PADJADURIS TCHIU NA KI TERRA.
A célula Anti-Tráfico (CAAT) da Polícia Judiciária cabo-verdiana que opera no Aeroporto Internacional Nelson Mandela, Praia, está atenta a novas formas de recrutamento de “mulas” para o tráfico internacional de estupefacientes do Brasil para Cabo Verde e outros países da África e Europa. A preferência dos traficantes, em especial “da máfia nigeriana”, recaí sobretudo em jovens universitários, principalmente da Praia, em situação económica e financeira vulnerável, que aceitam ir àquele país da América do Sul para buscar a droga sob propostas que rondam até os três mil dólares (equivalente a 300 contos). Registados 16 casos de Janeiro a esta parte, a PJ pede aos pais para também estarem atentos.
Fonte da Polícia Judiciária informou ao asemanaonline que os estudantes universitários, principalmente da Praia, são recrutados pela organização criminosa e viajam para o Brasil. Lá recebem a droga (cocaína) e transportam-na para Cabo Verde, que é considerado "um ponto estratégico de passagem e de armazenamento de droga". E ainda para outros países africanos como a Guiné-Bissau, o Marrocos , a África do Sul e Gâmbia para além do continente Europeu.
“A maioria é detida nos aeroportos internacionais do Brasil, onde o controlo está mais apertado. Nos últimos meses, ou seja, de Janeiro a Setembro, a Célula Anti-Tráfico já interceptou cerca de 16 pessoas, sendo que a maioria possui nacionalidade cabo-verdiana, e apreendeu 11 quilos de cocaína pura”, revela na nossa fonte, realçando que “há outros estrangeiros em Cabo Verde que também servem de mulas”.
Porém, o nosso interlocutor diz que o que tem preocupado as autoridades cabo-verdianas é o aparecimento de novas formas de recrutamento desses jovens. Se num primeiro momento, as “mulas cabo-verdianas iam ao Brasil e traziam a droga em malas, nos últimos tempos, transportam-na estômago, pondo em risco a própria vida.
Um exemplo disso aconteceu há bem pouco tempo quando a CAAT deteve uma jovem universitária de 23 anos no Aeroporto Internacional Nelson Mandela, Praia, num dos voos da TACV Airlines, proveniente de Fortaleza-Brasil. Ela transportava mais de 900 gramas de cocaína no estômago. A preocupação da Polícia Judiciária, assevera a nossa fonte, vai no sentido de alertar a sociedade civil cabo-verdiana sobre esse fenómeno que já é do conhecimento de outros países, parceiros de Cabo Verde no combate ao tráfico transnacional de drogas.
“Pedimos sobretudo aos pais e encarregados de educação que neste momento têm filhos ou familiares a estudar nas universidades brasileiras para estarem atentos aos traficantes de droga, mais precisamente à máfia nigeriana, que estão a induzir os estudantes com fracos recursos a transportar drogas para Cabo Verde. Em troca oferecem a passagem aérea e uma recompensa monetária, caso conseguirem passar pelas autoridades aeroportuárias”.
A PJ avisa ainda aos pais para “aconselharem os filhos sobre determinadas amizades, a não receberem nem compartilharem bagagens com estranhos nos momentos de viagem. Devem, também, incutir neles os bons valores e educação”. asemana.publ.cv