Lusa 19 Abr - Os ex-militares angolanos que reivindicam o pagamento de indemnizações e salários em atraso anunciaram hoje uma manifestação em Luanda, a 02 de maio, face à falta de garantias do Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
A informação foi anunciada no final de uma reunião destes ex-militares e ex-funcionários da Casa Militar da Presidência da República angolana, realizada hoje no Cazenga, arredores de Luanda, e que reuniu várias centenas destes elementos.
"Caso o camarada Presidente não nos receba durante a semana, no dia 02 de maio o pessoal vai sair à rua para reclamar os seus direitos. Esta manifestação não é de manifestantes, é de militares e se a polícia não tiver um comportamento adequado, nós também vamos reagir", advertiu, em declarações à Lusa, Mário Faustino, um dos elementos da organização da reunião de hoje.
Este encontro contou com a participação de três plataformas representativas de ex-militares não desmobilizados, militares desmobilizados e ex-funcionários da Casa Militar, que reclamam o pagamento de indemnizações e salários em atraso, desde 2010.
A este grupo juntar-se-á, numa reunião já agendada para quarta-feira, o apoio de ex-militares das forças armadas, através de outras duas organizações.
"Fomos postos na rua sem nada. Há retroativos, indemnizações e salários por pagar, apesar das promessas de vários generais, que não cumpriram. Agora queremos o contacto direto com o Presidente", afirmou Mário Faustino.
O pedido de autorização para a realização da manifestação de 02 maio vai dar entrada na terça-feira, no Governo Provincial de Luanda, tratando-se, acrescentou, de um "protesto pacífico".
"Os polícias que existem em Angola não têm mais técnica que os ex-militares. Nós não queremos que eles ajam com violência para nós também não partirmos para a violência, porque todo o pessoal está mesmo frustrado", disse ainda o porta-voz deste movimento.
A polícia angolana foi chamada a intervir, em junho de 2012, para travar uma outra manifestação do género em Luanda, convocada por ex-militares, tendo sido disparados tiros para o ar, alegando as autoridades que o protesto não estava autorizado.
Os ex-militares exigiam então o pagamento de subsídios, a integração na Caixa de Previdência e Segurança Social do Ministério da Defesa, em vez de continuarem inscritos nos serviços de segurança social dos Antigos Combatentes ou do regime geral, entre outras revindicações.
Essa manifestação ficou ainda marcada pelo rapto, na via pública, em Luanda, dos ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule, que tratavam da organização do protesto.
Os corpos nunca foram recuperados e o caso terminou com a condenação pelo tribunal, já em março último, de vários elementos da polícia e dos serviços secretos angolanos, com penas até 17 anos de prisão, pelos crimes de rapto e homicídio dos dois.