgets – o que aponta para a consciência e para um gosto por produtos de marca e topo de gama. Prevê-se igualmente que África terá 334 milhões de subscrições de smartphones até 2017, o que representa uma excelente oportunidade para os negócios de consumo no continente.
Rodger George, responsável de Consultoria da Deloitte na África Oriental, afirma que, «apesar dos vários desafios que África enfrenta a nível de infraestruturas, os africanos têm provado que estão dispostos a inovar. Por exemplo: demos o salto das infraestruturas de comunicação fixas, pobres ou inexistentes, diretamente para as comunicações móveis, tendo representado o maior crescimento do mundo nos últimos cinco anos. O Quénia é já um dos líderes mundiais em moeda eletrónica e o continente africano, como um todo, tem uma taxa de penetração de serviços móveis de cerca de 72%, e que deverá chegar aos 97% até 2017».
Apesar das significativas perspetivas de crescimento, a realidade africana continua a ser complexa e passível de risco. Há 54 países com diferentes mercados e desafios, e problemas como a má governação, a falta de infra-estruturas, a frágil situação em termos de segurança e processos logísticos pouco fiáveis podem tornar o planeamento estratégico difícil. A África Ocidental foi também objeto de preocupação no que diz respeito à propagação do ébola. No entanto, África está a progredir, e a difusão da democracia e a redução dos conflitos sugerem que a tendência dominante é positiva.
Ben Perkins conclui dizendo que «a nossa investigação demonstra que África não está a sofrer de uma baixa procura, mas sim de uma falta de oferta. Ainda assim, para poderem beneficiar (do crescimento), as empresas terão que estar preparadas para se envolver e para lidarem com os vários desafios a longo prazo, ao mesmo tempo que pesam os riscos e as possíveis recompensas».
«No entanto, onde há desafios, há também possíveis oportunidades para inovar. Dado o potencial de crescimento do continente africano, as oportunidades de negócio em África poderão superar os riscos, à medida que o continente se aproxima cada vez mais do seu pleno potencial económico», conclui Perkins. Fonte: Aqui