Maputo - O Governo moçambicano acusou a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, de ameaçar criar o seu próprio quartel-general, para o seu braço armado, em Muxúnguè, na província de Sofala, centro do país.
"Hoje fomos surpreendidos pela delegação da Renamo que, durante o diálogo, anunciou que vai estabelecer um quartel-general em Muxúnguè, se o Governo não aceitar as suas opiniões", afirmou, em conferência de imprensa na segunda-feira, o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, no final da ronda 100 das negociações com a Renamo sobre a situação política no país.
Pacheco, que é também ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, afirmou que a suposta ameaça da Renamo está enquadrada no tom que tem vindo a ser adoptado em comícios pelo líder do movimento, Afonso Dhlakama.
"Se a Renamo colocar em risco a integridade física dos moçambicanos e a soberania, as forças de defesa e segurança irão, como no passado, saber como se defenderem. O povo, unido do Rovuma ao Maputo, saberá como se defender", realçou o ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).
José Pacheco afirmou que a ronda negocial de segunda-feira foi infrutífera, uma vez que o Governo e a Renamo voltaram a divergir em relação ao ponto sobre a despartidarização do Estado, exigida pelo principal partido da oposição.
Reagindo às acusações do Governo moçambicano de que a Renamo ameaçou montar o seu próprio quartel-general, o chefe da delegação do movimento, Saimon Macuiana, afirmou que as declarações devem ser imputadas ao seu autor.
"As declarações do ministro Pacheco são da sua inteira responsabilidade", disse Macuiana.
As acusações à Renamo de estar a tentar montar o seu próprio quartel-general acontece num momento em que as duas partes trocam acusações sobre a movimentação de forças militares, no contexto da actual crise política desencadeada pela recusa do principal partido de oposição de aceitar a derrota nas eleições gerais de 15 de Outubro e da exigência do movimento de governar em seis das 11 províncias do país.
Na semana passada, o Governo acusou homens armados da Renamo de terem atacado um quartel do exército moçambicano no distrito de Guijá, província de Gaza, sul do país, sem provocar vítimas, mas o movimento devolveu a acusação, imputando ao exército a autoria da ofensiva. Fonte: Aqui