Vinte mortos e dez viaturas destruídas é o balanço que a polícia moçambicana faz hoje à Lusa do incidente de sexta-feira envolvendo a comitiva do líder da Renamo na província de Manica, centro de Moçambique.
“O balanço que fazemos neste momento é de 20 óbitos, um civil morto e 19 militares da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], além de dez viaturas incendiadas “, disse à Lusa Armando Canhenze, comandante da polícia em Manica.
Este novo incidente aconteceu ao fim da manhã de sexta-feira, na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva do líder do maior partido de oposição seguia para Nampula, norte de Moçambique.
O líder da Renamo disse à Lusa que se tratou de uma emboscada, mas a polícia rebateu esta versão, sustentando que foi a comitiva de Dhlakama que provocou o incidente ao assassinar o motorista de um ‘chapa’ (carrinha de transporte semipúblico) que passava no local.
Armando Canhenze, que não forneceu detalhes sobre as circunstâncias das baixas da Renamo, disse hoje que a polícia está preocupada com a segurança de Dhlakama, que, segundo afirmou, se encontra em parte incerta.
“A operação continua, nós estamos preocupados com o líder da Renamo, que ainda está em parte incerta, talvez sem abrigo e a passar fome”, afirmou o comandante da polícia em Manica.
Em conferência de imprensa hoje à tarde, o porta-voz da Renamo disse que Afonso Dhlakama está bem, algures na província de Manica.
“Queremos dizer ao povo moçambicano que o presidente Dhlakama saiu são e livre, está em bom estado de saúde, moralmente preocupado com o caminho que nossos detratores escolheram para que fosse seguido no país”, declarou António Muchanga, que apenas confirmou sete mortos entre a comitiva da Renamo, quatro civis do seu “staff” e três militares da sua segurança, e dezenas entre as forças do Governo.
De acordo com o comandante da polícia de Manica, ao aperceber-se da troca de tiros, as populações que vivem nas proximidades abandonaram as suas casas, refugiando-se nas matas.
“Foi instalado um clima de medo na zona e as pessoas só saíram muitas horas depois, por volta das dez da noite”, afirmou, acrescentando que, indignadas com a situação, incendiaram oito carros abandonados pela Renamo, que, por sua vez, segundo a polícia, terá destruído duas viaturas civis.
Durante a madrugada, acrescentou Armando Canhenze, os automobilistas que pretendiam passar pela estrada foram escoltadas pela polícia, como forma de garantir a sua segurança, mas até ao início da manhã a situação já estava normalizada.
“O povo moçambicano conhece a guerra, tanto que logo que se apercebeu saiu da zona”, declarou o comandante da polícia em Manica.
Na conferência de imprensa de hoje, o porta-voz do maior partido de oposição afastou a autoria de disparos contra o semicolectivo, salientando que “não é prática da Renamo atacar civis”.
Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
Na altura, a Frelimo acusou por sua vez a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.
Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.
Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.
Fonte: Lusa, em Jornal de Noticias